Como Sam Altman fez gigantes da tecnologia dependerem da OpenAI

Altman firmou acordos bilionários com Nvidia, Microsoft, Oracle e AMD, tornando a OpenAI o centro de uma corrida por poder computacional
Ana Luiza Figueiredo21/10/2025 12h11
À esquerda, um pouco desfocado, o logo da OpenAI/ChatGPT; à direita, imagem de Sam Altman pensativo e com um dedo em sinal de silêncio na frente da boca
Sam Altman, CEO da OpenAI (Imagem: Mijansk786/Shutterstock)
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Sam Altman transformou a OpenAI em um ponto de convergência para as maiores empresas de tecnologia do mundo. O CEO, conhecido por seu estilo agressivo de negociação, costurou acordos bilionários que conectaram gigantes como Nvidia, Microsoft, Oracle, AMD, Broadcom e SoftBank ao futuro da empresa de inteligência artificial.

Altman conseguiu usar a disputa entre gigantes do Vale do Silício a favor da OpenAI, estimulando uma corrida para garantir espaço em uma das empresas mais influentes da era da IA. Essa estratégia elevou a startup a um patamar em que seu sucesso — ou fracasso — tem impacto direto sobre toda a economia de tecnologia dos Estados Unidos.

openai parcerias
OpenAI amarrou seu sucesso com o de algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo (Imagem: Ana Figueiredo / Olhar Digital)

Parcerias bilionárias e dependência crescente

A Nvidia foi uma das primeiras a se aproximar da OpenAI, fornecendo chips que impulsionaram a ascensão do ChatGPT. Mas, após ver a SoftBank anunciar um megaprojeto de infraestrutura de IA ao lado de Altman, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, decidiu reagir. Pouco tempo depois, fechou com a OpenAI um acordo estimado em US$ 100 bilhões, considerado o maior projeto de computação da história.

Altman também firmou contratos de grande porte com outras companhias. A Oracle, por exemplo, assinou um acordo de US$ 300 bilhões para fornecer capacidade em nuvem à OpenAI, impulsionando suas ações em quase 40% logo após o anúncio. A AMD e a Broadcom seguiram o mesmo caminho, enquanto a Microsoft, parceira de longa data, reduziu temporariamente seu envolvimento para equilibrar investimentos.

Chip da OpenAI
Fornecedoras de chips e capacidade de nuvem firmaram parcerias com a OpenAI (Imagem: DesignRage / Shutterstock.com)

Essas movimentações criaram um efeito cascata no mercado: em apenas quatro dias de negociações, após anúncios de novos contratos ligados à OpenAI, empresas como Oracle, Nvidia, AMD e Broadcom somaram US$ 630 bilhões em valor de mercado.

Ambição sem limites

Mesmo diante de lucros ainda modestos, Altman continua apostando em expansão. A OpenAI deve gerar US$ 13 bilhões em receita este ano, uma fração dos US$ 650 bilhões em compromissos com infraestrutura de computação firmados com seus parceiros.

O executivo planeja construir 250 gigawatts em capacidade de computação até 2033, o que custaria mais de US$ 10 trilhões em valores atuais — energia suficiente para abastecer um país do porte da Alemanha. Para Altman, esses investimentos são essenciais para sustentar o crescimento de produtos como o Sora, aplicativo de vídeo que rapidamente se tornou um sucesso na App Store.

logo da openai em celular cercado de dólares
A OpenAI continua a investir de forma pesada, enquanto os retornos – embora significativos – ainda estão bem abaixo do que está sendo injetado na empresa (Imagem: Ascannio / Shutterstock.com)

“Você só precisa confiar no exponencial”, disse Altman em um evento em Tóquio. “Não somos feitos para compreender isso, mas é preciso confiar.”

Bastidores das negociações

O relacionamento de Altman com os executivos por trás desses acordos é marcado por intensas conversas e reviravoltas. Em 2023, ele se aproximou de Masayoshi Son, CEO da SoftBank, que o hospedou em sua mansão no Japão — apelidada de “Versailles” por sua grandiosidade. Foi ali que nasceram os planos do projeto Stargate, uma iniciativa de US$ 500 bilhões para construir data centers dedicados à OpenAI.

Apesar de divergências sobre a localização dos centros, a parceria com Son ajudou a impulsionar o entusiasmo de investidores e estimulou novas ofertas de colaboração.

Enquanto isso, a relação com a Microsoft sofreu altos e baixos. Após recusar um investimento adicional de US$ 100 bilhões proposto por Altman, o CEO Satya Nadella chegou a comentar publicamente que os planos da OpenAI pareciam “exagerados”. Pouco depois, porém, a empresa retomou as negociações e anunciou um novo centro de dados de IA em Wisconsin, em parte dedicado aos modelos da OpenAI.

Corrida pelos chips de IA

No meio do ano, rumores de que a OpenAI estaria testando chips do Google acenderam alertas na Nvidia, que então retomou conversas diretas com Altman. O resultado foi um contrato de US$ 350 bilhões para o aluguel de milhões de chips, além da possibilidade de um investimento adicional de US$ 100 bilhões por parte da Nvidia.

Pouco depois, a AMD também se aproximou da OpenAI. Em outubro, anunciou um acordo que inclui até 10% de suas ações futuras como incentivo para o uso de seus novos chips da linha Instinct. As ações da fabricante subiram 24% em um único dia após o anúncio.

OpenAI anuncia redução de 30% no viés político do ChatGPT
OpenAI usa a concorrência entre as big techs para conseguir mais investimentos para a OpenAI (Imagem: Teacher Photo / Shutterstock.com)

“O que me tira o sono é conseguir entregar o máximo de poder computacional possível para Sam e Greg, para que eles liberem o potencial da IA”, afirmou Lisa Su, CEO da AMD, ao The Wall Street Journal.

A Broadcom foi a próxima a seguir o mesmo caminho, assinando um acordo de dimensões equivalentes ao da Nvidia, com 10 gigawatts de capacidade de computação destinados à OpenAI.

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Aposta de alto risco

Os acordos reforçam o papel central da OpenAI no ecossistema global de inteligência artificial. Ao mesmo tempo, ampliam as preocupações de que o entusiasmo em torno da tecnologia possa estar criando uma bolha financeira sustentada por expectativas sobre o desempenho de uma única empresa.

Ainda assim, investidores seguem confiantes no projeto de Altman, que, como comentou o The Wall Street Journal, amarrou o destino de toda uma indústria à visão de um único executivo — e fez da OpenAI uma empresa grande demais para falhar.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.