Estresse crônico altera neurônios e pode causar depressão, diz estudo

Estudo sul-coreano revela que o estresse crônico altera proteínas neurais e oferece novas pistas para tratar a depressão
Leandro Costa Criscuolo06/10/2025 17h51
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Imagem: fizkes/Shutterstock
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Cientistas do Instituto de Ciências Básicas (IBS), na Coreia do Sul, descobriram que o estresse crônico pode reprogramar o cérebro ao interferir em um delicado processo bioquímico: a glicosilação, isto é, a adição de moléculas de açúcar às proteínas cerebrais.

A pesquisa, publicada na Science Advances, revela que essa alteração pode desencadear sintomas semelhantes à depressão, oferecendo um novo alvo para diagnósticos e tratamentos.

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Cientistas descobrem nova rota biológica para a depressão além da serotonina – Imagem: KieferPix/Shutterstock

Açúcar que muda conexões neurais

  • O estudo analisou como o estresse afeta o córtex pré-frontal medial, região associada ao controle do humor.
  • Os cientistas observaram que, em camundongos submetidos a estresse prolongado, houve queda na atividade da enzima St3gal1, responsável pela etapa final da O-glicosilação — uma forma específica de “revestimento de açúcar” que regula a comunicação entre neurônios.
  • Quando a St3gal1 foi eliminada, os animais desenvolveram comportamentos depressivos e perda de motivação.
  • Já o aumento da enzima em camundongos estressados reverteu esses sintomas, restaurando a sinalização neural normal.

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Um mecanismo bioquímico explica como o estresse crônico leva à depressão (Imagem: PeopleImages.com – Yuti A/Shutterstock)

Novo caminho para terapias de depressão

Os pesquisadores acreditam que a glicosilação anormal está diretamente ligada ao início da depressão, representando um mecanismo biológico distinto da serotonina, foco da maioria dos antidepressivos atuais.

“Essa descoberta abre caminho para novas terapias que visam as conexões neuronais, e não apenas os neurotransmissores”, explicou C. Justin Lee, diretor do IBS.

O estudo também identificou diferenças entre machos e fêmeas: fêmeas estressadas apresentaram alterações comportamentais, mas sem mudanças na St3gal1, sugerindo rotas moleculares distintas entre os sexos.

Nova descoberta sobre enzima cerebral pode transformar o tratamento da depressão – Imagem: mrmohock / Shutterstock.com
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.