Superinteligência é exagero e bolha da IA está a caminho, diz ex-Meta

Nick Clegg acredita que o setor precisa encarar os limites reais da tecnologia e se preparar para uma correção inevitável
Leandro Costa Criscuolo16/10/2025 17h35
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Imagem: Ms Jane Campbell/Shutterstock
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O ex-vice-primeiro-ministro britânico e ex-presidente de assuntos globais da Meta, Nick Clegg, afirmou que a chance de uma correção de mercado no setor de inteligência artificial é “bastante alta”.

Em entrevista à CNBC, Clegg disse que o atual entusiasmo em torno da IA gerou “avaliações inacreditáveis e malucas”, com negociações ocorrendo “de hora em hora” em um clima de euforia.

“Você tem que pensar: uau, isso pode estar caminhando para uma correção”, afirmou, destacando que o ritmo acelerado de investimentos e a disparidade entre valor de mercado e fundamentos econômicos lembram períodos clássicos de bolha.

Segundo ele, a grande questão será se os hiperescaladores, como Microsoft, Amazon e Google, conseguirão recuperar os bilhões investidos em data centers e provar que seus modelos são sustentáveis a longo prazo.

Euforia da IA preocupa ex-executivo da Meta – Imagem: Ms Jane Campbell/Shutterstock

Forças que alimentam a bolha da IA

  • Clegg explica como o capital está entrando no setor com expectativas irreais de retorno rápido, impulsionando startups e grandes empresas a níveis quase sem paralelo.
  • Com investimentos maciços em infraestrutura, gigantes de tecnologia estão comprometendo centenas de bilhões em servidores e data centers, mas a lucratividade desses projetos ainda é incerta.
  • Muitos apostam que a IA superará o intelecto humano, mas Clegg considera essa visão exagerada e pouco fundamentada nos limites atuais da tecnologia.

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Superinteligência ou hype?

Clegg criticou a busca pela chamada superinteligência artificial, frequentemente tratada como o “Santo Graal” da tecnologia. Segundo ele, há limites claros para os sistemas probabilísticos atuais, e a crença de que a IA se tornará mais inteligente do que os humanos está sendo superestimada.

“Acredito que essa tecnologia não será tão vibrante quanto muitos sugerem — mas isso não significa que ela não vá prosperar e ter impacto real”, disse.

Ex-executivo da Meta diz que investimentos bilionários em data centers podem não se pagar – Imagem: khunkornStudio/Shutterstock

O ex-ministro lembrou que a Meta, Amazon e Google também sobreviveram ao colapso das pontocom, e que períodos de retração podem até fortalecer empresas mais resilientes.

“As melhores companhias são frequentemente construídas durante recessões, quando os líderes são forçados a operar com mais eficiência”, observou.

Clegg acrescentou que, embora a IA seja uma força transformadora, a adoção social e econômica será muito mais lenta do que o Vale do Silício imagina.

“As pessoas presumem que, se você inventa uma tecnologia na terça, todos vão usá-la na quinta. Mas levou 20 anos para popularizar a computação pessoal. O mesmo vale para a IA.”

A posição de Clegg ecoa vozes como a de Jeff Bezos, que reconheceu recentemente que existe uma “bolha industrial” em torno da IA, mas afirmou que a tecnologia é real e vai transformar todos os setores.

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Bolha da IA está se formando e pode estourar em breve, alerta Nick Clegg – Imagem: tadamichi/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.