Como tardígrados suportam condições extremas e podem salvar vidas humanas

Tardígrados, ou “ursos d’água”, sobrevivem a radiação, calor, frio e vácuo, e podem inspirar avanços na medicina e exploração espacial
Por Valdir Antonelli, editado por Bruno Capozzi 09/10/2025 05h10
tardígrado
Imagem: 3Dstock/Shutterstock
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Os tardígrados são pequenos seres que medem entre 0,1 e 1,5 mm e são visíveis apenas com microscópio. Vivem em água doce, salgada, musgos, líquens e solos úmidos, sendo encontrados em todo o planeta.

Mas por que esses microrganismos são considerados tão importantes e com “superpoderes” que os tornam a criatura mais resistente da Terra, e como podem ajudar os humanos?

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Os tardígrados suportam o vácuo e a radiação do espaço sideral, além de temperaturas extremas, resistindo a até 150°C e ao frio intenso. Imagem: Videologia / Shutterstock.com

Criatura assustadora, mas microscópica. Conheça o tardígrado

Você já deve ter ouvido falar deles em alguma matéria sobre sobrevivência no espaço. Pois é, enquanto você pode morrer se não estiver usando os equipamentos corretos, os tardígrados, também conhecidos como ursos d’água ou leitões do musgo, sobrevivem no vácuo facilmente.

Sua aparência parece ter sido tirada de algum filme de ficção científica, com focinhos gordos e deformados, garras e dentes afiados, mas completamente invisíveis a olho nu. Segundo a BBC, cerca de 1.500 espécies já foram identificadas e eles são parentes próximos de insetos e crustáceos.

Mas por que eles são tão importantes para a ciência?

tardigrado microscópico
Cerca de 1.500 espécies já foram identificadas e eles são parentes próximos de insetos e crustáceos. Imagem: Divulgação/Hookie Co.

Os tardígrados suportam o vácuo e a radiação do espaço sideral, além de temperaturas extremas, resistindo a até 150°C e ao frio intenso. Eles também conseguem sobreviver anos congelados ou completamente desidratados, entrando em um estado dormente que reduz seu metabolismo a quase zero.

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Além disso, resistem a impactos violentos, suportando velocidades de até 900 metros por segundo (3 mil quilômetros por hora), e conseguem proteger seu DNA de danos causados por partículas e moléculas tóxicas, tornando-os praticamente indestrutíveis.

E uma das condições que eles conseguem enfrentar é a extrema desidratação, algo impossível para qualquer outro animal.

Mas os tardígrados suportam isso ao retrair sua cabeça e suas patas e entrar em um estado de animação suspensa, reduzindo seu metabolismo para 0,01% de sua velocidade normal.

Eles literalmente embalam seus órgãos e os concentram em um local confinado e extremamente pequeno.

Nadja Møbjerg, professora de fisiologia e biologia celular da Universidade de Copenhague.
Tardígrados já foram enviados para a Lua, mas, como a nave que os transportava, sofreu um acidente, não se sabe se eles sobreviveram. Imagem: Chade Barron/Reprodução X

Como eles podem auxiliar na medicina humana?

Segundo a BBC, cientistas esperam empregar o conhecimento sobre os tardígrados para diversas situações que hoje podem prejudicar a nossa saúde:

  • Proteger pacientes de radioterapia, evitando danos a tecidos saudáveis.
  • Armazenamento de vacinas e proteínas (como Fator VIII para hemofílicos) sem necessidade de refrigeração.
  • Potencial uso na exploração espacial, protegendo alimentos e medicamentos contra radiação e desidratação.

Ainda assim, existem muitas dúvidas em relação aos tardígrados e como eles evoluíram até terem esses superpoderes.

Møbjerg explica que esses animais precisam ser tão tolerantes a situações extremas “porque sua pele ou cutícula é muito permeável. Não é como um inseto, que tem uma camada de cera que evita a perda de água por evaporação”.

Mas os cientistas ainda não entenderam os motivos que levam esse pequeno ser resiliente a tantas coisas, o que torna desbravar seus mistérios urgente para a medicina.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.