A OpenAI anunciou uma parceria de grande escala com a Broadcom para o desenvolvimento e implantação de chips personalizados de inteligência artificial (IA). O acordo marca o primeiro projeto da empresa criadora do ChatGPT na produção de seus próprios processadores, parte de um esforço crescente para garantir o poder computacional necessário à expansão de seus serviços.
O plano prevê a implantação de 10 gigawatts em sistemas de computação de IA ao longo dos próximos quatro anos, o equivalente ao consumo de energia de mais de 8 milhões de residências nos Estados Unidos, segundo estimativas divulgadas pela Reuters. A iniciativa representa um passo estratégico da OpenAI para reduzir sua dependência de chips da Nvidia, atualmente os mais usados na indústria.

Parceria de longa data entre OpenAI e Broadcom ganha escala global
A parceria entre as duas empresas não é recente: segundo a CNBC, OpenAI e Broadcom já colaboravam há 18 meses no desenvolvimento de chips otimizados para inferência, conectados por meio da pilha Ethernet da fabricante. Agora, o acordo se torna público e expande o trabalho conjunto para incluir o design de servidores, sistemas de memória e infraestrutura de rede, todos adaptados às necessidades dos modelos de IA da OpenAI.
Esses sistemas serão implantados a partir do segundo semestre de 2026 e devem estar totalmente operacionais até o final de 2029. A Broadcom será responsável pela produção e distribuição dos chips, que serão utilizados tanto em data centers próprios da OpenAI quanto em instalações de parceiros.
OpenAI quer “controlar o próprio destino”
Em um podcast divulgado junto com o anúncio, Sam Altman, CEO da OpenAI, afirmou que o projeto é essencial para garantir o futuro da empresa. “Se você faz seus próprios chips, controla seu destino”, disse. Segundo Altman, o acordo permitirá “grandes ganhos de eficiência, levando a modelos mais rápidos, com melhor desempenho e custo menor”.

O presidente da OpenAI, Greg Brockman, destacou que a empresa tem usado seus próprios modelos de IA para acelerar o processo de design de chips. “Fomos capazes de reduzir significativamente a área dos componentes. É possível pegar algo que humanos já otimizaram e deixar o modelo encontrar novas formas de aperfeiçoar o design”, afirmou.
Escala e custos bilionários
De acordo com o The Wall Street Journal, o valor do contrato é de vários bilhões de dólares, embora os termos financeiros não tenham sido revelados. A OpenAI, avaliada em cerca de US$ 500 bilhões, prevê gerar US$ 13 bilhões em receita neste ano, mas deverá criar novos mecanismos de financiamento para arcar com o investimento necessário em infraestrutura.
O acordo com a Broadcom eleva para 26 gigawatts a capacidade de computação já contratada pela OpenAI junto a empresas como Nvidia e AMD. Somente nas últimas semanas, a startup anunciou cerca de 33 gigawatts em compromissos de processamento.
Atualmente, a OpenAI opera pouco mais de 2 gigawatts de capacidade computacional, suficientes para sustentar o ChatGPT, o gerador de vídeos Sora e outros projetos de pesquisa. No entanto, a demanda por processamento cresce rapidamente, impulsionada pela popularização dos modelos de IA generativa.
Broadcom no centro da corrida por chips de IA
A Broadcom vem se consolidando como uma das principais fornecedoras da infraestrutura de IA. Tradicionalmente focada em hardware de rede, a empresa ganhou destaque com a criação de chips personalizados, conhecidos como XPUs, utilizados por gigantes como Google, Meta e ByteDance.

Com o novo contrato, suas ações subiram cerca de 9%, de acordo com a CNBC, ampliando uma valorização de 40% no ano e elevando o valor de mercado da companhia para mais de US$ 1,5 trilhão.
O CEO da Broadcom, Hock Tan, classificou a OpenAI como a empresa que está desenvolvendo “os modelos de fronteira mais avançados do mundo”. Ele afirmou que o crescimento contínuo da IA exige capacidade computacional cada vez mais sofisticada e que a personalização dos chips é um passo natural para sustentar essa evolução.
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Expansão acelerada da infraestrutura da OpenAI
A OpenAI vem firmando sucessivos acordos com grandes fabricantes e provedores de nuvem para construir uma base de computação em larga escala. A startup já planeja atingir 250 gigawatts de capacidade até 2033, segundo informações obtidas pelo The Wall Street Journal. O investimento necessário ultrapassaria US$ 10 trilhões, considerando os custos atuais de construção e operação de data centers.
Altman afirmou acreditar que a demanda por “inteligência de alta qualidade, entregue rapidamente e a baixo custo” crescerá exponencialmente. “Mesmo que já tivéssemos 30 gigawatts hoje, acredito que essa capacidade seria rapidamente saturada pelo que as pessoas poderiam criar”, disse o executivo.