95% dos projetos de IA falham. O que está errado não é a tecnologia

O desafio que temos pela frente não é apenas tecnológico. É cultural, estratégico e operacional
Bruno Capozzi05/10/2025 09h01
Capa - inteligência artificial
Capa - inteligência artificial Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock
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Por Tiago Amor, CEO da Lecom
Nos últimos anos, testemunhamos uma corrida global pela adoção da Inteligência Artificial. Plataformas, modelos e pilotos foram lançados com entusiasmo em todas as direções. O que não se esperava era o choque da realidade. 

Um levantamento recente do MIT analisou mais de 300 projetos corporativos de IA. O dado é incômodo: 95% deles não geraram impacto financeiro mensurável, apenas 5% capturaram valor real. Não por limitação da tecnologia, mas pela forma como foi aplicada. 

Em outras palavras: a IA não falhou. Nós falhamos. 

inteligência artificial
Nem sempre a IA é bem aplicada em novos projetos corporativos. (Créditos: WANAN YOSSINGKUM / iStock)

Onde erramos?

O erro mais comum foi tratar a IA como fim em si mesma, encaixando-a em qualquer área sem conexão com processos ou com as dores reais do negócio. 

Outros deslizes se repetem: 

  • Workflows frágeis, incapazes de sustentar o ganho prometido. 
  •  Objetivos de negócio mal definidos. 
  •  Investimentos em áreas mais “visíveis” (como marketing e vendas), quando o verdadeiro ROI estava no backoffice. 
  • O avanço da Shadow AI, quando equipes usam ferramentas por conta própria, sem governança ou visibilidade. 
  • No papel, parecia mágica. Na prática, desmoronou rápido. 
Imagem com mão de pessoa e mão de robô sobre teclado de notebook, como se humano e robô estivesse usando o computador juntos, com logomarca da OpenAI em cima da mão do robô para ilustrar conceito do Operator, novo agente de inteligência artificial da empresa
É preciso usar as novas tecnologias com um propósito claro. (Imagem: Gorodenkoff – Shutterstock / Montagem: Pedro Spadoni – Olhar Digital)

A pergunta que muda tudo

Diante desse cenário, a pergunta certa não é: “Qual modelo de IA devo usar?”. E sim: “Qual problema real do meu negócio a IA pode resolver e potencializar?”

Quando a tecnologia é usada sem propósito, o resultado é frustração. Quando ela é aplicada de forma estratégica, conectada aos processos da empresa, o resultado é transformação. 

O que precisamos aprender

Inovação não é correr atrás do hype. 

Inovação é saber onde a onda faz sentido para o seu negócio. 

Empresas que já colhem frutos estão entre os 5% que entenderam essa lógica: a IA não é protagonista isolada, mas parte de um ecossistema inteligente, no qual dados, automação e governança trabalham juntos para entregar valor real. 

Inovar com a IA é colocá-la dentro de um ecossistema maior. (Imagem: Sippapas somboonkarn/Shutterstock)

Empresas que já aprenderam a utilizar IA de modo estratégico

A Volkswagen conseguiu +156% de produtividade com automação de contratos no SAP; a JBS economizou 17 mil horas/ano com um agente inteligente para exportação de produtos; e o Itaú reduziu em 93% o tempo de atendimento ao integrar agentes inteligentes em sistemas legados. Esses exemplos comprovam que quando a IA é usada de forma integrada, os ganhos são concretos e de longo prazo. 

O futuro da IA nos negócios

O desafio que temos pela frente não é apenas tecnológico. É cultural, estratégico e operacional. É compreender que a IA, sozinha, não resolve nada. Mas quando alinhada a processos inteligentes, ela deixa de ser promessa e se torna motor de resultados concretos. 

É esse entendimento que vai separar quem cria valor de quem vira estatística. 

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.