Empresa ligada ao Google revisa rede elétrica do Rio para data center

Moonshot Factory, do Google, analisa rede elétrica do Rio de Janeiro em estudo para possível instalação de data centers de IA
Ana Luiza Figueiredo21/10/2025 14h54, atualizada em 22/10/2025 16h19
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(Imagem: Donatas Dabravolskas / Shutterstock.com)
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A Moonshot Factory, unidade da Alphabet (empresa-mãe do Google), pode dar um passo importante para consolidar o Rio de Janeiro como um dos principais polos de inteligência artificial (IA) da América Latina. Segundo reportagem da Bloomberg, a divisão planeja revisar a rede elétrica da cidade como parte de um estudo preliminar para a possível instalação de data centers na região.

A análise será conduzida pela Tapestry, braço da Moonshot Factory especializado em gerenciamento de redes de energia. A iniciativa faz parte de um conjunto de quatro projetos que devem ser anunciados pela prefeitura carioca no início de novembro, durante evento paralelo à C40 World Mayors Summit, conforme declarou o vice-prefeito Eduardo Cavaliere à Bloomberg. Ele destacou que o acordo com a Tapestry não envolve ainda um investimento direto na construção dos centros de dados.

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Moonshot Factory é uma divisão de inovação da Alphabet, empresa-mãe do Google (Imagem: Reprodução)

A Moonshot Factory, anteriormente conhecida como Google X, é uma divisão de inovação da Alphabet criada em 2010. O laboratório é responsável por desenvolver alguns dos projetos mais ambiciosos da empresa, como o carro autônomo da Waymo e a companhia de ciências da vida Verily. Nos últimos anos, a unidade passou a atuar como incubadora, transformando suas iniciativas em startups independentes — movimento impulsionado pelo foco crescente da Alphabet em inteligência artificial.

Rio mira protagonismo em infraestrutura de IA

De acordo com Cavaliere, a demonstração da confiabilidade do fornecimento de energia é um passo essencial para atrair gigantes da tecnologia interessadas em operar no país. O projeto, chamado Rio AI City, exigirá futuramente tanta eletricidade quanto todo o consumo atual da cidade.

“A Tapestry é muito importante para o projeto Rio AI City porque certifica a qualidade da distribuição de energia”, afirmou o vice-prefeito. “Data centers e empresas de grande porte precisam confiar na infraestrutura energética.”

A Tapestry preferiu não comentar o assunto à Bloomberg. O complexo Rio AI City será construído nas proximidades do Parque Olímpico, a cerca de três quilômetros da praia, e aproveitará parte da infraestrutura de cabos de alta velocidade usada durante os Jogos Olímpicos de 2016.

Projeto busca atrair grandes empresas dos EUA

A Elea Data Centers, responsável pelo desenvolvimento do Rio AI City, pretende transformar o local em um polo capaz de atrair as maiores companhias de tecnologia norte-americanas, segundo o CEO Alessandro Lombardi. Ele ressaltou à Bloomberg que a aprovação recente de incentivos fiscais para data centers aumentou o interesse de investidores.

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Elea Data Centers quer transformar o local em um polo para atrair big techs norte-americanas (Imagem: Elea Data Centers / Divulgação)

Lombardi afirmou que a expansão do projeto exigirá grandes investimentos em transmissão e geração de energia, já que o Brasil ainda depende fortemente da hidrelétrica. Ele mencionou que uma nova usina nuclear no estado do Rio e uma linha de transmissão conectando fontes eólicas e solares do Nordeste devem garantir o fornecimento necessário até o fim da década.

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Investimento bilionário até o fim da década

O plano prevê cerca de US$ 50 bilhões em investimentos para alcançar 1,5 gigawatt de capacidade entre 2028 e 2029. Aproximadamente 20% desse valor será destinado à infraestrutura básica, enquanto o restante financiará o hardware computacional. A expectativa da Elea é atingir 3,2 gigawatts na fase final do projeto.

“É ambicioso”, disse Lombardi. “As cidades do futuro serão aquelas que conseguirem construir capacidade computacional nessa escala.”

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O Brasil é visto como o mais preparado da região para receber o boom global de data centers (Imagem: AlexLMX / Shutterstock.com)

O Brasil é visto como o país mais preparado da América Latina para receber o boom global de data centers, graças à oferta de energia renovável e à malha de cabos de fibra óptica. Ainda assim, apenas um terço dos projetos anunciados deve se concretizar, segundo Inês Gaspar, pesquisadora da Aurora Energy, devido à falta de conexão com a rede elétrica e à distância de centros estratégicos como São Paulo.

Lombardi destacou que o Rio AI City está próximo de linhas de transmissão e subestações, além de estar relativamente perto da capital paulista. O executivo prevê que o primeiro investidor da iniciativa será anunciado no início do próximo ano.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.