Com participação do Brasil, nova vacina pode impedir a extinção de espécie de elefante

Pesquisadores do Reino Unido e do Brasil desenvolveram a primeira vacina contra um vírus que pode matar filhotes dos animais em poucas horas
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 10/10/2025 10h50
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Imagem: Sithumina Photography/Shutterstock
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Os elefantes-asiáticos estão entre os maiores animais terrestres. No entanto, a população desta espécie tem caído drasticamente. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), hoje existem menos de 40 mil animais em todo o mundo.

Estes dados revelam um real perigo de extinção, e que se torna ainda mais delicado em função do herpesvírus endoteliotrópico dos elefantes, que afeta principalmente filhotes da espécie. Para reverter este cenário, pesquisadores do Reino Unido e do Brasil desenvolveram a primeira vacina contra a doença.

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Elefantes-asiáticos são os mais suscetíveis ao vírus (Imagem: CherylRamalho/Shutterstock)

Vacina não apresentou efeitos colaterais

Os testes com o imunizante foram realizados em três elefantes-asiáticos adultos, com idades entre 18 e 49 anos, residentes no Zoológico de Chester, no norte da Inglaterra. Os animais receberam o vetor viral, dotado de duas proteínas do vírus. No total, foram quatro doses.

Os pesquisadores afirmam que as análises do sangue comprovaram que a vacina ativou as células T e que não foram verificados efeitos colaterais. Os resultados sugerem que o imunizante pode prevenir a forma letal da doença em filhotes entre um e oito anos de idade, o grupo de maior risco.

Imunizante pode ser utilizado em programas de conservação da espécie (Imagem: zedspider/Shutterstock)

Além disso, a utilização da vacina pode apoiar programas de conservação da espécie. O vírus causa uma doença hemorrágica que pode matar os elefantes em até 24 horas. As informações são da Agência FAPESP.

Ainda não sabemos exatamente porque o vírus causa uma doença tão severa nos animais jovens, mas acredita-se que ele é passado dos mais velhos [naturalmente imunes] para os filhotes. Possivelmente isso ocorre enquanto estão sendo desmamados e os anticorpos passados por meio do leite materno diminuem. Nessa fase, o sistema imune do filhote não está completamente maduro e pode não combater o vírus adequadamente.

Falko Steinbach, professor da Universidade de Surrey, no Reino Unido, e coordenador do estudo

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Espécie corre risco de extinção (Imagem: Sithumina Photography/Shutterstock)

Imunizante pode ser adaptado para outras espécies

  • Outra vantagem da vacina é que ela pode ser armazenada e transportada em temperaturas entre 2 e 8°C, pelo menos por períodos curtos.
  • Isso a torna adequada para condições de campo.
  • Dessa forma, além de animais em cativeiro, populações selvagens poderiam receber o imunizante.
  • Os autores do estudo ainda ressaltam que a tecnologia usada pode ser adaptada para vírus novos e emergentes em outras espécies ameaçadas de extinção.
  • As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Nature Communications.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.