Fortaleza de 3.500 anos revela sistema de defesa do antigo Egito

Escavação também revelou forno para assar pão e massa fossilizada, confirmando que a cidadela era um centro para a vida diária de soldados
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 20/10/2025 06h01
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Nova fortaleza cobre uma área de aproximadamente 8.000 metros quadrados (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)
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Uma equipe de arqueólogos egípcios descobriu uma fortaleza militar que remonta ao Novo Império, há 3.500 anos, no sítio arqueológico de Tell el-Kharouba, no Sinai do Norte. Trata-se de uma das maiores e mais importantes fortalezas descobertas na Rota de Guerra de Hórus, localizada perto da costa do Mediterrâneo, segundo o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, e demonstra o “brilhantismo do planejamento militar dos reis”.

A descoberta arqueológica se soma a uma série de fortificações defensivas criadas para proteger as fronteiras orientais do país e assegurar as rotas estratégicas mais importantes que conectavam o antigo Egito à Palestina, reforçando a estratégia de sistema de defesa integrado da época.

“Cada fortaleza descoberta acrescenta uma nova camada à nossa compreensão da organização militar e defensiva do Egito faraônico e confirma que a civilização egípcia não se limitava apenas a templos e túmulos, mas sim a um estado de instituições sólidas, capazes de proteger seu território e suas fronteiras”, afirmou o Dr. Mohamed Ismail Khaled, Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.

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Entrada secundária de 2,20 metros de largura no meio da muralha sul (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Estrutura gigante

Os trabalhos de escavação revelaram uma parte da muralha sul da cidadela, com aproximadamente 105 metros de comprimento e 2,5 metros de largura, além de uma entrada secundária de 2,20 metros de largura no meio. Onze torres defensivas também foram descobertas até o momento. A torre noroeste e partes das muralhas norte e oeste também foram descobertas, embora a missão tenha enfrentado desafios significativos devido às dunas de areia movediças que cobriam grande parte do sítio.

Um muro em zigue-zague de 75 metros de comprimento no lado oeste da cidadela, dividindo-a de norte a sul, circunda uma área residencial destinada a soldados. “Trata-se de um projeto arquitetônico característico da era do Império Novo, refletindo a capacidade dos antigos arquitetos egípcios de se adaptarem ao ambiente hostil”, diz o professor Mohamed Abdel Badie, chefe do Setor de Antiguidades Egípcias.

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Alça de vaso estampada com o nome do Rei Tutmés I (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Vários fragmentos de cerâmica e vasos também foram encontrados, incluindo depósitos de fundação sob uma das torres que datam da primeira metade da XVIII Dinastia, bem como uma alça de vaso estampada com o nome do Rei Tutmés I. Quantidades de rocha vulcânica, provavelmente transportadas pelo mar dos vulcões das ilhas gregas, também foram identificadas, juntamente com um grande forno para assar pão e quantidades adjacentes de massa fossilizada, confirmando que a cidadela era um centro abrangente para a vida diária dos soldados.

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Em transformação

Estudos preliminares demonstraram que a cidadela passou por várias etapas de restauração e modificação ao longo dos tempos, incluindo a alteração do projeto da entrada sul em mais de uma ocasião. Nos próximos meses, a missão espera concluir as escavações para revelar as muralhas remanescentes e as estruturas associadas, o que pode ajudar a encontrar o porto militar que servia à cidadela na área próxima à costa.

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Massa fossilizada mostra que a cidadela era um centro abrangente para a vida diária dos soldados (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

A nova fortaleza cobre uma área de aproximadamente 8.000 metros quadrados, três vezes o tamanho da fortaleza descoberta no mesmo local na década de 1980, localizada a aproximadamente 700 metros a sudoeste da estrutura atual. Outras estruturas notáveis que formam a Rota de Guerra de Hórus incluem Tell Habwa, Tell el-Burj e Tell el-Abyad, todas datadas do Novo Império.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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