“Monstro: A História de Ed Gein”: o que é verdade e mentira na série da Netflix

As séries que dramatizam crimes reais, como "Monstro: A História de Ed Gein", fascinam os telespectadores. Mas o que será verdade?
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Rodrigo Mozelli 12/10/2025 19h20, atualizada em 12/10/2025 21h01
Ed Gein
Foto real de Ed Gein e uma do ator Charlie Hunnam na série da Netflix / Crédito: Wikimedia e Netflix
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A terceira temporada da série “Monster”, da Netflix, é focada no serial killer Ed Gein. Também conhecido como o “Açougueiro de Plainfield”, Gein foi preso em 1957 após autoridades encontrarem em sua casa objetos macabros feitos com restos humanos.

A temporada mistura fatos reais com eventos fictícios, levantando debates sobre os limites entre realidade e dramatização em obras inspiradas em crimes verdadeiros. Neste artigo, destacamos algumas das principais liberdades criativas tomadas pela série.

Ed Gein na vida real

Ed Gein
Foto de Ed Gein / Crédito: Wikimedia (reprodução)

Ed Gein nasceu em 1906, no Wisconsin, nos Estados Unidos. Ele cresceu em um ambiente de repressão moral e isolamento social, principalmente devido à relação com sua mãe, Augusta. Seus crimes vieram à tona em 1957, quando a polícia encontrou em sua casa máscaras feitas de pele, utensílios de ossos e móveis confeccionados com partes de corpos exumados.

Gein admitiu ter assassinado Mary Hogan, em 1954, e Bernice Worden, em 1957. Mesmo assim, as autoridades sempre suspeitaram de outras possíveis vítimas, embora nada tenha sido comprovado oficialmente. Os médicos o diagnosticaram com esquizofrenia, e a Justiça o declarou legalmente insano, fazendo com que ele passasse o resto da vida em instituições psiquiátricas até morrer em 1984.

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mulher de meia idade falando algo no ouvido de um homem
Monstro: A História de Ed Gein / Crédito: Netflix (reprodução)

Número de vítimas aumentadas

Na vida real, Ed Gein confessou apenas dois assassinatos. No entanto, a série mostra seis vítimas, que incluem uma babá, dois homens e até o próprio irmão, Henry. Nenhum desses crimes adicionais teve comprovação das autoridades.

Romance com Adeline Watkins

A produção apresenta Adeline como cúmplice e amante de Gein. Embora a personagem tenha existido, não há qualquer registro de envolvimento romântico ou de colaboração nos crimes.

Monstro: A História de Ed Gein / Crédito: Netflix (reprodução)

Participação na captura de Ted Bundy

Um dos pontos mais criticados é a cena em que Gein ajuda o FBI a capturar o serial killer Ted Bundy nos anos 1970. Na realidade, Gein estava internado com o diagnóstico de psicose. Ou seja, incapaz de colaborar com investigações. Essa interação jamais aconteceu.

Assassinato do irmão Henry

A série retrata a morte Henry Gein como um crime premeditado pelo seu próprio irmão. Na realidade, as autoridades nunca esclareceram totalmente a morte de Henry em 1944, e nenhuma prova comprovou a culpa de Ed Gein.

Monstro: A História de Ed Gein / Crédito: Netflix (reprodução)

Envolvimento com Evelyn Hartley

A série sugere que Gein teria alguma ligação com o desaparecimento da jovem Evelyn Hartley, que ocorreu na mesma região. Entretanto, isso nunca teve confirmação das autoridades, nem há indícios concretos de envolvimento.

Troca de cartas com Richard “Birdman” Speck

Outra invenção da produção é a suposta correspondência entre Gein e o assassino Richard Speck. Não existe nenhum registro de que esses dois criminosos tenham se comunicado.

homem de camisa xadrez e bone sorrindo
Monstro: A História de Ed Gein / Crédito: Netflix (reprodução)

Encontros com figuras históricas

A série também romantiza encontros improváveis de Gein com figuras reais como Christine Jorgensen e Ilse Koch, conhecida como a “Piranha de Buchenwald”. Apesar de ambas terem existido, não há qualquer evidência de ligação com o assassino de Plainfield.

Exibição de “objetos” feitos por Gein

A série mostra diversos objetos que atribui a Gein, mas muitos são distorções ou réplicas criadas pela produção. As autoridades destruíram a maior parte das evidências reais após sua prisão.

Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.