Criminosos têm explorado uma nova forma de fraude que combina técnicas de engenharia social e inteligência artificial (IA) para enganar vítimas e obter vantagens financeiras. Conhecido como “golpe do roubo da voz”, o esquema tem chamado a atenção de órgãos de segurança no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde autoridades alertam sobre os riscos e reforçam medidas de prevenção.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou que os criminosos se passam por representantes da própria secretaria ou de delegacias de polícia, ligando para a vítima com um discurso convincente e tom oficial.
Durante a ligação, são feitas perguntas simples, que são gravadas. Posteriormente, essas gravações podem ser manipuladas com ferramentas online para reproduzir a voz da vítima em fraudes a familiares e amigos.

Como a IA potencializa o golpe do roubo de voz
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, serviços de deepfake de áudio permitem que criminosos copiem a voz de quem atende uma ligação, criando uma reprodução quase idêntica. Com essa técnica, eles podem ligar para outras pessoas se passando pela vítima e solicitar transferências bancárias ou dinheiro.
Hiago Kin Levi, presidente do Instituto Brasileiro de Resposta a Incidentes Cibernéticos, destacou ao UOL que a popularização da IA tornou possível que até pessoas com conhecimento limitado de tecnologia consigam simular vozes de terceiros. Anderson Leite, pesquisador de segurança da Kaspersky, reforçou que alguns segundos de gravação já são suficientes para gerar uma cópia convincente de uma voz.

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Recomendações para se proteger
Autoridades alertam para a importância de desconfiar de ligações inesperadas e não fornecer informações pessoais ou financeiras por telefone. Entre as medidas recomendadas estão:
- Confirmar a identidade de quem liga por meio de videochamada ou canais oficiais.
- Bloquear números desconhecidos e denunciar ligações suspeitas.
- Programar o celular para aceitar chamadas apenas de contatos conhecidos, recurso disponível em dispositivos iOS e Android.
- Evitar falar ao atender ligações suspeitas, aguardando que o outro lado se identifique primeiro.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio reforça que não solicita dados pessoais por telefone e investiga todos os casos relatados. A Polícia Civil ainda recomenda orientar amigos e familiares sobre o golpe e, em caso de fraude envolvendo deepfake, registrar um boletim de ocorrência.
Especialistas lembram que conteúdos públicos como áudios e vídeos nas redes sociais podem ser utilizados para treinar modelos de clonagem de voz, aumentando a atenção necessária ao compartilhar informações online.