Míssil chinês realmente interceptou meteoro? Entenda

Vídeo de um míssil da China atingindo um suposto meteoro viralizou na internet nos últimos meses; Conheça a verdade por trás desse caso
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 06/10/2025 19h25
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Vídeo de míssil chinês interceptando um suposto meteoro viralizou nas redes sociais. Saiba a verdade por trás desse caso. (Imagem: Divulgação / Orikron no X)
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Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (3) (que você confere aqui) divulgou a solução de diversos vídeos misterioso da internet, desde supostas gravações de OVNIs até casos sobrenaturais. Dentre eles, o míssil que a China teria lançado para interceptar um meteoro.

O divulgador científico Rafael Martins, mais conhecido como “O Astronauta Urbano”, desvendou o mistério por trás do vídeo do míssil chinês. Formado em Marketing, Martins hoje se dedica a investigar casos curiosos da internet e a divulgar novidades científicas — especialmente de astronomia, paixão que cultiva desde a infância.

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Embora rápidos, mísseis chineses não atingem a velocidade de um meteoro

Um vídeo que viralizou na internet nos últimos meses mostra um míssil interceptando um suposto meteoro na China. A gravação revela a arma seguindo em direção ao objeto espacial e o destruindo com uma explosão. No entanto, o registro apresenta inconsistências, segundo especialistas.

“Um meteoro é normalmente muito menor do que seu brilho. Se observarmos o míssil atingindo esse objeto, ele é muito grande. Essa arma teria que ser gigantesca para ter as proporções observadas no vídeo”, relatou Martins.

Na busca por resolver esse mistério, o especialista encontrou outras duas gravações do evento na rede social Weibo Video. Um deles, postado por um perfil de notícias do Japão, mostrava a explosão de outro ângulo, o que revelou a origem do suposto meteoro. Confira esse segundo vídeo aqui.

“Notei que a segunda gravação é do mesmo momento do impacto, só que de outras perspectiva. Nela, é possível ver um objeto saindo do solo, que segue um trajeto em arco e é atingido. Isso confirma que o corpo interceptado não é um meteoro vindo do espaço, mas tecnologia militar para treinamento”, explicou Martins.

Marcelo Zurita, astrônomo e apresentador do Olhar Espacial, também notou que um míssil tão potente como o do vídeo seria praticamente impossível para a ciência moderna. “Meteoros adentram a atmosfera entre 11 e 74 km/s — uma velocidade inconcebível para qualquer tecnologia atual”, disse o astrônomo.

Embora o apresentador acredite que a humanidade poderá desenvolver tecnologias de alta velocidade, ainda estamos longe da suposta arma destruidora de rochas espaciais. “Fico aliviado de ainda não termos um sistema de defesa tão potente como esse, capaz de atingir um meteoro em pleno ar”, comentou Zurita.

Especialista alerta para o perigo dos vídeos falsos na internet

Para Martins, o caso do míssil chinês é mais um dentre os diversos vídeos falsos que se espalham pela internet. O especialista relatou que esse conteúdo se populariza devido a seu apelo com o público.

“As pessoas se atraem muito mais por algo que elas não têm no cotidiano, em suas rotinas cheias de eventos previsíveis. Quando se vê algo espetacular, se é atraído por isso. O problema é que sujeitos mal intencionados podem utilizar dessa curiosidade para enganar vítimas e aplicar golpes”, disse o divulgador científico.

Segundo o especialista, a disseminação de vídeos falsos pela internet pode ir além e impactar a percepção de mundo dos consumidores desse material. “Esse conteúdo pode levar as pessoas a desacreditarem da ciência, e isso é danoso. O conhecimento não é um suposto vilão que esconde a ‘verdade’, mas sim um meio para mudar a vida dos indivíduos”, concluiu Martins.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.