Sam Altman transformou a OpenAI em um ponto de convergência para as maiores empresas de tecnologia do mundo. O CEO, conhecido por seu estilo agressivo de negociação, costurou acordos bilionários que conectaram gigantes como Nvidia, Microsoft, Oracle, AMD, Broadcom e SoftBank ao futuro da empresa de inteligência artificial.
Altman conseguiu usar a disputa entre gigantes do Vale do Silício a favor da OpenAI, estimulando uma corrida para garantir espaço em uma das empresas mais influentes da era da IA. Essa estratégia elevou a startup a um patamar em que seu sucesso — ou fracasso — tem impacto direto sobre toda a economia de tecnologia dos Estados Unidos.

Parcerias bilionárias e dependência crescente
A Nvidia foi uma das primeiras a se aproximar da OpenAI, fornecendo chips que impulsionaram a ascensão do ChatGPT. Mas, após ver a SoftBank anunciar um megaprojeto de infraestrutura de IA ao lado de Altman, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, decidiu reagir. Pouco tempo depois, fechou com a OpenAI um acordo estimado em US$ 100 bilhões, considerado o maior projeto de computação da história.
Altman também firmou contratos de grande porte com outras companhias. A Oracle, por exemplo, assinou um acordo de US$ 300 bilhões para fornecer capacidade em nuvem à OpenAI, impulsionando suas ações em quase 40% logo após o anúncio. A AMD e a Broadcom seguiram o mesmo caminho, enquanto a Microsoft, parceira de longa data, reduziu temporariamente seu envolvimento para equilibrar investimentos.

Essas movimentações criaram um efeito cascata no mercado: em apenas quatro dias de negociações, após anúncios de novos contratos ligados à OpenAI, empresas como Oracle, Nvidia, AMD e Broadcom somaram US$ 630 bilhões em valor de mercado.
Ambição sem limites
Mesmo diante de lucros ainda modestos, Altman continua apostando em expansão. A OpenAI deve gerar US$ 13 bilhões em receita este ano, uma fração dos US$ 650 bilhões em compromissos com infraestrutura de computação firmados com seus parceiros.
O executivo planeja construir 250 gigawatts em capacidade de computação até 2033, o que custaria mais de US$ 10 trilhões em valores atuais — energia suficiente para abastecer um país do porte da Alemanha. Para Altman, esses investimentos são essenciais para sustentar o crescimento de produtos como o Sora, aplicativo de vídeo que rapidamente se tornou um sucesso na App Store.

“Você só precisa confiar no exponencial”, disse Altman em um evento em Tóquio. “Não somos feitos para compreender isso, mas é preciso confiar.”
Bastidores das negociações
O relacionamento de Altman com os executivos por trás desses acordos é marcado por intensas conversas e reviravoltas. Em 2023, ele se aproximou de Masayoshi Son, CEO da SoftBank, que o hospedou em sua mansão no Japão — apelidada de “Versailles” por sua grandiosidade. Foi ali que nasceram os planos do projeto Stargate, uma iniciativa de US$ 500 bilhões para construir data centers dedicados à OpenAI.
Apesar de divergências sobre a localização dos centros, a parceria com Son ajudou a impulsionar o entusiasmo de investidores e estimulou novas ofertas de colaboração.
Enquanto isso, a relação com a Microsoft sofreu altos e baixos. Após recusar um investimento adicional de US$ 100 bilhões proposto por Altman, o CEO Satya Nadella chegou a comentar publicamente que os planos da OpenAI pareciam “exagerados”. Pouco depois, porém, a empresa retomou as negociações e anunciou um novo centro de dados de IA em Wisconsin, em parte dedicado aos modelos da OpenAI.
Corrida pelos chips de IA
No meio do ano, rumores de que a OpenAI estaria testando chips do Google acenderam alertas na Nvidia, que então retomou conversas diretas com Altman. O resultado foi um contrato de US$ 350 bilhões para o aluguel de milhões de chips, além da possibilidade de um investimento adicional de US$ 100 bilhões por parte da Nvidia.
Pouco depois, a AMD também se aproximou da OpenAI. Em outubro, anunciou um acordo que inclui até 10% de suas ações futuras como incentivo para o uso de seus novos chips da linha Instinct. As ações da fabricante subiram 24% em um único dia após o anúncio.

“O que me tira o sono é conseguir entregar o máximo de poder computacional possível para Sam e Greg, para que eles liberem o potencial da IA”, afirmou Lisa Su, CEO da AMD, ao The Wall Street Journal.
A Broadcom foi a próxima a seguir o mesmo caminho, assinando um acordo de dimensões equivalentes ao da Nvidia, com 10 gigawatts de capacidade de computação destinados à OpenAI.
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Aposta de alto risco
Os acordos reforçam o papel central da OpenAI no ecossistema global de inteligência artificial. Ao mesmo tempo, ampliam as preocupações de que o entusiasmo em torno da tecnologia possa estar criando uma bolha financeira sustentada por expectativas sobre o desempenho de uma única empresa.
Ainda assim, investidores seguem confiantes no projeto de Altman, que, como comentou o The Wall Street Journal, amarrou o destino de toda uma indústria à visão de um único executivo — e fez da OpenAI uma empresa grande demais para falhar.