Anvisa libera importação de antídoto para intoxicação por metanol

Pedido feito pelo Ministério da Saúde será viabilizado pela Organização Pan-Americana da Saúde com fabricante do Japão
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 05/10/2025 20h33
Mãos segurando dois copos de bebida
Em todo o país, são 14 casos confirmados e 181 em investigação (Imagem: Pawel Kacperek/iStock)
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação excepcional de 2,6 mil frascos de Fomepizol, usado como antídoto nos casos de intoxicação por metanol. O pedido foi feito pelo Ministério da Saúde e a importação será feita via Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), sendo 2,5 mil frascos adquiridos pelo governo federal e 100 frascos doados pelo fabricante, com entrega prevista até o final da próxima semana.

Até o momento, não há pedido de registro para esse medicamento no Brasil, segundo a agência. Por essa razão, o procedimento foi feito em caráter de excepcionalidade, seguindo regras de produtos sujeitos à vigilância sanitária que ainda não possuem registro. O fabricante tem sede no Japão e mantém estoque nos Estados Unidos.

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Entrega de antídotos está prevista para o final da próxima semana (Imagem: John Kevin/iStock)

O Fomepizol é uma das opções de tratamento para os casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas possivelmente adulteradas ou falsificadas. Em todo o país, são 14 casos confirmados e 181 em investigação.

Do total de registros, 162 são de São Paulo (14 confirmados e 148 em investigação). Há casos também em Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Paraná, Distrito Federal, Rondônia, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo e Piauí.

O caso é considerado suspeito quando o paciente, que ingeriu bebida alcoólica, apresenta a persistência ou piora de sintomas, como embriaguez persistente, desconforto gástrico e alteração visual, entre 12 e 24 horas após o consumo.

Trabalho conjunto 

  • A Anvisa participa da Sala de Situação instalada pelo Ministério da Saúde para acompanhar os casos e atua em diferentes frentes;
  • Na última semana, a agência consultou os principais reguladores estrangeiros a fim de verificar em quais países o medicamento está registrado e lançou um edital para identificar possíveis fornecedores de Fomepizol;
  • Além disso, publicou uma resolução com procedimentos temporários e emergenciais para a fabricação de álcool etílico injetável, destinado ao tratamento de intoxicação por metanol;
  • Até agora, foram identificadas 604 farmácias de manipulação aptas a produzir etanol farmacêutico, que serão preparadas para atender eventuais demandas.

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Governo criou Sala de Situação para monitorar casos de intoxicação por metanol
(Imagem: Ministério da Saúde)

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Aumentando o estoque de antídotos para o metanol

Neste sábado (4), o Ministério da Saúde fechou a compra de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico, que vão se somar às 4,3 mil unidades disponíveis em estoques do Sistema Único de Saúde (SUS) pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A distribuição dos insumos contempla Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

O Ministério da Saúde reforça que a administração deve ser feita exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico em um ambiente de saúde. “Seguimos a ciência e as orientações dos especialistas. O etanol farmacêutico e o fomepizol são tratamentos comprovados e reconhecidos pela comunidade médica internacional”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

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Ministro reforça que administração deve ser feita exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico (Imagem: Ministério da Saúde)

Ao mesmo tempo, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária mobilizou três unidades para reforçar a capacidade de diagnóstico, com análises imediatas: Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF), Laboratório Municipal de São Paulo e Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.