A Pré-COP30, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), começou nesta segunda-feira (13) em Brasília com a presença de representantes de 67 países. A reunião marca uma etapa decisiva rumo à conferência oficial, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA), e tem como foco acelerar a implementação do Acordo de Paris e reforçar a cooperação internacional frente à crise climática. As informações são da Agência Brasil.
Durante a abertura, o presidente em exercício Geraldo Alckmin ressaltou a importância da união entre as nações para transformar discursos em ações concretas. Ele destacou três pilares para orientar os trabalhos da COP 30: fortalecer o multilateralismo, conectar o regime climático à vida das pessoas e acelerar a execução das metas globais. “Devemos compartilhar a preocupação ambiental com atitudes práticas, em benefício da comunidade internacional e das futuras gerações”, afirmou.

Quatro eixos orientam a COP 30: inspiração, implementação, inclusão e inovação
A presidência da COP 30 estruturou os debates em quatro “círculos” temáticos — Presidentes da COP, Povos, Finanças e Balanço Ético Global — que servirão de base para a construção das negociações climáticas.
O líder do Círculo de Presidentes da COP, Laurent Fabius, que presidiu a histórica COP21 em Paris, apresentou os quatro caminhos que guiarão o encontro:
- Inspiração no Acordo de Paris, que estabelece a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C;
- Implementação efetiva das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs);
- Inclusão, com maior participação de povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais;
- Inovação, aliando ciência e educação para combater a desinformação e fortalecer a justiça climática.
Segundo Fabius, o desafio agora é transformar compromissos em resultados concretos, com base na experiência acumulada desde 2015.

Financiamento e participação social ganham força nos preparativos da COP 30
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, líder do Círculo das Finanças, apresentou as principais prioridades para ampliar o financiamento climático, especialmente nos países em desenvolvimento. Entre os pontos definidos estão:
- aumento dos fluxos de recursos e fundos climáticos;
- reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento;
- estímulo a investimentos sustentáveis domésticos;
- criação de inovações para envolver o setor privado;
- e melhoria do marco regulatório global.
O ministro também destacou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre e a proposta de uma “supertaxonomia” global, que reuniria vocações regionais para orientar investimentos sustentáveis. O relatório final do grupo será entregue ao presidente da COP 30 em Belém, com o objetivo de viabilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático.
No eixo dos Povos, a ministra Sônia Guajajara destacou que os povos indígenas terão a maior participação da história das conferências do clima, com a presença de mais de 3 mil representantes na chamada “Aldeia COP”. Ela ressaltou a importância de reconhecer os territórios indígenas como política climática e de garantir financiamento direto para essas comunidades.
Já no Círculo do Balanço Ético Global, a ministra Marina Silva enfatizou o papel da dimensão social e ética no enfrentamento da crise climática. O grupo promoveu 56 diálogos em 15 países, reunindo mais de 3,7 mil pessoas em torno de temas como justiça racial, cultural e intergeracional. “A transição climática é técnica, mas também humana”, afirmou.

Rumo à COP 30: de Brasília a Belém, um novo marco global para o clima
A Pré-COP30 marca o início do que os organizadores chamam de “mutirão global” pela implementação das metas do clima. A expectativa é que a conferência em Belém se torne um marco histórico, consolidando uma nova fase de cooperação multilateral e ação climática prática.
Segundo a ministra Marina Silva, o objetivo é que a COP 30 entre para a história como o encontro que ajudou a evitar os pontos de não retorno — tanto do clima quanto do próprio sistema de governança internacional.
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