Pesquisadores descobriram um gigante corpo de granito rosa sob a camada de gelo na Antártida. Com quase 100 km de largura e 7km de espessura, a formação tem um tamanho comparável ao de Brasília. A descoberta foi publicada na revista científica Communications Earth & Environment, na última quarta-feira (22).
A rocha está abaixo da Geleira Pine Island, ao oeste do continente congelado. Pedregulhos de granito espalhados ao redor dos picos vulcânicos escuros das Montanhas Hudson, na mesma região, revelaram a presença da estrutura colossal.

Ao datar essas rochas menores, o grupo descobriu que elas se formaram há mais de 175 milhões de anos, durante o período Jurássico. Com levantamentos aéreos, a equipe encontrou a origem desses fragmentos. Medições de gravidade revelaram um sinal geológico abaixo da geleira correspondente à assinatura do granito.
“Ao combinar datação geológica com levantamentos gravimétricos, não apenas resolvemos um mistério sobre a origem dessas rochas, também descobrimos novas informações sobre como a camada de gelo fluía no passado e como ela pode mudar no futuro”, disse Tom Jordane, líder do estudo e geofísico no instituto British Antarctic Survey (BAS), em um comunicado.
Geleira moveu as rochas no decorrer dos milênios
Os geólogos descobriram que a Geleira Pine Island arrancou as rochas escondidas abaixo do gelo e as depositou nas montanhas quando o manto congelado era mais espesso, provavelmente na última era glacial, há cerca de 20 mil anos. Depois desse processo, o gelo ficou mais fino, expondo as rochas transportadas.
Compreender os regimes do fluxo da geleira nos últimos milênios ajuda os pesquisadores a refinar os modelos da camada congelada. Isso colabora para melhores previsões sobre o futuro da Antártida, especialmente nas estimativas de como o continente reagirá às mudanças climáticas.

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O projeto também dá pistas sobre processos já em curso. A Geleira Pine Island, uma região que sofreu rápida perda de gelo nas últimas décadas, sofre forte influência de sua estrutura geológica, principalmente no modo como a água escorre abaixo dela. O novo estudo ajuda a aprimorar a compreensão de como esse e outros fluxos de gelo podem afetar a elevação do nível do mar.
“Ao identificar sua origem, conseguimos descobrir como os granitos chegaram onde estão hoje, o que nos dá pistas sobre como a camada de gelo da Antártida Ocidental pode mudar no futuro — informações vitais para determinar o impacto da elevação do mar nas populações costeiras ao redor do globo”, concluiu Joana Joanne Johnson, coautora do estudo e geóloga da BAS.