Estudo mostra que o autismo tem múltiplas origens — e isso muda como devemos entendê-lo

Novo estudo aponta que não existe “uma causa única” para o autismo, reforçando a necessidade de terapias personalizadas
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 07/10/2025 06h40, atualizada em 07/10/2025 07h01
autistas
(Imagem: Makhbubakhon Ismatova/iStock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma pesquisa recente da Universidade de Cambridge indica que o autismo não deve ser visto como uma condição homogênea, mas como um conjunto de diferentes perfis biológicos e de desenvolvimento, dependendo do momento em que o diagnóstico é feito.

O estudo analisou dados genéticos de mais de 45 mil pessoas autistas no Reino Unido, Austrália, Europa e EUA, relacionando-os à idade no diagnóstico.

Fita com o símbolo do Transtorno do Espectro Autista
Crianças pequenas apresentam dificuldades sociais e comportamentais desde cedo, enquanto diagnósticos tardios se relacionam a problemas de saúde mental e TDAH – Imagem: Vetre/Shutterstock

Diferenças genéticas e de desenvolvimento

  • Crianças diagnosticadas antes dos 6 anos tendem a apresentar dificuldades sociais e comportamentais desde cedo, com perfis genéticos típicos do autismo identificado na primeira infância.
  • Indivíduos diagnosticados após os 10 anos mostraram maior propensão a problemas de saúde mental, como depressão, e perfis genéticos que se aproximam de TDAH ou transtorno de estresse pós-traumático, sugerindo mecanismos biológicos distintos.
  • A sobreposição genética entre os dois grupos foi pequena, indicando que autismo precoce e tardio podem surgir de processos biológicos diferentes.

Implicações para diagnóstico e tratamento

Os pesquisadores destacam que o estudo não busca criar novos subtipos, mas entender os diferentes processos de desenvolvimento para melhorar diagnósticos e terapias.

Segundo o autor principal, Varun Warrier, algumas influências genéticas fazem com que traços de autismo apareçam muito cedo, facilitando o diagnóstico, enquanto outras só se manifestam mais tarde, muitas vezes durante a adolescência.

cérebro
Descoberta pode melhorar diagnósticos e tratamentos, reconhecendo que diferentes tipos de autismo surgem em diferentes idades – Imagem: sfam_photo/Shutterstock

Leia Mais:

Especialistas como Uta Frith, da University College London, enfatizam que a pesquisa reforça a visão de que o autismo é um conjunto de condições distintas, e não uma única.

Isso desafia conceitos como “epidemia de autismo” ou “uma causa única do autismo”, ressaltando a necessidade de abordagens individualizadas.

O estudo foi publicado na revista Nature e representa um passo importante para compreender a complexa interação entre genética, desenvolvimento e saúde mental em pessoas autistas.

autismo
Pesquisadores dizem que autismo não é uma condição única – Imagem: Veja/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.