Você ficou mais velho e o tempo parece passar mais rápido, certo? Entenda o motivo

De acordo com um novo estudo, o cérebro processa memórias e eventos de forma diferente à medida que envelhecemos
Alessandro Di Lorenzo28/10/2025 09h45
Relógio se desfazendo ilustra o conceito de tempo passageiro
Imagem: Yaraslau Mikheyeu / iStock
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“O tempo está passando mais rápido”. Este é um relato comum entre as pessoas mais velhas. Agora, um estudo realizado por cientistas das universidades de Birmingham, no Reino Unido, Radboud, nos Países Baixos (Holanda), e Brock, no Canadá, ajuda a explicar o motivo disso.

Segundo os pesquisadores, o cérebro processa memórias e eventos de forma diferente à medida que envelhecemos, o que altera a nossa percepção do tempo. As conclusões foram apresentadas na revista Communications Biology.

Sala de cinema. Michel Caicedo via Unsplash.
Sala de cinema foi utilizada durante o estudo (Imagem: Michel Caicedo/Unsplash)

Percepção da passagem do tempo muda dependendo da idade

  • Durante o trabalho, a equipe organizou uma sessão de cinema com 577 pessoas de 18 a 88 anos.
  • O objetivo era observar como eles processam as informações em cada fase da vida. 
  • Para isso, os cérebros dos participantes foram analisados através de uma ressonância magnética funcional e de um eletroencefalograma. 
  • No experimento, foi exibido um trecho de oito minutos do curta-metragem de Alfred Hitchcock, “Bang! You’re Dead” (1961), parte do programa antológico de TV “Alfred Hitchcock Presents”.
  • A escolha se deu em função das cenas de suspense, já que as pessoas tendem a reagir de forma similar à tensão, o que o torna este um cenário ideal para estudar as ondas cerebrais.

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Cérebro processa memórias e eventos de forma diferente à medida que envelhecemos (Imagem: Edit 4 Me/Shutterstock)

Diferenças na capacidade cerebral dos participantes

A análise dos resultados foi feita com o Greedy State Boundary Search (GSBS), um algoritmo de computador que detecta as transições entre padrões de atividade cerebral. A conclusão foi que os cérebros dos participantes mais velhos alternava para novos estados de atividade com menos frequência. 

Isso sugere que menos estados neurais (e mais longos) dentro de um mesmo período de tempo podem contribuir para os adultos mais velhos experimentarem o tempo como se estivesse passando mais rápido. Em outras palavras, os cérebros mais velhos, na média, estão registrando menos eventos em cada fase e isso dá a sensação de que a vida “passa voando”. 

Descobertas podem ajudar no combate à demência (Imagem: LightField Studios/Shutterstock)

Vimos que, quando há maiores mudanças [no estado cerebral], está relacionada à melhor memória. Por isso, destacar mudanças entre cenas —como apontando que o garoto pode ter deixado a casa com a arma carregada — pode ajudar [os mais velhos] a tornar os estados neuronais mais distintos e melhorar a memória.”

Karen Campbell, professora de psicologia da Universidade Brock, no Canadá

A ideia dos pesquisadores agora é usar estas descobertas para criar novos tipos de terapias que possam ser aplicadas para melhorar a memória dos adultos mais velhos e que já apresentam os primeiros sinais de demência. 

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.