Bombardeiro nuclear dos EUA sobrevoa região próxima à Venezuela; entenda o poder do B-52

Por mais de 60 anos, os B-52s fabricados pela Boeing têm sido a espinha dorsal da força de bombardeiros estratégicos dos EUA
Por Bruna Barone, editado por Layse Ventura 16/10/2025 19h23
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Bombardeiros B-52 têm capacidade para transportar até 31,5 toneladas de munição mista (Imagem: Air Force/Divulgação)
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A Força Aérea dos Estados Unidos realizou um sobrevoo com três bombardeiros B-52 em uma região próxima da Venezuela na quarta-feira (15), reforçando um possível plano de Washington para derrubar o governo de Nicolás Maduro.

Desde setembro, pelo menos oito navios americanos, um submarino nuclear e um esquadrão de caças de guerra F-35 estão monitorando movimentações no mar do Caribe, e bombardeando embarcações consideradas suspeitas.

As aeronaves utilizadas nesta semana são fabricadas pela Boeing, que diz se tratar do “bombardeiro com maior capacidade de combate do inventário americano” por sua alta capacidade de missão, de carga, longo alcance, persistência e poder de empregar armas de precisão nucleares e convencionais.

Por mais de 60 anos, os B-52s têm sido a espinha dorsal da força de bombardeiros estratégicos dos EUA, segundo a Força Aérea.

O projeto original previa um bombardeiro nuclear intercontinental de alta altitude, mas passou por mudanças até a construção do modelo H, atualmente designado ao Comando de Ataque Global da Força Aérea. A aeronave comporta até cinco pessoas (comandante de aeronave, piloto, navegador de radar, navegador e oficial de guerra eletrônica), e pode voar por mais de 14 mil quilômetros sem reabastecer.

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B-52H Stratofortress estacionado na linha de voo da Base Aérea de Barksdale, Louisiana (Imagem: Air Force/Divulgação)

Armamento pesado

Os bombardeiros B-52 têm capacidade para transportar até 31,5 toneladas de munição mista, incluindo bombas, armas inteligentes, minas, mísseis de cruzeiro lançados do ar e chamarizes lançados do ar em miniatura.

Todas as unidades podem ser equipadas com dois sensores de visualização eletro-ópticos, um infravermelho frontal e pods de mira avançados para aumentar a mira, a avaliação de batalha e a segurança de voo.

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Em um conflito convencional, o B-52 pode realizar ataques estratégicos, apoio aéreo aproximado, interdição aérea, operações ofensivas contra-aéreas e marítimas, sendo capaz de voar em altas velocidades subsônicas a altitudes de até 15 mil metros.

É altamente eficaz para vigilância oceânica e pode auxiliar a Marinha dos EUA em operações antinavio e de lançamento de minas. Em duas horas, dois B-52s podem monitorar 364.000 quilômetros quadrados da superfície do oceano.

“Os B-52 realizaram aproximadamente 1.800 missões de combate contra as forças do ISIS [Estado Islâmico] na Síria e no Iraque, contribuindo para o declínio do ISIS na região”, diz o site da Força Aérea. Na década de 1990, as aeronaves foram usadas para atingir concentrações de tropas em áreas extensas, instalações fixas e bunkers com o objetivo de “dizimar o moral da Guarda Republicana do Iraque”. 

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Em duas horas, dois B-52s podem monitorar 364.000 quilômetros quadrados da superfície do oceano (Imagem: Boeing/Divulgação)

Características gerais do B-52

  • Função primária: bombardeiro pesado
  • Motor: oito motores Pratt & Whitney TF33-P-3/103 turbofan
  • Empuxo: cada motor até 17.000 libras
  • Envergadura: 185 pés (56,4 metros)
  • Comprimento: 159 pés, 4 polegadas (48,5 metros)
  • Altura: 40 pés, 8 polegadas (12,4 metros)
  • Peso: aproximadamente 185.000 libras (83.250 quilogramas)
  • Peso máximo de decolagem: 488.000 libras (219.600 quilogramas)
  • Capacidade de combustível: 312.197 libras (141.610 quilogramas)
  • Carga útil: 70.000 libras (31.500 quilogramas)
  • Velocidade: 650 milhas por hora (Mach 0,84)
  • Alcance: 8.800 milhas (7.652 milhas náuticas)
  • Teto: 50.000 pés (15.151,5 metros)
  • Armamento: aproximadamente 70.000 libras (31.500 quilogramas) de munições mistas – bombas, minas e mísseis. (Modificado para transportar mísseis de cruzeiro lançados do ar)
  • Tripulação: cinco (comandante da aeronave, piloto, navegador de radar, navegador e oficial de guerra eletrônica)
  • Custo unitário: US$ 84 milhões dólares (constantes do ano fiscal de 2012)
  • Capacidade operacional inicial: abril de 1952
  • Inventário: Força ativa, 58 (teste, 4); ANG, 0; Reserva, 18
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Modelo pode voar por mais de 14 mil quilômetros sem reabastecer (Imagem: Boeing/Divulgação)

Tensão na Venezuela

A Casa Branca tem sustentado o que chama de operação de combate ao tráfico de drogas no Caribe alegando que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, considerado um grupo terrorista pelos EUA, o que coloca o ditador na posição de fugitivo da Justiça. O governo americano chegou a oferecer uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 272 milhões) por informações que levem à prisão do venezuelano.

“Se você olhar o tipo de equipamento enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis”, disse o cientista Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA, ao G1

A visão é compartilhada pelo doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil Maurício Santoro, que não descarta a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela:

“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse à reportagem.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.