Cidade brasileira está na vanguarda da proteção do céu noturno

Matureia (PB) foi a primeira cidade a criar uma lei contra a poluição luminosa para garantir a observação do céu sem interferência
Por Matheus Labourdette, editado por Lucas Soares 28/10/2025 18h44
imagem mostra uma criança olhando para as estrelas a céu aberto
(Imagem: vovan/Shutterstock)
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A pequena cidade de Matureia, na Paraíba, entrou na vanguarda pela proteção do céu noturno contra a poluição luminosa. Esse foi o principal tema abordado no programa Olhar Espacial da última sexta-feira, 17, no canal do Olhar Digital no YouTube.

Foram recebidos no programa: Silvia Carneiro, representante da International Dark Sky no Brasil e os vereadores de Maureia Matheus Jerônimo e Ariano Dantas, que apresentaram o projeto. O principal foco foi comentar sobre a Lei nº 592/2025, que prevê a substituição gradual das luminárias antigas por LEDs com baixa emissão de luz.

Via Láctea sobre Casarão do Jabre em Maturéia, PB
Via Láctea sobre Casarão do Jabre em Maturéia, PB. Créditos: Marcelo Zurita

De acordo com o Índice de Potencial Astroturístico, feito pela expedição Entre Parques, o local é o quinto mais promissor do país para observar estrelas, planetas e outros fenômenos do céu noturno. “O céu de Matureia não deve em nada para os outros lugares e nós temos diferenciais que eles não têm, temos um povo receptivo e hospitaleiro”, disse Matheus.

A nova lei tem alguns objetivos, entre eles: ajudar a fomentar o turismo na região e garantir que a poluição luminosa não interfira na observação do céu. Esta é a primeira legislação do tipo no Brasil. Além disso, a lei é importantíssima para a pequena cidade paraibana. Segundo Matheus, “esse nosso projeto de lei, na vanguarda da iluminação pública, serve para que se fomente cada vez mais nosso turismo e gere emprego e renda na cidade”.

Primeira lei municipal do Brasil contra a poluição luminosa

O município paraibano reúne condições naturais ideais para a astronomia:

  • O clima é estável, com longos períodos de céu limpo e baixa umidade;
  • A região de serra oferece horizontes amplos, facilitando a observação de eclipses, chuvas de meteoros e corpos celestes;
  • A transparência do ar permite enxergar objetos mais fracos, como nebulosas e aglomerados estelares;
  • Céus escuros e baixa poluição luminosa facilitam a observação detalhada de estrelas e outros corpos celestes.
Céu do Pico do Jabre, ponto mais alto da Paraíba e cartão-postal do município de Matureia. Crédito: Diego Alencar (cedido pela APA)

As novas lâmpadas, que substituirão gradualmente as antigas, conforme previsto pela Lei 592/2025, terão tonalidades âmbar ou avermelhadas, acima de 630 nanômetros, reduzindo impactos na fauna, na saúde humana e na visibilidade do céu. Em áreas urbanas, o limite será de 2.700 Kelvin, com exceção das faixas de pedestre, que poderão chegar a 3.000 K.

Além de impedir a observação do céu, a poluição também faz mal

Para entender o porquê da poluição luminosa fazer mal para nós, é preciso compreender como a luz azul age no nosso organismo. Segundo Silvia, quando o cérebro detecta esse tipo de informação, ele entende como um sinal de que está de dia, devido à cor do céu e para de produzir os hormônios do sono, como a melatonina.

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Como na luz branca utilizada na iluminação pública existem também traços de luz azul, o corpo para de produzir os hormônios de maneira correta. Essa desregulação pode desencadear diversos problemas de saúde graves como: câncer, demência, Alzheimer, diabete e doenças coronárias.

Redator(a)

Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

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