Pré-COP30 reúne 67 países em Brasília e define prioridades

Evento em Brasília prepara terreno para a COP 30, com foco em multilateralismo, inclusão e financiamento climático.
Por Maurício Thomaz, editado por Bruno Capozzi 14/10/2025 00h06, atualizada em 14/10/2025 11h12
Com Alckmin, Pré-COP30 define metas para Belém e reforça compromisso global com o Acordo de Paris
Com Alckmin, Pré-COP30 define metas para Belém e reforça compromisso global com o Acordo de Paris (Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
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A Pré-COP30, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), começou nesta segunda-feira (13) em Brasília com a presença de representantes de 67 países. A reunião marca uma etapa decisiva rumo à conferência oficial, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA), e tem como foco acelerar a implementação do Acordo de Paris e reforçar a cooperação internacional frente à crise climática. As informações são da Agência Brasil.

Durante a abertura, o presidente em exercício Geraldo Alckmin ressaltou a importância da união entre as nações para transformar discursos em ações concretas. Ele destacou três pilares para orientar os trabalhos da COP 30: fortalecer o multilateralismo, conectar o regime climático à vida das pessoas e acelerar a execução das metas globais. “Devemos compartilhar a preocupação ambiental com atitudes práticas, em benefício da comunidade internacional e das futuras gerações”, afirmou.

Fernando Haddad e o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, participam da abertura da Pré-COP30 - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Fernando Haddad e o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, participam da abertura da Pré-COP30 (Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Quatro eixos orientam a COP 30: inspiração, implementação, inclusão e inovação

A presidência da COP 30 estruturou os debates em quatro “círculos” temáticos — Presidentes da COP, Povos, Finanças e Balanço Ético Global — que servirão de base para a construção das negociações climáticas.

O líder do Círculo de Presidentes da COP, Laurent Fabius, que presidiu a histórica COP21 em Paris, apresentou os quatro caminhos que guiarão o encontro:

  • Inspiração no Acordo de Paris, que estabelece a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C;
  • Implementação efetiva das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs);
  • Inclusão, com maior participação de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais;
  • Inovação, aliando ciência e educação para combater a desinformação e fortalecer a justiça climática.

Segundo Fabius, o desafio agora é transformar compromissos em resultados concretos, com base na experiência acumulada desde 2015.

Uma das metas da COP 30 é limitar o aquecimento global a 1,5°C (Imagem: Barnaby Chambers/Shutterstock)

Financiamento e participação social ganham força nos preparativos da COP 30

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, líder do Círculo das Finanças, apresentou as principais prioridades para ampliar o financiamento climático, especialmente nos países em desenvolvimento. Entre os pontos definidos estão:

  • aumento dos fluxos de recursos e fundos climáticos;
  • reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento;
  • estímulo a investimentos sustentáveis domésticos;
  • criação de inovações para envolver o setor privado;
  • e melhoria do marco regulatório global.

O ministro também destacou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre e a proposta de uma “supertaxonomia” global, que reuniria vocações regionais para orientar investimentos sustentáveis. O relatório final do grupo será entregue ao presidente da COP 30 em Belém, com o objetivo de viabilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático.

No eixo dos Povos, a ministra Sônia Guajajara destacou que os povos indígenas terão a maior participação da história das conferências do clima, com a presença de mais de 3 mil representantes na chamada “Aldeia COP”. Ela ressaltou a importância de reconhecer os territórios indígenas como política climática e de garantir financiamento direto para essas comunidades.

Já no Círculo do Balanço Ético Global, a ministra Marina Silva enfatizou o papel da dimensão social e ética no enfrentamento da crise climática. O grupo promoveu 56 diálogos em 15 países, reunindo mais de 3,7 mil pessoas em torno de temas como justiça racial, cultural e intergeracional. “A transição climática é técnica, mas também humana”, afirmou.

Visão aérea da floresta amazônica brasileira
Um dos objetivos da COP 30 é viabilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático (Imagem: RICARDO STUCKERT / iStock)

Rumo à COP 30: de Brasília a Belém, um novo marco global para o clima

A Pré-COP30 marca o início do que os organizadores chamam de “mutirão global” pela implementação das metas do clima. A expectativa é que a conferência em Belém se torne um marco histórico, consolidando uma nova fase de cooperação multilateral e ação climática prática.

Segundo a ministra Marina Silva, o objetivo é que a COP 30 entre para a história como o encontro que ajudou a evitar os pontos de não retorno — tanto do clima quanto do próprio sistema de governança internacional.

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Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.