O que é o estresse térmico, causado por exposição a altas temperaturas?

O estresse térmico acontece quando o corpo perde a capacidade de resfriamento, gerando sintomas como cansaço, náuseas e dor de cabeça
Por Angelina Miranda, editado por Layse Ventura 31/10/2025 02h00
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Imagem: Ahmet Misirligul/Shutterstock
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Com as mudanças climáticas, estamos experimentando ondas de calor mais severas que não se restringem apenas ao verão. Independente da estação, podemos observar altas temperaturas e a exposição ao calor extremo pode causar estresse térmico.

Alguns cuidados sempre são importantes quando o calor está muito intenso, como manter a hidratação corporal, buscar quando possível lugares com sombra e fazer uso do protetor solar. 

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Mas, mesmo com todos esses cuidados, pode acontecer o estresse térmico a depender da temperatura e se você está em um lugar mais arborizado ou rodeado de prédios e casas – fator geográfico que influência na sensação de calor. 

O que é estresse térmico?

Estresse térmico pode gerar ainda alterações emocionais, como ansiedade e irritabilidade. (Imagem: New Africa/Shutterstock)

O estresse térmico é um desbalanço que acontece quando o corpo é exposto a temperaturas extremas, seja o frio ou o calor. No segundo caso, trata-se de uma condição de saúde que acontece quando o corpo não consegue dissipar totalmente o calor que absorve. 

Num tempo quente, mas suportável, o organismo utiliza mecanismos de resfriamento como a transpiração e a dilatação dos vasos sanguíneos. Mas, em temperaturas muito altas, esses mecanismos são insuficientes, fazendo com que o corpo armazene mais calor do que consegue suportar, não conseguindo manter a sua temperatura interna ideal que é de 36,5 °C.

O estresse térmico faz com o corpo perca sais minerais e eletrólitos em excesso, e a desidratação causa sintomas como cansaço, náuseas, sudorese excessiva e aumento da frequência cardíaca que pode elevar a pressão arterial.

A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) Sandra Hacon, esclarece que a gravidade do estresse térmico vai depender de fatores como se a exposição ao calor é contínua ou intermitente, condições pré-existentes de saúde, condições sociais e fatores genéticos. 

Mas, em suma, os mais afetados pelo estresse térmico são as crianças porque o equilíbrio homeostático ainda não está completamente desenvolvido.

“Alguns dos impactos de estresse térmico são: desequilíbrio homeostático no organismo, com sinais e sintomas como tontura, sensação de desmaio, enjoo, dor de cabeça e aumento de hospitalizações e da mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias. Pacientes em hemodiálise, por exemplo, devem controlar a pressão arterial e manter o corpo hidratado. Esse grupo é de elevado risco num cenário de estresse térmico”, alerta Hacon. 

Trabalhadores externos podem ser os mais prejudicados pelas ondas de calor. (Imagem: Poguz.P/Shutterstock)

O equilíbrio homeostático é a capacidade do organismo de se manter estável e em funcionamento mesmo quando exposto a condições adversas, como o aumento da temperatura, queda ou elevação da pressão arterial e alterações no nível de glicose.

Outro grupo de risco são os idosos, porque, em muitos casos, já apresentam dificuldades em manter o equilíbrio homeostático, desidratando o organismo com mais facilidade. O mesmo ocorre com as gestantes que precisam monitorar a pressão arterial e elevar o consumo de líquidos. 

Além dos prejuízos físicos, o estresse térmico também pode influenciar o estado emocional. A começar pelo sono, que pode ser prejudicado, gerando alterações de humor. Falta de energia, ansiedade e irritabilidade também são sintomas comuns que podem acometer quem está passando por um estresse térmico. 

E, em casos extremos, o estresse térmico pode levar à morte, como aponta um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Para se ter uma ideia, em 2020, 4.200 trabalhadores em todo o mundo perderam a vida devido à exposição a altas temperaturas. Isto configura um aumento de 66%, em comparação com o mesmo relatório feito nos anos 2000.

Por isso, para mitigar os efeitos de um estresse térmico é essencial manter o corpo hidratado, ingerir alimentos frescos e menos gordurosos, além de procurar ambientes mais ventilados, sejam à sombra ou com uso de ventilador ou ar-condicionado. Usar roupas leves e evitar exposição solar em horários de pico também são medidas importantes. 

Angelina Miranda
Colaboração para o Olhar Digital

Angelina Miranda é jornalista formada pela UNIP. Com dez anos de atuação, atuou como repórter na Folha de S. Paulo e também colaborou para a Revista Fórum. É redatora no Olhar Digital desde 2023.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.