Cogumelos são extremamente variados, assim como suas propriedades e efeitos. Enquanto alguns podem ser deliciosos como ingredientes culinários, outros são potencialmente fatais.
Muitas espécies de cogumelos venenosos se assemelham a variedades comestíveis, tornando a identificação deles algo fundamental. No entanto, é importante destacar que não é recomendável coletar e ingerir cogumelos encontrados “por aí”.
Para o público em geral, a lição mais importante é a cautela. A identificação de cogumelos é extremamente complexa, e confundir uma espécie comestível com uma fatal é fácil, o que torna a coleta deles na natureza arriscada. Os venenosos mais letais podem ser separados em algumas categorias e compartilham características que podem enganar:
- Cogumelos que causam sintomas precocemente (em até 2 horas) são, paradoxalmente, menos perigosos do que aqueles com sintomas tardios (após 6 horas). O atraso significa que as toxinas já fizeram um dano profundo em órgãos como fígado e rins.
- Espécies como o Amanita virosa e o Amanita ocreata (o “anjo destruidor” do oeste norte-americano) são brancos, parecendo inofensivos, mas carregam as mesmas amatoxinas do chapéu-da-morte.
- As toxinas protoplasmáticas, como as amatoxinas, agem destruindo as células. Elas não causam problemas no tato, mas são ativadas ao serem mastigadas e absorvidas pelo organismo, atacando primariamente o fígado.
- A semelhança visual entre cogumelos mortais e espécies comestíveis é o principal motivo dos envenenamentos. Por exemplo, o Amanita phalloides pode ser confundido com o cogumelo-palha (Volvariella volvacea) ou com certas espécies de Russula.
Conforme publicado na BBC Wildlife Magazine, a ingestão de cogumelos tóxicos pode causar desde desconforto gastrointestinal severo até falência de órgãos e morte. Confira uma lista dos oito cogumelos mais mortais e venenosos do mundo, com detalhes sobre sua identificação, origem, as toxinas que contêm e seus efeitos devastadores no corpo humano.
8 dos cogumelos mais venenosos do mundo
- Chapéu-da-morte ( Amanita phalloides )
- Anjo-destruidor ( Amanita virosa , Amanita ocreata e outras espécies)
- Cortinário-mortal ( Cortinarius rubellus e Cortinarius orellanus )
- Sino-funeral ( Galerina marginata )
- Cone-tolo ( Conocybe filaris ou Pholiotina filaris )
- Coral-de-fogo-venenoso ( Podostroma cornu-damae ou Trichoderma cornu-damae )
- Falso-morel ( Gyromitra esculenta )
- Lepiota-mortal ( Lepiota brunneoincarnata )
Chapéu-da-morte (Amanita phalloides)

Considerado o cogumelo mais venenoso do mundo, o Chapéu-da-morte é responsável pela maioria das mortes por envenenamento por cogumelos.
- Origem: nativo da Europa, foi introduzido em outras partes do mundo, incluindo a América do Norte.
- Identificação: possui um chapéu que varia do verde-oliva ao amarelado, com uma superfície lisa. As lamelas (a parte de baixo do chapéu) e o estipe (caule) são brancos. Uma característica distintiva é a presença de um anel em forma de saia no estipe e uma volva (uma estrutura em forma de saco) na base.
- Toxicidade e efeitos no corpo: contém amatoxinas, principalmente a alfa-amanitina, que são termoestáveis, ou seja, não são destruídas pelo cozimento. Essas toxinas atacam principalmente o fígado e os rins. Os sintomas iniciais, que incluem náuseas, vômitos e diarreia, aparecem de 6 a 12 horas após a ingestão e podem ser seguidos por uma aparente melhora. No entanto, a toxina continua a destruir as células do fígado e dos rins, levando à falência desses órgãos, coma e morte em poucos dias se não houver tratamento, que pode incluir um transplante de fígado.
Anjo-destruidor (Amanita virosa, Amanita ocreata e outras espécies)

Este grupo de cogumelos brancos e mortais é facilmente confundido com espécies comestíveis, como o cogumelo-do-campo.
- Origem: Amanita virosa é encontrado na Europa e norte da Ásia, enquanto Amanita ocreata é nativo da costa oeste da América do Norte.
- Identificação: são caracterizados por sua cor branca pura em todo o cogumelo, incluindo o chapéu, as lamelas e o estipe. Assim como o Chapéu-da-morte, possuem um anel no estipe e uma volva na base, que pode estar enterrada.
- Toxicidade e efeitos no corpo: também contêm amatoxinas e causam um envenenamento semelhante ao do Chapéu-da-morte. A ingestão de apenas um cogumelo pode ser fatal. O mecanismo de ação é o mesmo, com as toxinas inibindo a produção de proteínas essenciais nas células do fígado e dos rins, levando à necrose celular e falência dos órgãos.
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Cortinário-mortal (Cortinarius rubellus e Cortinarius orellanus)

Estes cogumelos são perigosos devido ao longo período de latência de seus sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico.
- Origem: encontrados na Europa e na América do Norte.
- Identificação: possuem chapéus de cor marrom-avermelhada a laranja e lamelas de cor semelhante. Uma característica do gênero Cortinarius é a presença de uma cortina (uma estrutura semelhante a uma teia de aranha que protege as lamelas nos cogumelos jovens).
- Toxicidade e efeitos no corpo: contêm uma potente nefrotoxina chamada orelanina. Os sintomas de envenenamento podem levar de dois dias a três semanas para aparecer e incluem sintomas semelhantes aos da gripe, seguidos de insuficiência renal. Em muitos casos, o dano renal é irreversível, necessitando de diálise ou transplante de rim.
Sino-funeral (Galerina marginata)

Este pequeno cogumelo marrom que cresce em madeira em decomposição contém as mesmas toxinas mortais que o Chapéu-da-morte.
- Origem: amplamente distribuído no Hemisfério Norte, incluindo a Eurásia e a América do Norte.
- Identificação: possui um chapéu pequeno, de cor marrom a amarelada, que é pegajoso quando úmido. O estipe tem um anel delicado que pode desaparecer com o tempo.
- Toxicidade e efeitos no corpo: contém amatoxinas, resultando em sintomas e um prognóstico semelhantes aos do envenenamento por Chapéu-da-morte e Anjo-destruidor. A ingestão causa danos severos ao fígado, com sintomas gastrointestinais iniciais seguidos de falência hepática.
Cone-tolo (Conocybe filaris ou Pholiotina filaris)

Um cogumelo de aparência inocente, frequentemente encontrado em gramados e jardins, que pode ser facilmente confundido com espécies inofensivas.
- Origem: comum na região do Pacífico Noroeste da América do Norte.
- Identificação: é um pequeno cogumelo marrom com um chapéu cônico a em forma de sino e um estipe fino com um anel membranoso.
- Toxicidade e efeitos no corpo: surpreendentemente, contém as mesmas amatoxinas encontradas nos cogumelos Amanita. A ingestão, mesmo em pequenas quantidades, pode levar a danos hepáticos graves e fatais. Os sintomas são retardados, começando com problemas gastrointestinais e progredindo para insuficiência hepática.
Coral-de-fogo-venenoso (Podostroma cornu-damae ou Trichoderma cornu-damae)

Este cogumelo de aparência única é extremamente tóxico e difere na forma dos cogumelos tradicionais.
- Origem: encontrado no Japão, Coreia e outras partes da Ásia.
- Identificação: não possui o formato clássico de chapéu e estipe. Em vez disso, tem corpos de frutificação vermelhos e em forma de chifre ou dedo que crescem no chão.
- Toxicidade e efeitos no corpo: contém micotoxinas tricotecenas potentes. A ingestão deste cogumelo pode causar uma ampla gama de sintomas, incluindo dor de estômago, descamação da pele, perda de cabelo, pressão arterial baixa e, em casos graves, falência de múltiplos órgãos e morte.
Falso-morel (Gyromitra esculenta)

Apesar de ser consumido em algumas culturas após um preparo cuidadoso, o Falso-morel é potencialmente mortal se ingerido cru ou mal cozido.
- Origem: encontrado na Europa e na América do Norte.
- Identificação: possui um chapéu que se assemelha a um cérebro, com uma superfície enrugada e de cor marrom-avermelhada. O interior é oco.
- Toxicidade e efeitos no corpo: contém uma toxina chamada giromitrina, que o corpo metaboliza em monometil-hidrazina (um componente do combustível de foguete). Esta substância é tóxica para o sistema nervoso central e para o fígado, podendo causar tonturas, vômitos e, em casos graves, delírio, coma e morte. A toxina também é volátil e pode ser inalada durante o cozimento.
Lepiota-mortal (Lepiota brunneoincarnata)

Este cogumelo de aparência comum pode ser facilmente confundido com espécies comestíveis, representando um sério risco.
- Origem: encontrado na Europa e em partes da Ásia.
- Identificação: possui um chapéu com escamas marrons sobre um fundo mais claro e um estipe com um anel.
- Toxicidade e efeitos no corpo: contém amatoxinas, as mesmas toxinas mortais encontradas no Chapéu-da-morte. A ingestão deste cogumelo leva a um envenenamento grave com um padrão de sintomas semelhante: uma fase inicial de distúrbios gastrointestinais, seguida por uma remissão enganosa e, finalmente, falência hepática e renal.
Aviso Importante: a identificação de cogumelos selvagens para consumo deve ser feita apenas por especialistas. Em caso de suspeita de envenenamento por cogumelos, procure atendimento médico de emergência imediatamente.