Do ChatGPT para seu cérebro: a nova e ousada aposta de Sam Altman

Merge Labs será voltada para a interface entre cérebro e computador e vai competir diretamente com a empresa de Elon Musk
Rodrigo Mozelli26/10/2025 15h13
Sam Altan gesticulando
CEO da OpenAI quer técnica distinta da Neuralink (Imagem: jamesonwu1972/Shutterstock)
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Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, está prestes a anunciar uma nova startup voltada para a interface entre cérebro e computador, chamada Merge Labs. O projeto, que será cofundado com Alex Blania, aposta em uma abordagem menos invasiva do que a adotada pela Neuralink, de Elon Musk.

Segundo fontes próximas ouvidas pelo The Verge, Altman recrutou Mikhail Shapiro, engenheiro biomolecular premiado e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), para integrar a equipe fundadora da Merge.

Embora seu cargo oficial ainda não tenha sido divulgado, Shapiro é descrito como um dos principais líderes nas conversas com investidores, nas quais a empresa busca levantar centenas de milhões de dólares. Entre os possíveis investidores está a própria OpenAI, conforme informou o Financial Times.

Desenho de chip cerebral em um cérebro
Mais uma empresa quer ler nossos pensamentos; agora, de propriedade de Sam Altman (Imagem: Aleksandra Sova/Shutterstock)

Como Sam Altman quer transformar a leitura cerebral

  • O envolvimento de Shapiro indica o rumo técnico que Altman pretende seguir;
  • O laboratório de engenharia de Shapiro na Caltech é conhecido por suas pesquisas em técnicas não invasivas de imagem e controle neural;
  • Ele tem se concentrado em explorar o uso de ultrassom para interagir com o cérebro humano sem a necessidade de cirurgias abertas, como ocorre com os implantes cerebrais da Neuralink;
  • Shapiro também desenvolve pesquisas sobre terapia gênica para tornar células visíveis ao ultrassom, o que reforça relatos anteriores da Bloomberg de que a Merge estaria considerando essa tecnologia em seu primeiro produto;
  • Nem Shapiro nem representantes de Altman e Blania comentaram o assunto.

Em uma palestra recente, Shapiro explicou como ondas sonoras e campos magnéticos podem ser utilizados para criar interfaces cérebro-computador.

Ele afirmou que, em vez de inserir eletrodos no tecido cerebral, seria “mais fácil introduzir genes nas células” para modificá-las de modo que respondam ao ultrassom. O cientista declarou ter como missão “desenvolver maneiras de interagir com neurônios no cérebro e outras células do corpo de forma menos invasiva”.

Mikhail Shapiro
Mikhail Shapiro, “cérebro” da Caltech, estará no time da Merge Labs (Imagem: Divulgação/Caltech)

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Altman também já expressou críticas ao método invasivo da Neuralink. Durante um jantar com a imprensa em agosto, ele afirmou que, “definitivamente, não colocaria algo no cérebro” que pudesse matar neurônios, como o dispositivo da empresa de Musk. “Eu gostaria de poder pensar em algo e ter o ChatGPT respondendo a isso”, disse Altman. “Talvez eu queira apenas leitura, isso parece razoável.”

A expectativa é que o anúncio oficial da Merge Labs ocorra nas próximas semanas. Altman deve assumir o cargo de presidente do conselho, enquanto Blania deve liderar as operações diárias, como ocorre na outra empresa que ambos comandam, a Tools for Humanity, responsável pela tecnologia de escaneamento ocular do projeto Worldcoin, atual World.

Logo da Neuralink em um smartphone
Altman critica efusivamente a abordagem invasiva da Neuralink (Imagem: rafapress/Shutterstoc)

Em 2017, Altman escreveu sobre o tema da fusão entre humanos e máquinas: “Um tópico popular no Vale do Silício é discutir em que ano humanos e máquinas irão se fundir (ou, se não, em que ano os humanos serão superados pela IA [inteligência artificial] em rápido avanço ou por uma espécie geneticamente aprimorada)”. Segundo ele, “a maioria dos palpites varia entre 2025 e 2075”.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.