Na última terça-feira (21), uma poderosa erupção ocorreu no lado oculto do Sol, liberando uma ejeção de massa coronal (CME) extremamente rápida e intensa. O fenômeno foi registrado pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), parceria entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA), em um impressionante vídeo de lapso de tempo.

Segundo a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), as ondas de rádio emitidas pela explosão solar indicaram que a nuvem de plasma se movia a cerca de 2.474 quilômetros por segundo. Esse tipo de emissão, conhecido como rádio Tipo II, costuma ocorrer quando há choques muito intensos dentro da ejeção. Velocidades tão altas são raras: apenas algumas CMEs já observadas alcançaram marcas parecidas, como as grandes erupções registradas em agosto de 1972 e setembro de 2017, consideradas entre as mais rápidas da história.
Modelos mais recentes, divulgados pelo Escritório de Clima Espacial da NASA, recalcularam a velocidade da ejeção para cerca de 1.320 km/s. Embora o número seja menor do que o estimado inicialmente, ainda representa uma explosão considerável. De acordo com essas novas projeções, a nuvem de plasma atingiu Vênus, o segundo planeta mais próximo do Sol.

Vênus não é protegido por magnetosfera
Diferente da Terra, Vênus não possui um campo magnético global capaz de protegê-lo do vento solar. Por isso, quando uma CME o atinge, partículas energéticas podem arrancar parte do gás presente nas camadas superiores de sua atmosfera. Mesmo assim, a densa e quente camada de nuvens do planeta – composta principalmente por dióxido de carbono e ácido sulfúrico – é tão espessa que não sofre grandes alterações visíveis.
Esses impactos não são raros. Como Vênus orbita mais perto do Sol, ele é atingido por CMEs com maior frequência do que a Terra. Ao longo dos anos, sondas da NASA e da ESA registraram diversos episódios semelhantes, que ajudam os cientistas a entender melhor como o clima espacial interage com planetas sem magnetosfera protetora.

De acordo com a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, a origem da explosão foi associada à antiga mancha solar AR4246, atualmente localizada no lado oposto ao da Terra. Há apenas uma semana, essa mesma região estava voltada para o nosso planeta – o que significa que escapamos por pouco de uma das explosões mais intensas dos últimos meses.
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Visitante interestelar é capturado mesmo escondido no brilho do Sol
Ainda sobre o Sol, entre o início de outubro e meados de novembro, o cometa 3I/ATLAS está “escondido” no brilho do astro, com quem terá um encontro próximo na quarta-feira (29), segundo estimativas. Durante esse período, é praticamente impossível para telescópios convencionais terem acesso ao visitante interestelar a partir da Terra.
No entanto, o astrônomo amador tailandês Worachate Boonplod, surpreendentemente, conseguiu detectá-lo. Saiba detalhes e veja a imagem aqui.