Resíduo nuclear pode virar combustível para rovers da NASA

Empresa dos EUA fechou acordo para usar resíduos nucleares como novo combustível de tecnologias espaciais em missões para a Lua.
Samuel Amaral10/10/2025 05h40
Rover-com-tecnologia-da-Zeno-1920x1080
Ilustração de um rover lunar da Zeno, empresa que irá aplicar baterias nucleares em tecnologia da NASA. (Imagem: Divulgação / Zeno Power)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A empresa americana Zeno irá usar resíduos nucleares para energizar baterias espaciais. A companhia tem parceria com a NASA e pretende aplicar combustível nuclear em rovers, módulos de pouso e infraestrutura para futuras missões à Lua.

A fonte será o Amerício-241 (Am-241), um isótopo de longa duração. Antes tratado como resíduo, esse composto tem se mostrado eficiente em tecnologias espaciais, segundo a empresa.

Essas baterias, nomeadas de sistemas de energia de radioisótopos (RPS), podem oferecer a energia necessária para operações em áreas sombreadas da Lua. Com sucesso, as RPS serão essenciais para o programa Artemis e para a iniciativa de viagem da Lua para Marte da NASA.

nave espacial orion
Nave espacial Artemis II Orion da NASA durante a Instalação do Sistema de Lançamento. Missão irá levar a humanidade novamente para a Lua após mais de 50 anos. (Imagem: NASA/Divulgação)

Leia mais:

Zeno fecha acordo com multinacional de combustível nuclear

Em setembro, a Zeno fechou um acordo com a multinacional Orano, uma operadora reconhecida na produção e gestão de energia nuclear. A companhia irá garantir uma cadeia de fornecimento de combustível radioativo para a produtora de baterias.

Segundo um comunicado oficial, a Zeno fará um investimento multimilionário para ter acesso prioritário anual a grandes quantidades de Am-241 vindas do centro de reciclagem de La Hague da Orano, na Normandia, França. “Trabalhar com a Orano é um passo fundamental para o avanço da abordagem multicombustível da Zeno”, declarou Tyler Bernstein, cofundador e CEO da Zeno Power.

Resíduo nuclear Am-241 é considerado promissor

Por anos, as baterias nucleares utilizaram plutônio-238 (Pu-238) como fonte de energia. No entanto, o fornecimento global limitado desse composto e a crescente demanda por energia espacial tem acelerado a busca por combustíveis alternativos viáveis.

A Zeno acredita que o Am-241 complementa o uso de Pu-238, expandido as opções para a energia nuclear no espaço. O amerício é atraente para baterias devido à sua longa meia-vida de 430 anos, permitindo que os sistemas energéticos durem décadas.

Equipe da Zeno e da Orano no centro de reciclagem de La Hague, na França. (Imagem: Divulgação / Zeno Power)

A Orano planeja extrair o Am-241 do combustível usado em sua unidade de La Hague, consolidando-se como líder mundial na produção desse isótopo, segundo o anúncio oficial. O amerício também se forma naturalmente a partir da decomposição de outros isótopos encontrados nos resíduos nucleares.

Além dos rovers da NASA, a Zeno planeja implantar o combustível nuclear em outras tecnologias. “Ao combinar amerício-241 para missões espaciais com estrôncio-90 para implantações marítimas e terrestres, as baterias nucleares da Zeno desbloquearão operações na fronteira, do mar profundo ao espaço”, concluiu o CEO.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.