A depressão causa tristeza profunda, perda de interesse, irritabilidade e mudanças de humor persistentes. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 11,5 milhões de pessoas sofram com o transtorno mental, o que representa 5,8% da população.
Um dos principais desafios para identificar a doença são os sintomas subjetivos. No entanto, um estudo aponta que a inteligência artificial pode ajudar a diagnosticar a depressão a partir das mudanças nas expressões faciais.

Movimentos podem ser muito sutis
- Segundo pesquisadores da Universidade Waseda, no Japão, mesmo em casos de depressão leve, o paciente se torna menos expressivo.
- Essa mudança de comportamento é sutil e quase imperceptível para os humanos.
- Mas ferramentas de IA são capazes de detectar estes sinais.
- Dessa forma, a equipe utilizou a tecnologia para analisar alterações nas expressões faciais de jovens adultos japoneses.
- Os resultados revelaram padrões distintos de movimento muscular relacionados a sintomas depressivos.
- Nestes casos, os pacientes apresentaram elevação da sobrancelha interna, levantamento da pálpebra superior, alongamento dos lábios e abertura da boca.
- As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Scientific Reports.
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Ferramenta de IA pode facilitar diagnóstico de depressão
Durante o trabalho, os cientistas utilizaram vídeos curtos de autoapresentação de 64 estudantes universitários japoneses. Esse material foi avaliado por outro grupo, composto por 63 estudantes, que analisou quão expressivos, simpáticos, naturais ou agradáveis os participantes pareciam ser.
Ao mesmo tempo, a equipe utilizou o OpenFace 2.0, um sistema de inteligência artificial capaz de rastrear micromovimentos musculares do rosto. A tecnologia conseguiu identificar mudanças de padrão de movimento no rosto durante relatos de depressão limítrofe, um estado em que há sintomas leves que, em geral, não atendem a critérios de diagnóstico.

Nosso método, que combina vídeos curtos com análise automatizada de expressões faciais, pode ser aplicado para rastrear e detectar sinais de saúde mental em escolas, universidades e ambientes de trabalho. De modo geral, nosso estudo oferece uma ferramenta inovadora, acessível e não invasiva de análise facial baseada em inteligência artificial para a detecção precoce da depressão — antes do surgimento dos sintomas clínicos.
Eriko Sugimori, professora da Universidade Waseda e uma das autoras do estudo