Inteligência artificial cria “clones digitais” que ajudam em decisões médicas críticas

Pesquisadores usam inteligência artificial para criar “clones digitais” que ajudam em decisões médicas críticas
Por Valdir Antonelli, editado por Layse Ventura 21/10/2025 07h30
Pessoa com um tablet na mão direita toca, com a mão esquerda, em um símbolo da Cruz Vermelha tridimensional
Saúde também pode ser beneficiada (Imagem: raker/Shutterstock)
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Nos últimos anos, cientistas vêm se perguntando se a inteligência artificial poderia ajudar médicos e familiares a tomar decisões médicas complexas quando pacientes não conseguem se expressar.

Agora, pesquisadores da Universidade de Washington estão dando os primeiros passos para criar “clones digitais” de pacientes, capazes de prever suas preferências em situações críticas de saúde, segundo a Ars Technica.

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Projeto quer criar “clones digitais” de pacientes, capazes de prever suas preferências em situações críticas de saúde. Imagem: Nan_Got / Shutterstock

Uso futuro depende de aprovação ética rigorosa

O projeto é liderado pelo pesquisador Muhammad Aurangzeb Ahmad, que atua no Hospital Harborview, da Universidade de Washington, e comenta que a tecnologia ainda é muito nova, com poucas pessoas trabalhando no tema.

Ahmad explica que a ideia é treinar modelos de IA com dados médicos do paciente para criar um assistente digital que possa ajudar familiares e médicos a tomar decisões alinhadas aos valores do paciente.

Usamos essas informações, alimentamos um modelo preditivo de aprendizado de máquina e, em seguida, nos dados retrospectivos, observamos o desempenho do modelo.

Muhammad Aurangzeb Ahmad, líder do projeto, ao ArsTechnica.

O sistema ainda não foi testado em pacientes, e qualquer uso futuro dependerá de aprovação ética rigorosa. “A exploração cuidadosa de ideias inovadoras, como o uso responsável e transparente de IA em decisões de fim de vida, reflete nosso compromisso em avançar na ciência e na compaixão médica”, comenta Susan Green, porta-voz da UW Medicine.

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Apesar das expectativas, fatores éticos voltados para o uso responsável e transparente de IA em decisões de fim de vida, precisam ser avaliados. Imagem: Phanphen Kaewwannarat / iStock

Inteligência artificial não deve substituir os humanos

Apesar das expectativas em relação ao projeto, especialistas alertam que a IA não pode substituir os humanos. Emily Moin, médica em uma unidade de terapia intensiva, afirmou ao Ars que “essas decisões são muito complexas e emocionalmente carregadas”. Por isso, ela acredita que “um humano ainda é essencial, pois conhece o paciente de verdade.”

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Estudos recentes sugerem que a IA pode ter precisão de até 70% ao prever preferências sobre procedimentos como reanimação cardiopulmonar, mas ainda enfrenta limitações éticas e técnicas.

A IA não nos absolverá de tomar decisões difíceis, especialmente sobre vida ou morte.

Robert Truog, especialista em bioética, ao ArsTechnica.
IA medicina
A IA deve ser um ponto de partida para decisões médicas, não a decisão final, que deve continuar com um humano. Imagem: LALAKA/Shutterstock

Como é possível criar uma cópia digital do paciente?

Ahmad acredita que, no futuro, pacientes poderiam interagir com seus “clones digitais” ao longo da vida, permitindo que a IA aprenda continuamente suas preferências. Para isso, seria preciso:

  • Reunir dados médicos, demográficos e históricos do paciente.
  • Analisar registros eletrônicos de saúde e decisões médicas passadas.
  • Processar conversas e mensagens aprovadas pelo paciente para captar valores pessoais.
  • Treinar modelos de IA para prever preferências em cenários críticos.
  • Validar resultados com feedback de humanos, garantindo segurança e ética.

No entanto, especialistas como Teva Brender alertam que a “IA deve ser um ponto de partida para decisões, não a decisão final”.

Embora o conceito de IA como assistente de decisões médicas esteja apenas começando, ele levanta questões éticas e práticas fundamentais sobre como equilibrar tecnologia, autonomia do paciente e cuidado humano, destacando a necessidade de transparência, testes rigorosos e diálogo público sobre o uso da IA na medicina.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.