Parasitas que lembram pipocas, crustáceos translúcidos e vermes incomuns estão entre as 14 novas espécies recentemente descobertas nos oceanos do planeta.
A lista, divulgada por pesquisadores do projeto Ocean Species Discoveries, representa mais um passo em uma iniciativa global para acelerar a identificação e descrição de formas de vida marinha ainda desconhecidas.

Os cientistas estimam que existam cerca de dois milhões de espécies marinhas vivas, embora apenas uma pequena fração delas tenha sido oficialmente nomeada e descrita.
O novo projeto busca reduzir essa lacuna por meio da publicação de descrições concisas e de alta qualidade das novas espécies. “Nossa visão compartilhada é tornar a taxonomia mais rápida, eficiente, acessível e visível”, afirmam os autores do estudo, publicado no Biodiversity Data Journal.
Coleção de novas espécies que vivem nos oceanos
- Esta é a segunda grande coleção de descobertas do grupo, que, agora, inclui duas novas gêneras entre as 14 espécies descritas. Elas foram encontradas em diferentes regiões do mundo e em profundidades impressionantes;
- A mais profunda delas é o molusco Veleropilina gretchenae, recuperado na Fossa das Aleutas, a 6.465 metros de profundidade;
- Outro molusco, o bivalve Myonera aleutiana, foi encontrado próximo às Ilhas Aleutas, a 5.280 metros, cerca de 800 metros mais fundo do que qualquer outro membro já conhecido de seu gênero;
- Entre os crustáceos, o destaque é Apotectonia senckenbergae, localizado em um campo de fontes hidrotermais na Dorsal de Galápagos, a 2.602 metros de profundidade;
- Já a espécie talvez mais curiosa é o isópode parasita Zeaione everta, cujas fêmeas apresentam saliências nas costas que lembram pipocas estouradas. O nome do novo gênero, Zeaione, faz referência ao gênero de plantas Zea (que inclui o milho) e à semelhança visual. O animal foi encontrado na zona entre marés da Austrália e também representa um novo gênero.

Outro caso notável é o do molusco Laevidentalium wiesei, conhecido como “tusk shell” ou concha em forma de presa, encontrado a mais de cinco mil metros de profundidade. Os cientistas observaram que ele abrigava uma anêmona-do-mar presa à parte externa de sua concha – a primeira vez que esse tipo de relação simbiótica é registrada nesse gênero.
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Ainda falta muito
De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, dos EUA (NOAA, na sigla em inglês), cerca de 91% das espécies oceânicas ainda não foram classificadas e mais de 80% do oceano permanece inexplorado. Estima-se que apenas 0,001% do assoalho marinho tenha sido diretamente observado. Mesmo diante desse vasto desconhecimento, iniciativas, como o Ocean Species Discoveries estão ajudando a revelar, pouco a pouco, o que existe nas profundezas do nosso próprio planeta.
