Graduação: cursos em federais ganham 5 mil vagas com nota do Enem

Iniciativa anunciada pelo Ministério da Educação busca conectar formação de jovens com demandas do mercado de trabalho em transformação
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 08/10/2025 05h33
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Novas vagas serão ofertadas já no Enem deste ano (Imagem: Saulo Angelo/iStock)
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Instituições federais vão criar 5 mil novas vagas em cursos de graduação nas áreas de biotecnologia, engenharia, robótica e inteligência artificial — ofertadas já no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, que ocorre nos dias 9 e 16 de novembro. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, na abertura da 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), em Brasília.

“Nós temos discutido com os reitores a respeito da necessidade de ofertar cursos mais conectados com o mundo atual do trabalho, na área da ciência, tecnologia, engenharia, matemática, que traga robótica, inteligência artificial e novas matrizes energéticas que hoje nós estamos discutindo no mundo inteiro. Então, é inovar e ofertar dentro das nossas instituições cursos conectados com o atual mundo do trabalho”, explicou Santana.

Segundo ele, cada universidade e cada Instituto Federal está definindo quais serão os novos cursos. O Ministério da Educação também já está autorizando vagas de professores para a abertura dos cursos, que começam a ser ministrados no ano que vem.

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Ministro da Educação quer formação profissional mais próxima das mudanças do mercado de trabalho (Imagem: MEC/Divulgação)

O governo informou ainda a criação de um grupo de trabalho de reitores para rever todas as relações das universidades com as fundações de pesquisa e inovação. A iniciativa complementa esforços do Programa Acelera NIT Brasil, que busca fortalecer os Núcleos de Inovação Tecnológica das universidades federais por meio da inovação, do empreendedorismo e da sustentabilidade.

Problema nacional

A ampliação de vagas em áreas-chave de conhecimento vem em um momento de rápida adoção de novas tecnologias pelo mercado corporativo. No Brasil, uma em cada três empresas diz que a falta de mão de obra qualificada ainda é um entrave para aplicações de IA no cotidiano; no setor da Construção, o problema é ainda maior, afetando 53% das companhias, de acordo com um estudo da FGV/Ibre, divulgado em agosto.

“Esta dificuldade ressalta ainda mais a importância de treinamento dentro das empresas assim como para o potencial da demanda para cursos de nível superior, sejam latu sensu ou strictu sensu. Outra tendência que vem se observando em diversos países desenvolvidos é a inclusão de disciplinas relacionadas à IA desde o período escolar”, destaca o relatório.

O problema foi reconhecido pelo próprio ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Segundo ele, o Brasil tem registrado os menores índices de desemprego da história do país, mas, ainda assim, há reclamações da indústria e de demais setores por falta de mão de obra. “Nós temos vagas abertas no mercado de trabalho, não preenchidas por ausência de capacitação”, afirmou em uma entrevista à EBC.

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Um novo perfil

Cerca de 39% das habilidades que definem o mercado de trabalho atualmente deverão ser transformadas ou se tornarão obsoletas entre 2025 e 2030, de acordo com relatórios citados em um estudo da Fundação Dom Cabral. O treinamento, requalificação e aprimoramento de habilidades estão no centro das estratégias das empresas para lidar com essas mudanças, com 85% dos empregadores planejando priorizar o upskilling de sua força de trabalho, diz o relatório.

Dentre as principais habilidades exigidas estão: 

  • 1. Pensamento analítico (69%). 
  • 2. Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%). 
  • 3. Liderança e influência social (61%). 
  • 4. Pensamento criativo (57%). 
  • 5. Motivação e autoconhecimento (52%). 
  • 6. Alfabetização tecnológica (51%). 
  • 7. Empatia e escuta ativa (50%). 
  • 8. Curiosidade e aprendizado contínuo (50%). 
  • 9. Gestão de talentos (47%). 
  • 10. Orientação para o serviço e atendimento ao cliente (47%). 
  • 11. IA e Big Data (45%). 
  • 12. Pensamento sistêmico (42%). 
  • 13. Gestão de recursos e operações (41%). 
  • 14. Confiabilidade e atenção aos detalhes (37%). 
  • 15. Controle de qualidade (35%). 
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39% das habilidades que definem o mercado de trabalho atualmente deverão ser transformadas ou se tornarão obsoletas até 2030 (Imagem: shironosov/iStock)

Funções com crescimento mais rápido:

  • 1. Especialistas em Big Data.
  • 2. Engenheiros de Fintech.
  • 3. Especialistas em IA e Machine Learning.
  • 4. Desenvolvedores de Software e Aplicações.
  • 5. Especialistas em Gestão de Segurança.
  • 6. Especialistas em Armazenamento de Dados.
  • 7. Especialistas em Veículos Elétricos e Autônomos.
  • 8. Designers de Interface e Experiência do Usuário (UI e UX).
  • 9. Especialistas em Internet das Coisas (IoT).
  • 10. Motoristas de Serviços de Entrega.
  • 11. Analistas e cientistas de Dados.
  • 12. Engenheiros Ambientais.
  • 13. Analistas de Segurança da Informação.
  • 14. Engenheiro de DevOps.
  • 15. Engenheiros de Energia Renovável.

Funções com declínio mais rápido:

  • 1. Funcionários de Serviços Postais.
  • 2. Caixas bancários e cargos relacionados.
  • 3. Operadores de entrada de dados.
  • 4. Caixas e atendentes.
  • 5. Assistentes administrativos e secretárias executivas.
  • 6. Trabalhadores de impressão e cargos relacionados.
  • 7. Contadores, auxiliares de contabilidade e de folha de pagamento.
  • 8. Atendentes e condutores de transporte.
  • 9. Assistentes de registro de materiais e controle de estoque.
  • 10. Vendedores porta a porta, vendedores de jornal, ambulantes e cargos relacionados.
  • 11. Designers gráficos.
  • 12. Peritos de seguros, examinadores e investigadores.
  • 13. Oficiais jurídicos.
  • 14. Secretárias jurídicas.
  • 15. Operadores de Telemarketing.
Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.