Neurônios artificiais podem revolucionar a medicina

As estruturas imitam o comportamento, tamanho, uso de energia e capacidade de resposta a sinais químicos das células reais
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 01/10/2025 15h11
neuronios-1920x1080.png
Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Os neurônios são células do sistema nervoso responsáveis por receber, processar e transmitir informações na forma de sinais elétricos e químicos. É através deles que nós conseguimos pensar, sentir e até nos mover.

Por conta disso, a recente criação de estruturas artificiais com essas mesmas capacidades chama a atenção dos pesquisadores. Os responsáveis por esse trabalho são engenheiros da Universidade de Massachusetts (UMass) Amherst, dos Estados Unidos.

neurônios
Neurônios são fundamentais para o funcionamento do nosso organismo (Imagem: Kateryna Kon/Shutterstock)

Baixo consumo de energia é um diferencial

  • Em estudo publicado na revista Nature Communications, a equipe descreve o funcionamento dos neurônios artificiais.
  • Essas estruturas não apenas imitam o comportamento das células reais, mas também o tamanho, uso de energia, intensidade do sinal, tempo e capacidade de resposta a sinais químicos.
  • Isso foi possível graças ao uso de um resistor de memória feito usando nanofios de proteína de um micróbio.
  • Esta combinação permite o funcionamento em tensões muito baixas (cerca de 60 mV) e correntes minúsculas de energia (cerca de 1,7 nA), números comparáveis aos neurônios biológicos.
  • Para se ter uma ideia, as versões anteriores desta tecnologia usavam até 10 vezes mais voltagem e 100 vezes mais energia.

Leia mais

Ilustração de neurônios
Neurônios artificiais imitam comportamento das células reais (Imagem: ColiN00B/Pixabay)

Neurônios artificiais ainda precisam ser aperfeiçoados

Durante o trabalho, os cientistas conseguiram replicar as diferentes fases da atividade elétrica de um neurônio. Isso permitiu que as versões artificiais realizassem disparos, aprendessem e até respondessem a sinais químicos. Finalmente, eles conectaram o neurônio artificial a células cardíacas humanas reais (cardiomiócitos).

A equipe responsável pelo trabalho admite que se trata apenas de um protótipo em estágio inicial e ressalta que os experimentos foram conduzidos em ambientes controlados. Por conta disso, o sistema ainda não está pronto para ser testado dentro de um organismo vivo.

Telemedicina só chega a 10% dos municípios brasileiros
Estruturas artificiais podem ajudar a monitorar a saúde celular e as respostas aos medicamentos em tempo real (Imagem: Phanphen Kaewwannarat/iStock)

De qualquer forma, a descoberta representa um grande avanço na medicina. A esperança é que os neurônios artificiais possam ser utilizados no futuro para ajudar a reparar ou substituir circuitos cerebrais danificados e até para servir como sensores que monitoram a saúde celular e as respostas aos medicamentos em tempo real.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.