A empresa americana Zeno irá usar resíduos nucleares para energizar baterias espaciais. A companhia tem parceria com a NASA e pretende aplicar combustível nuclear em rovers, módulos de pouso e infraestrutura para futuras missões à Lua.
A fonte será o Amerício-241 (Am-241), um isótopo de longa duração. Antes tratado como resíduo, esse composto tem se mostrado eficiente em tecnologias espaciais, segundo a empresa.
Essas baterias, nomeadas de sistemas de energia de radioisótopos (RPS), podem oferecer a energia necessária para operações em áreas sombreadas da Lua. Com sucesso, as RPS serão essenciais para o programa Artemis e para a iniciativa de viagem da Lua para Marte da NASA.

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Zeno fecha acordo com multinacional de combustível nuclear
Em setembro, a Zeno fechou um acordo com a multinacional Orano, uma operadora reconhecida na produção e gestão de energia nuclear. A companhia irá garantir uma cadeia de fornecimento de combustível radioativo para a produtora de baterias.
Segundo um comunicado oficial, a Zeno fará um investimento multimilionário para ter acesso prioritário anual a grandes quantidades de Am-241 vindas do centro de reciclagem de La Hague da Orano, na Normandia, França. “Trabalhar com a Orano é um passo fundamental para o avanço da abordagem multicombustível da Zeno”, declarou Tyler Bernstein, cofundador e CEO da Zeno Power.
Resíduo nuclear Am-241 é considerado promissor
Por anos, as baterias nucleares utilizaram plutônio-238 (Pu-238) como fonte de energia. No entanto, o fornecimento global limitado desse composto e a crescente demanda por energia espacial tem acelerado a busca por combustíveis alternativos viáveis.
A Zeno acredita que o Am-241 complementa o uso de Pu-238, expandido as opções para a energia nuclear no espaço. O amerício é atraente para baterias devido à sua longa meia-vida de 430 anos, permitindo que os sistemas energéticos durem décadas.

A Orano planeja extrair o Am-241 do combustível usado em sua unidade de La Hague, consolidando-se como líder mundial na produção desse isótopo, segundo o anúncio oficial. O amerício também se forma naturalmente a partir da decomposição de outros isótopos encontrados nos resíduos nucleares.
Além dos rovers da NASA, a Zeno planeja implantar o combustível nuclear em outras tecnologias. “Ao combinar amerício-241 para missões espaciais com estrôncio-90 para implantações marítimas e terrestres, as baterias nucleares da Zeno desbloquearão operações na fronteira, do mar profundo ao espaço”, concluiu o CEO.