(Imagem: Danilo Oliveira/ImageFX)
Sabe aquele brilho suave no escuro que ainda aparece em relógios de pulso antigos? Pois é, por décadas quem fazia isso era um químico radioativo chamado promécio. Esse elemento, de símbolo químico Pm, isotopo mais usado sendo o Pm-147, funcionava junto com fósforo para iluminar ponteiros e marcadores do mostrador durante a noite ou na penumbra.
Era uma invenção brilhante: você olhava para a hora mesmo sem luz elétrica ou lanterna. Mas era um brilho com consequências. O promécio pertencia ao grupo de terras-raras, e a sua meia-vida relativamente curta (uns 2,6 anos para o Pm-147) significa que o efeito luminoso perdeu potência rápido, comparado com o rádio, por exemplo.
Ele foi usado como alternativa menos perigosa ao rádio nas décadas de 1950 e 1960, quando já se sabia que o rádio causava doenças graves. Indústrias relojoeiras adotaram o promécio para os “lumes” desses relógios, até que novas normas de segurança, o desgaste natural do material, legislação e o desenvolvimento de tintas fotoluminescentes seguras convencionais tornaram seu uso obsoleto.
A seguir, exploramos exatamente quando, por que se abandonou o promécio, quais riscos ele trazia, e por que hoje ele é mais peça de curiosidade do que de uso comercial.
Promécio é um elemento químico da tabela periódica, número atômico 61, parte de terras raras. Especificamente na versão radioativa Pm-147, ele emite partículas beta de baixa energia. Essas partículas excitavam fósforos aplicados no mostrador ou nos ponteiros, fazendo com que, ao escurecer, partes do relógio brilhassem.
Era uma melhoria sobre o rádio porque o promécio, apesar de radioativo, era bem menos agressivo em alguns termos de radiação emitida – sobretudo comparado ao rádio-226, que emite radiações mais penetrantes e possui meia-vida de centenas de anos.
O promécio começou a ser utilizado como tinta luminosa em relógios de pulso durante meados do século XX, especialmente nas décadas de 1950 e 1960, quando o uso do rádio começou a ser visto como perigoso e regulado. Ele durou um tempo relativamente breve como alternativa, porque sua meia-vida curta (≈2,6 anos para Pm-147) significa que o brilho decaía bastante em poucos anos.
Com o passar do tempo, até os fabricantes perceberam que o lume ficava fraco demais, precisavam reaplicar ou simplesmente os relógios envelheciam e perdiam função luminosa.
Vários fatores concorreram para o abandono do promécio nos relógios:
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Embora o promécio seja menos perigoso que o rádio, ele ainda traz riscos:
Hoje, relógios com promécio são raridades: peças de colecionador ou exemplares antigos que sobreviveram. O uso comercial foi abandonado há décadas; marcas como Seiko confirmam que o promécio não é mais usado em modelos modernos, e que a iluminação agora é feita por pigmentos fotoluminescentes ou materiais que armazenam luz natural.
Além disso, ao longo do tempo, a radioatividade residual do promécio decaiu muito: depois de cerca de 10 meias-vidas (~26 anos), quase toda sua radioatividade original se torna insignificante.
Em resumo, o promécio foi um “segredo radioativo” brilhante por um tempo, um substituto menos tóxico que o rádio para iluminar relógios de pulso, mas com sua cota de problemas. O decaimento rápido, os riscos para saúde em caso de quebra ou uso impróprio, somados à regulação e ao surgimento de alternativas mais seguras, fizeram com que ele fosse abandonado. Hoje esses relógios são mais peças de coleção curiosas do que objetos do dia-a-dia.
Esta post foi modificado pela última vez em 1 de outubro de 2025 20:09