A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou seu novo relatório nesta quarta-feira (15). E a conclusão do documento não é nada animadora pensando no combate às mudanças climáticas.
Segundo a entidade, os níveis de dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera atingiram níveis recordes no ano passado. Este patamar “compromete o planeta a um aumento de temperatura a longo prazo”, destacaram os cientistas responsáveis pelo trabalho.

Ação humana e incêndios florestais foram os principais responsáveis
- O relatório aponta que as emissões foram geradas por atividades humanas e pelo aumento de incêndios florestais no planeta.
- Além disso, houve a redução da absorção de CO₂ por “sumidouros” como ecossistemas terrestres e o oceano.
- Segundo a OMM, “as taxas de crescimento de dióxido de carbono triplicaram desde a década de 1960, acelerando de um aumento médio anual de 0,8 ppm por ano para 2,4 ppm por ano na década de 2011 a 2020”.
- Já entre 2023 a 2024, a concentração média global cresceu 3,5 ppm, o maior aumento desde o início das medições modernas em 1957.
- O documento ainda aponta que as concentrações de metano e óxido nitroso também atingiram níveis recordes.
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Capacidade de absorção do CO₂ está comprometida
De acordo com o levantamento, cerca de metade do total de CO₂ emitido a cada ano permanece na atmosfera. O restante é absorvido pelos ecossistemas terrestres e oceanos. No entanto, essa capacidade de armazenamento está sendo enfraquecida pelo aumento da temperatura média global. Os cientistas explicam que os oceanos estão absorvendo menos dióxido de carbono devido à diminuição da solubilidade em temperaturas mais altas. Já os sumidouros terrestres são impactados de diversas maneiras, incluindo o potencial para secas mais persistentes.
Há uma preocupação de que os sumidouros de CO₂ terrestres e oceânicos estejam se tornando menos eficazes, o que aumentará a quantidade de dióxido de carbono que permanece na atmosfera, acelerando assim o aquecimento global. O monitoramento sustentado e reforçado dos gases de efeito estufa é fundamental para a compreensão desses ciclos.
Oksana Tarasova, cientista sênior da OMM

A agência indica que a provável razão para o crescimento recorde entre 2023 e 2024 foi a “grande contribuição das emissões de incêndios florestais e a redução da absorção de CO₂ pela terra e pelo oceano em 2024, o ano mais quente já registrado, com um forte El Niño”. E admite que os dados colocam pressão sobre os governos que, em novembro, estarão no Brasil para a COP 30.
Outro alerta se refere à concentração média global de metano que, no ano passado foi de 1.942 partes por bilhão (ppb), um aumento de 166% em relação aos níveis pré-industriais. No caso do óxido nitroso, a concentração média global atingiu 338,0 ppb em 2024, uma elevação de 25%.