Metanol: Ministério da Saúde atualiza regras para uso de antídoto

Fomepizol inibe a formação de metabólitos tóxicos no organismo, interrompendo a progressão do quadro e reduzindo riscos de complicações
Por Bruna Barone, editado por Layse Ventura 14/10/2025 20h44
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Tratamento deve sempre ser acompanhado de medidas de suporte clínico (Imagem: Ministério da Saúde)
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O Ministério da Saúde publicou novas orientações sobre o uso do Fomepizol 1 g/mL no tratamento de casos suspeitos ou confirmados de intoxicação por metanol no SUS. A nota técnica traz recomendações clínicas, indicações terapêuticas e diretrizes para garantir o acesso na rede pública.

O fomepizol atua como antídoto aplicado por via intravenosa ao inibir a formação de metabólitos tóxicos no organismo, interrompendo a progressão do quadro e reduzindo significativamente os riscos de complicações. É uma alternativa terapêutica segura, eficaz e de fácil aplicação, segundo o governo federal. 

A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave, frequentemente associada ao consumo de bebidas adulteradas, e pode levar rapidamente a quadros de acidose metabólica severa, distúrbios neurológicos e visuais e até ao óbito. Os primeiros sintomas são alterações de consciência, como vômito, cólica, dor de barriga e confusão mental.

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Entrega de lotes do antídoto no Aeroporto de Guarulhos (Imagem: Ministério da Saúde)

O documento destaca que o tratamento deve sempre ser acompanhado de medidas de suporte clínico – como hidratação e correção de distúrbios metabólicos – e pode ser associado à hemodiálise nos casos mais graves.

Além disso, é essencial garantir uma resposta rápida aos casos de intoxicação. A distribuição do antídoto deve priorizar hospitais com leitos de UTI e suporte dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), além de unidades sem UTI com apoio remoto especializado e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h), que podem realizar a administração inicial antes da transferência do paciente.

Aumentando o estoque

Na última sexta-feira (10), o Brasil recebeu a doação de 36 ampolas do antídoto fomepizol do governo de Portugal. O lote foi incorporado ao estoque do SUS, que agora conta com 1.036 frascos. O medicamento tem produção e oferta limitada no mundo, e não tem registro na Anvisa.

“Felizmente, tínhamos algumas unidades em estoque. Quando recebemos o pedido do Brasil, acionamos nossos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Saúde, o Instituto Camões e o Infarmed, e decidimos doar de forma emergencial, como um gesto de solidariedade ao país irmão. Esperamos contribuir para salvar vidas e enfrentar este momento de emergência em saúde”, afirmou o embaixador de Portugal no Brasil, Luis Faro Ramos. 

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Intoxicação por metanol pode levar rapidamente a quadros de acidose metabólica severa (Imagem: John Kevin/iStock)

Até agora, o Ministério da Saúde realizou a compra de 2,5 mil unidades do fomepizol. O processo, inédito no Brasil, foi conduzido com a subsidiária de uma empresa japonesa e foi viabilizado em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Os estados já receberam 1,5 mil frascos e o restante ficou no estoque do Ministério da Saúde.

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Atualização de casos

Até segunda-feira (13), o Brasil registrava 213 notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas. Dessas, 32 casos foram confirmados e 181 permanecem em investigação. Outras 320 suspeitas foram descartadas. 

Os casos de intoxicação confirmados foram em São Paulo (28), Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1). Quanto aos óbitos, 5 foram confirmados em SP e outros 9 seguem em investigação: 3 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 em MG e 1 no CE.  

Mulher segurando um pequeno copo
Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação para monitorar os casos (Imagem: Pawel Kacperek/iStock)

Em relação aos casos suspeitos, São Paulo é o estado com maior concentração, contabilizando 100 casos em investigação. Em seguida, aparecem Pernambuco com 43 suspeitas, Espírito Santo (9), Rio Grande do Sul (6), Rio de Janeiro (5), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (4), Goiás (3), Maranhão (2), Alagoas (2), Minas Gerais (1), Paraná (1) e Rondônia (1).

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.