Pesquisadores conseguiram, pela primeira vez, restaurar parcialmente a visão de pessoas com uma forma grave de degeneração macular relacionada à idade (DMAE) utilizando um implante de retina protético. Caso aprovado para uso mais amplo, o dispositivo pode melhorar a qualidade de vida de cerca de um milhão de pessoas nos Estados Unidos que perdem a visão central devido à doença, especialmente idosos. As informações são do The New York Times.
A perda de visão ocorre quando células na parte central da retina morrem, resultando em atrofia geográfica. Os pacientes veem um ponto negro no centro do campo visual, mantendo apenas uma borda periférica. Embora a visão periférica seja preservada, essas pessoas enfrentam dificuldade para ler, reconhecer rostos e se locomover.
Em um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, 27 dos 32 participantes conseguiram ler novamente com a ajuda do implante.

Como funciona o implante de retina
O implante não restaura a visão normal: ela é preto e branco, borrada e com campo de visão limitado. No entanto, pacientes que antes mal enxergavam ganharam, em média, cinco linhas em um teste padrão de acuidade visual. O sistema funciona com:
- Um chip retinal do tamanho de um alfinete, inserido na retina para substituir células mortas;
- Um par de óculos com câmera que captura imagens e as converte em sinais de infravermelho;
- Um software que projeta os sinais sobre o implante, estimulando os neurônios remanescentes da retina;
- Função de zoom que amplia imagens, permitindo leitura, embora de forma mais lenta.

Treinamento e resultados
A visão restaurada exige treinamento, que pode levar meses, pois enxergar com o implante e a câmera é diferente da visão natural. Apesar disso, os pesquisadores ressaltam que, para pacientes que quase não enxergavam, recuperar mesmo uma visão limitada é transformador.
Efeitos colaterais foram observados em 19 pacientes, incluindo aumento da pressão ocular, rupturas na retina e sangramentos. Segundo o estudo, esses efeitos foram principalmente gerenciáveis e se resolveram em até dois meses.
O dispositivo foi desenvolvido pela francesa Pixium Vision, comprada pela Science Corporation, que agora busca autorização para comercializar o implante na Europa e nos Estados Unidos. Daniel Palanker, inventor do chip e professor de física em Stanford, começou a trabalhar no dispositivo há 21 anos.

Próximos passos e perspectivas
Palanker afirma que o dispositivo atual é apenas o começo e que uma versão aprimorada, com resolução muito melhor, já mostrou resultados promissores em testes preliminares com ratos.
Principais pontos sobre o implante:
- Destinado a pacientes com perda de fotorreceptores na retina central;
- Permite leitura e reconhecimento de formas básicas;
- Necessita de câmera acoplada a óculos para captar imagens;
- Requer treinamento prolongado para adaptação;
- Efeitos colaterais são geralmente controláveis;
- Novo modelo promete maior resolução e melhor experiência visual.
Especialistas destacam que, embora ainda limitado, o avanço representa uma esperança inédita para milhões de pessoas com degeneração macular avançada.
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