O que é barotrauma? Entenda a relação entre mergulhadores e passageiros de avião

O barotrauma é uma condição comum em situações de mudança brusca de pressão, como mergulhos e viagens de avião
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Layse Ventura 29/10/2025 05h20
Estudo sobre o barotrauma e suas implicações médicas no diagnóstico e tratamento de pacientes
Estudo sobre o barotrauma e suas implicações médicas no diagnóstico e tratamento de pacientes / Crédito: H_Ko (Shutterstock/reprodução)
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A pressão atmosférica exerce influência constante sobre o corpo humano, e variações bruscas, como em grandes altitudes ou em mergulhos profundos podem afetar significativamente órgãos e tecidos. 

Quando o organismo não consegue equilibrar a pressão interna com a externa, ocorre o barotrauma, uma lesão nos tecidos causada pela expansão ou compressão dos gases em cavidades como pulmões, ouvidos e seios nasais.

A seguir, você vai entender como o barotrauma se manifesta, quais são seus tipos e sintomas, além das formas de prevenção e os momentos em que é necessário buscar ajuda médica.

O que é e o que causa o barotrauma

Passageira asiática sentada próxima à janela durante o voo, sentindo dor devido à variação de pressão.
Passageira asiática sentada próxima à janela durante o voo, sentindo dor devido à variação de pressão. / Crédito: PanuShot (Shutterstock/reprodução)

O corpo humano é naturalmente adaptado à pressão atmosférica ao nível do mar. No entanto, quando há mudanças rápidas de pressão, como durante mergulhos, voos ou procedimentos médicos, os gases presentes em cavidades como pulmões, ouvidos e seios nasais podem se expandir ou se comprimir de forma brusca. Essa variação causa desconforto e, em casos mais graves, dor intensa e danos aos tecidos.

O barotrauma ocorre quando o organismo não consegue equilibrar a pressão interna com a externa, levando ao estiramento ou ruptura de estruturas sensíveis. Ele pode acontecer tanto na descida, quando há aumento da pressão e compressão dos gases, quanto na subida, quando ocorre descompressão e expansão.

Otoscopia em ouvido de criança com otoscópio
Otoscopia em ouvido de criança com otoscópio. / Crédito: Rabizo Anatolii (Shutterstock/reprodução)

Embora o corpo seja composto majoritariamente por líquidos e tecidos, que não sofrem grandes alterações com a variação da pressão, as cavidades cheias de ar são vulneráveis a esse desequilíbrio. Quando a compensação não ocorre de forma adequada, o resultado pode ir desde um simples incômodo até lesões mais sérias, como perfuração do tímpano ou danos pulmonares. 

Por isso, entender como o barotrauma se forma e adotar medidas preventivas é essencial em atividades que envolvem mudanças extremas de pressão.

Por que mergulhadores e passageiros de avião são os mais afetados?

Mergulhadores

Mergulhador usando Apple Watch Ultra no oceano
(Imagem: Divulgação/Apple)

Durante o mergulho, o risco de barotrauma é maior entre a superfície e os primeiros 10 metros de profundidade, onde as variações de pressão são mais intensas. O tipo mais comum é o barotrauma de ouvido médio, quando o ar não consegue circular pela tuba auditiva, provocando dor, zumbido e, em casos graves, ruptura do tímpano.

Estudos apontam que até 50% dos mergulhadores amadores já apresentaram sintomas de barotrauma auditivo em algum momento. A prevenção inclui subir lentamente, expirar durante a subida e nunca mergulhar com o nariz congestionado.

Passageiros de avião

Família de passageiros em voo
Imagem: Yaroslav Astakhov / iStock

Durante a descida da aeronave, a pressão atmosférica aumenta e deve ser equalizada com a do ouvido médio. Quando a trompa de Eustáquio está obstruída, seja por infecção, rinite ou alergia, o ar não consegue circular adequadamente. Isso pode causar dor, sensação de ouvido tampado e, em casos mais graves, perfuração do tímpano.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 30% dos passageiros sentem algum desconforto auditivo durante voos, especialmente crianças, que têm maior dificuldade de equalizar a pressão.

Tipos de barotrauma e seus sintomas

Mulher sentindo dores no ouvido
Mulher sentindo dores no ouvido – Imagem: jaojormami/Shutterstock

Barotrauma de ouvido (barotite média)

É o tipo mais comum. Ocorre quando há diferença de pressão entre o canal auditivo e o ambiente externo. Entre os sintomas, se destacam a dor, sensação de ouvido tampado, zumbido, tontura, diminuição da audição e, em casos graves, sangramento.

Barotrauma dos seios paranasais

A variação de pressão pode causar dor facial, congestão e sangramento nasal. É frequente em pessoas com sinusite ou resfriados.

Barotrauma leve em mergulhador causado pelo aperto da máscara. Olhos e pele ao redor mostram hemorragias petequiais e subconjuntivais
Barotrauma leve em mergulhador causado pelo aperto da máscara. Olhos e pele ao redor mostram hemorragias petequiais e subconjuntivais / Crédito: Wikimedia (reprodução)

Barotrauma pulmonar

Mais grave, ocorre quando há expansão excessiva dos alvéolos pulmonares, geralmente ao prender a respiração durante a subida no mergulho. Pode causar dor no peito, falta de ar e até colapso pulmonar (pneumotórax).

Barotrauma gastrointestinal

Atinge o trato digestivo e pode gerar náuseas, dor e distensão abdominal, especialmente em viagens aéreas longas ou mergulhos profundos.

Fatores de risco

rinite alérgica
Homem com rinite alérgica / Imagem: dreii/Shutterstock

Pessoas com rinite, sinusite, resfriado ou obstruções nasais têm maior propensão ao barotrauma, pois a tuba auditiva depende de uma boa ventilação nasal para equalizar as pressões.

Crianças também são mais vulneráveis, já que a anatomia da tuba auditiva infantil favorece o acúmulo de secreções.

Pacientes com doenças pulmonares ou que passaram por ventilação mecânica também devem ter atenção redobrada.

Leia mais:

Como prevenir o barotrauma

Spray nasal / Imagem: Olena Yakobchuk/Shutterstock

Durante o voo

  • Evitar viajar com o nariz congestionado.
  • Mastigar chiclete, bocejar ou engolir saliva durante a decolagem e o pouso.
  • Usar spray nasal descongestionante sob orientação médica.
  • Em bebês, oferecer mamadeira ou chupeta durante essas fases do voo.

Durante o mergulho

  • Não mergulhar gripado ou com congestão nasal.
  • Subir e descer lentamente.
  • Treinar técnicas de equalização de pressão, como a manobra de Valsalva: inspirar, fechar a boca, tampar o nariz e soprar levemente, sem forçar.
  • Esperar pelo menos 24 horas antes de embarcar em um voo após o mergulho.
Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.