Brasil ganha segunda fábrica de mosquitos para combater dengue

Maior biofábrica do mundo foi inaugurada em Campinas (SP) pela Oxitec, que aguarda aprovação da Anvisa para iniciar operação
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 05/10/2025 21h00
Mão de uma pessoa isolada em um plástico
Fábrica é uma resposta direta ao apelo da Organização Mundial da Saúde por controle de vetores (Imagem: Divulgação/Oxitec)
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A maior e mais avançada fábrica de mosquitos do mundo é uma das grandes apostas para reduzir casos de dengue, zika e chikungunya não apenas no Brasil, mas em outros países endêmicos. A unidade construída pela empresa Oxitec foi inaugurada em Campinas (SP) com capacidade para fabricar mosquitos Wolbachia e Aedes do Bem em escala sem precedentes.

É uma resposta direta ao apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) por tecnologias inovadoras de controle de vetores, oferecendo uma proteção rápida, escalável e econômica. E vem num momento crucial de aumento da transmissão da dengue: no ano passado, o Brasil registrou 1.179 mortes por complicações da doença, um recorde, segundo o Ministério da Saúde.

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Complexo terá capacidade para fornecer até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana (Imagem: Divulgação/Oxitec)

“O Brasil sofreu surtos devastadores de dengue nos últimos anos: a urgência de ação nunca foi tão grande. Com o novo complexo da Oxitec em Campinas, estamos equipados para responder imediatamente aos planos de expansão da Wolbachia do Ministério da Saúde, garantindo que tecnologia possa chegar rapidamente a comunidades em todo o país, de forma econômica”, disse a Diretora Executiva da Oxitec Brasil, Natalia Verza Ferreira, à Agência Brasil.

Por dentro da fábrica contra dengue

  • O complexo terá capacidade para fornecer até 190 milhões de ovos de mosquitos com Wolbachia por semana, o suficiente para proteger até 100 milhões de pessoas anualmente;
  • A instalação também está fabricando os produtos da linha Aedes do Bem da Oxitec, um método capaz de reduzir as populações de mosquitos Aedes aegypti em comunidades urbanas em mais de 95%;
  • Ambas as tecnologias de controle biológico funcionam com a liberação de mosquitos em áreas urbanas;
  • O método Wolbachia foi projetado para grandes campanhas de saúde pública em áreas extensas, por meio de programas liderados por governos, enquanto o Aedes do bem foi projetado para intervenções direcionadas de supressão de mosquitos, que podem ser implementadas por qualquer pessoa, em pontos críticos e onde a redução de mosquitos que picam é uma prioridade.  

A tecnologia Wolbachia – na qual uma bactéria que ocorre naturalmente em muitos insetos reduz a capacidade do mosquito Aedes aegypti de transmitir dengue, zika e chikungunya – comprovou reduzir a transmissão da dengue em mais de 75% em projetos-piloto urbanos em grandes áreas. Ela foi formalmente reconhecida pela OMS e adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil como parte de seu Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD).

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Aedes do bem reduz as populações de mosquitos Aedes aegypti em comunidades urbanas em mais de 95% (Imagem: Divulgação/Oxitec)

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Referência mundial

Até então, o título de maior fábrica de mosquitos do mundo pertencia à Wolbito do Brasil, com capacidade de produção de 100 milhões de ovos por semana. Recentemente, a empresa fechou uma parceria com o Google para testar o uso de vans adaptadas com tecnologias criadas para a liberação de mosquitos, substituindo métodos manuais de soltura, como contamos aqui no Olhar Digital.

O método Wolbachia, desenvolvido na Austrália, não é uma exclusividade de grandes corporações. A Fiocruz vem liderando esforços na área há mais de dez anos, com projetos em municípios onde o número de casos de dengue é mais expressivo. Agora, a Oxitec aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar início à produção dos mosquitos.

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Tecnologia Wolbachia reduz a transmissão da dengue em mais de 75% (Imagem: Divulgação/Oxitec)

“Vamos discutir como regular essa questão. Estamos aqui enquanto Ministério dizendo que é uma das nossas prioridades, dos municípios e do órgão regulador independente. Temos todo o interesse para encontrar uma solução para que [a tecnologia] seja disponibilizada”, disse o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Dr. Fabiano Pimenta, no evento de inauguração. 

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.