Golfinhos encalhados apresentam sinais semelhantes ao Alzheimer

Novo estudo aponta que a doença está deixando os golfinhos desorientados, aumentando o número de animais encalhados
Alessandro Di Lorenzo09/10/2025 12h15
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Imagem: TungCheung/Shutterstock
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Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda gradual de funções cognitivas, como memória, linguagem e raciocínio. Além disso, ela está ligada a alterações comportamentais e de humor, afetando milhões de pessoas em todo o mundo.

Mas a condição parece não afetar apenas os seres humanos. Segundo um novo estudo, golfinhos podem enfrentar uma doença muito semelhante, o que faz com que eles fiquem desorientados e acabem encalhando.

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Descoberta pode ajudar no combate ao Alzheimer em humanos (Imagem: luchschenF/Shutterstock)

Algas nocivas estariam provocando os problemas

  • O trabalho foi motivado pelo aumento no número de registros de mamíferos aquáticos encalhados nos últimos anos.
  • Para descobrir o que estava por trás deste cenário, uma equipe de pesquisadores examinou os cérebros de 20 golfinhos-nariz-de-garrafa comuns (Tursiops truncatus).
  • A ideia era procurar sinais de exposição a toxinas e mudanças na expressão gênica, células e estrutura cerebral dos animais.
  • O resultado foi a identificação de uma grande concentração de uma neurotoxina chamada ácido 2,4-diaminobutírico (2,4-DAB).
  • Para os cientistas, isso é efeito da proliferação de algas nocivas.

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Condição deixa os golfinhos desorientados (Imagem: sebasworld/Shutterstock)

Placas amilóides foram encontradas nos cérebros dos golfinhos

O trabalho ainda revelou que os cérebros dos golfinhos apresentavam mudanças radicais na expressão gênica. Do mesmo modo, foi identificado o aparecimento de placas amilóides, estruturas baseadas em proteínas características do Alzheimer em humanos.

Os pesquisadores explicam que não é raro encontrar estas placas nos animais. No entanto, o estudo sugere que a proliferação de algas nocivas pode estar acelerando este acúmulo, o que acaba deixando os mamíferos desorientados e facilita que eles encalhem.

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Doença semelhante ao Alzheimer afeta os animais (Imagem: SewCreamStudio/Shutterstock)

As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Communications Biology. Segundo a equipe responsável pelo trabalho, elas também podem ser importantes para o desenvolvimento de formas de combate à doença em humanos.

Como os golfinhos são considerados sentinelas ambientais para exposições tóxicas em ambientes marinhos, há preocupações sobre problemas de saúde humana associados à proliferação de cianobactérias. Embora provavelmente existam muitos caminhos para a doença de Alzheimer, as exposições a cianobactérias parecem cada vez mais ser um fator de risco.

David Davis, pesquisador da Universidade de Miami e um dos autores do estudo
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.