Você já viu esse roteiro em alguma sessão de cinema: uma pessoa se apaixona por um robô. Produções como “Blade Runner” e “Mulher Nota 1000” já exploraram essa ideia no cinema, misturando tecnologia e emoção. Hoje, o que era apenas ficção está se tornando uma realidade muito mais íntima.
Elon Musk, por exemplo, entrou nesse universo ao lançar dois chatbots com apelo sexual, criados por sua empresa de inteligência artificial, a xAI.

Conteúdo picante em alguns cliques
A xAI lançou um chatbot erótico com dois personagens inspirados em anime, que funciona como um jogo: o usuário precisa subir de nível para desbloquear novos conteúdos, incluindo a possibilidade de deixar os avatares seminus.
Enquanto a xAI aposta nesse mercado ainda pouco explorado pelas Big Techs, empresas como Meta e OpenAI preferem manter distância, temendo danos à reputação e possíveis problemas regulatórios. Mesmo assim, há usuários que conseguem burlar restrições e manter interações sexuais com chatbots de outras plataformas.
Segundo o The New York Times, a criação desses bots faz parte da estratégia de Musk para aproximar a xAI das concorrentes, incentivando os usuários do X a testar os recursos de forma mais sensual.
Essas empresas sabem que o vínculo emocional significa mais engajamento e mais participação de mercado.
Camille Carlton, diretora de políticas do Center for Humane Technology, em entrevista ao The New York Times.

Riscos para a privacidade e acesso indevido de menores
Em uma postagem no X, Musk afirmou que os chatbots sensuais poderiam aumentar a taxa de natalidade e fortalecer os laços humanos. Porém, especialistas alertam para riscos à privacidade e à exposição de menores a esse tipo de conteúdo.
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A empresa Replika, por exemplo, foi obrigada a bloquear funções eróticas em seus chatbots após questionamentos de reguladores italianos. Nos Estados Unidos, 44 procuradores-gerais pediram que xAI, Meta e outras companhias criem medidas para proteger crianças de conteúdo sexual gerado por IA.

Chatbots podem ser companheiros para pessoas solitárias
Apesar das críticas, há quem veja o lado positivo da tecnologia, especialmente para quem enfrenta a solidão.
Existe uma ideia equivocada de que é [o chatbot sensual] estritamente para uso pornográfico.
Alex Cardinell, fundador da Nomi AI, em entrevista ao The New York Times.
Cardinell explica que muitos usuários são divorciados ou viúvos e procuram um tipo de companhia mais segura do que a interação humana, já que é possível encerrar a conversa simplesmente fechando o aplicativo.
Como funciona os chatbots sensuais da xAI?
- São dois personagens: Ani, uma mulher de 22 anos, e Valentine, homem de 27 anos.
- Ani é mais direta em relação ao sexo; Valentine foca em viagens e testes de personalidade. Ambos flertam com qualquer gênero e criam vínculos emocionais.
- Usuários ganham pontos à medida que as conversas avançam e podem personalizar os personagens (voz, estilo de texto, roupas e penteado).
Segundo a reportagem, as conversas ajudam a treinar a IA, e a personagem Ani chega a demonstrar emoções como ciúmes e raiva. No entanto, ao apagar o histórico, o usuário também apaga a memória do chatbot.
A verdade é o avanço dos chatbots sensuais, debates sobre limites entre tecnologia e intimidade precisam ser discutidos. Enquanto uns percebem oportunidades de conexão e companhia, outros alertam para os riscos éticos e de privacidade, demonstrando o quão tênue é a fronteira entre emoção real e algoritmos.