Como a China pode usar IA da DeepSeek em futuras guerras

Reportagem aponta que Pequim estaria usando a IA para desenvolver cães-robôs e enxames de drones que rastreiam alvos de forma autônoma
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 27/10/2025 09h03
Ao fundo, bandeira da China; à frente, logo da DeepSeek em um smartphone
DeepSeek é a "galinha dos ovos de ouro" chinesa (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)
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Não é segredo que a inteligência artificial está sendo utilizada pelas principais potências do mundo para o desenvolvimento de armas mais modernas eficazes. No caso da China, o governo aposta na DeepSeek para atingir estes objetivos.

De acordo com reportagem da Reuters, Pequim já usou a IA para criar um veículo militar capaz de conduzir operações de apoio ao combate de forma autônoma a 50 quilômetros por hora, por exemplo. Mas os chineses querem ir além.

Bandeira da China ao fundo com os dizeres "AI" à frente
China estaria ampliando uso da IA no setor militar (Imagem: Pixels Hunter/Shutterstock)

Cães-robôs e enxames de drones são alimentados pela tecnologia

A publicação cita registros de aquisição e patentes que oferecem pistas sobre o progresso da China em direção a capacidades como reconhecimento autônomo de alvos e suporte à decisão no campo de batalha em tempo real. Detalhes de como esses sistemas funcionam e até que ponto eles já forma implementados, no entanto, são considerados segredos de estado.

De qualquer forma, a Reuters afirma que os modelos de IA da DeepSeek estão presentes em uma dúzia de licitações do Exército de Libertação Popular. Esse processo foi acelerado ao longo deste ano, refletindo a popularidade das ferramentas e a necessidade chinesa de reduzir a dependência da tecnologia ocidental.

Uso de IA em drones é uma aposta de Pequim (Imagem: Diy13/iStock)

Um dos possíveis usos da tecnologia é em cães-robôs e enxames de drones que rastreiam alvos de forma autônoma. A inteligência artificial permitiria analisar cerca de 10 mil cenários de campo de batalha – cada um com diferentes variáveis, terreno e implantações de força – em apenas 48 segundos.

O governo chinês não se manifestou sobre o assunto. Já um porta-voz do Departamento de Estado da Casa Branca disse que a “DeepSeek forneceu de bom grado, e provavelmente continuará a fornecer, apoio às operações militares e de inteligência da China”.

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DeepSeek virou um dos principais concorrentes do ChatGPT (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Lançamento da DeepSeek foi um marco

  • A IA da DeepSeek foi projetada para lidar com tarefas complexas de raciocínio e tem apresentado resultados surpreendentes.
  • O grande diferencial é o baixo custo da tecnologia, o que pode ameaçar a posição dominante dos principais players.
  • Para se ter uma ideia, o modelo chinês foi treinado ao custo de aproximadamente US$ 6 milhões, enquanto ferramentas como o Llama 3.1, da Meta, custaram mais de US$ 60 milhões para serem desenvolvidos.
  • A empresa chinesa adota estratégias como o chamado aprendizado por reforço, que permite que os modelos aprendam por tentativa e erro.
  • Além disso, ativa apenas uma fração dos parâmetros do modelo para tarefas específicas, economizando recursos computacionais.
  • E melhora a capacidade dos modelos de processar dados e identificar padrões complexos.
  • A startup ainda adota um modelo parcialmente aberto, permitindo que pesquisadores acessem seus algoritmos.
  • Isso democratiza o acesso à IA avançada e promove maior colaboração na comunidade global de pesquisa.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.