Volte 5 anos no tempo, para 2020. Se você descrevesse tudo o que uma inteligência artificial é capaz de fazer, talvez parecesse uma maluquice. É assim que o CEO da OpenAI, Sam Altman, respondeu a uma pergunta sobre a projeção para a tecnologia nos próximos anos. O executivo concedeu entrevista por videoconferência durante a GITEX Global, uma feira de tecnologia realizada em Dubai.
Apesar disso, “o mundo seguiu. E é impressionante que a gente tenha uma inteligência artificial tão avançada” – completou Altman.
Em junho, ele escreveu um artigo em seu blog pessoal fazendo uma série de previsões.
O ano de 2025 marcou a chegada de agentes capazes de realizar trabalho cognitivo real; escrever código de computador nunca mais será o mesmo. Em 2026, provavelmente veremos o surgimento de sistemas capazes de descobrir novos insights. E em 2027, talvez cheguem os robôs capazes de executar tarefas no mundo real.
Sam Altman, em artigo
No painel desta terça-feira (14), o tema era a próxima era da inteligência e as sociedades que serão nativas das IAs. Para falar do futuro, o CEO da OpenAI citou como exemplo o Codex, um recurso de codificação da startup projetado para atuar como um assistente autônomo para engenheiros de software.
O melhor exemplo que posso dar hoje é o que o Codex está fazendo pela engenharia de software, onde você vê engenheiros individuais ou empresas inteiras agora muito mais produtivos do que jamais foram antes. E se imaginarmos isso para todo tipo de conhecimento ou trabalho, se imaginarmos isso para a própria ciência, ou se imaginarmos isso para, digamos, um crescimento econômico significativo ao imaginarmos empresas que implantaram agentes de IA em larga escala realizando trabalhos de conhecimento, acho que podemos ver facilmente o impacto que isso teria na economia como um todo — e talvez algo ainda maior com o passar do tempo.
Sam Altman, durante a GITEX Global

OpenAI e G42
No palco da GITEX, dividindo perguntas e respostas com Altman, estava Peng Xiao, CEO do G42 – um grupo com diferentes empresas de tecnologia dos Emirados Árabes Unidos. Sob esse guarda-chuva, estão companhias de energia, cibersegurança, data center e comunicação – todas com IA no DNA.
E se o assunto é tecnologia e futuro, não tem como fugir da insegurança que a nova corrida tecnológica impôs ao mercado de trabalho. Questionado se integração com as inteligências artificiais colocaria nossos empregos em risco, Peng afirmou que não dá para saber – mas que é preciso tentar.
Se eu dissesse agora que tenho uma resposta para isso, eu estaria mentindo para você. No entanto, sim, de fato, acredito que um dia, à medida que nos aproximarmos da superinteligência, talvez existam riscos adicionais que precisaremos enfrentar. Acho que a melhor forma de lidar com isso é tentar, experimentar — e especialmente, como formuladores de políticas e líderes políticos —, em vez de falar sobre isso apenas na teoria e discutir em think tanks, experimentar a IA agora mesmo, em sua casa, no seu escritório.
Peng Xiao, CEO do G42, durante a GITEX Global

Projeto Stargate nos Emirados Árabes Unidos
Em maio, a OpenAI anunciou que o projeto Stargate chegaria aos Emirados Árabes Unidos, marcando a primeira expansão fora dos Estados Unidos. A iniciativa faz parte de um plano global para construir infraestruturas de data centers capazes de sustentar os sistemas de inteligência artificial da empresa.
O complexo em Abu Dhabi será desenvolvido em etapas e tem caráter de longo prazo. A primeira fase — com 200 MW de um total de 1 GW — deve entrar em operação já em 2026.
Quando estiver concluído, o campus, que ocupará uma área de 26 km², contará com capacidade total de 5 GW.
Durante a GITEX, nós conversamos com Tinboat Arslanouk, Chief Business Officer da Khazna, empresa que faz parte do G42. No estande da companhia, uma imensa maquete mostrava como serão as instalações.
O maior desafio hoje para a implementação da inteligência artificial é a energia. Para dar um exemplo, este campus foi projetado para ter 5 GW. Há muitos países no mundo cuja capacidade total da rede elétrica nacional é menor do que isso. O esforço necessário do ponto de vista energético, e garantir que haja uma proporção significativa de energia livre de carbono, é uma tarefa enorme.
Tinboat Arslanouk, Chief Business Officer da Khazna
E não se trata apenas de um desafio financeiro ou de capital — também exige tempo.

De acordo com o G42, o data center será abastecido por energia nuclear, solar e gás natural. Além da OpenAI, o projeto envolve outras gigantes da tecnologia, como Nvidia, Oracle, Cisco e SoftBank.
Os Emirados Árabes Unidos, um grande exportador de petróleo, têm investido bilhões de dólares para se tornar um centro global de IA e vêm buscando parcerias para garantir acesso à tecnologia.