OpenAI: como Sam Altman está “reinventando” finanças para bancar IA

CEO defende que revoluções tecnológicas também dependem de inovações financeiras
Rodrigo Mozelli31/10/2025 20h56
À esquerda, um pouco desfocado, o logo da OpenAI/ChatGPT; à direita, imagem de Sam Altman pensativo e com um dedo em sinal de silêncio na frente da boca
Crescimento também envolve financiamentos inteligentes (Imagem: Mijansk786/Shutterstock)
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A ascensão bilionária da OpenAI, liderada por Sam Altman, tem sido impulsionada não apenas por inovações tecnológicas, mas, também, por um complexo e criativo sistema de financiamentos.

O próprio Altman defende que revoluções tecnológicas também dependem de inovações financeiras. “Há sempre muito foco na inovação tecnológica. O que realmente impulsiona muito do progresso é quando as pessoas também descobrem como inovar no modelo financeiro”, afirmou, recentemente, durante visita a um centro de dados da OpenAI em construção em Abilene, no Texas (EUA).

Logo da OpenAI em smartphone que está em cima de notas de dólar
Altman defende inovação nos negócios para impulsionar OpenAI (Imagem: Melnikov Dmitriy/Shutterstock)

OpenAi investe em… IA!

  • Nos últimos anos, a empresa tem recorrido a acordos incomuns e circulares para financiar o poder computacional necessário à expansão de suas ambições em inteligência artificial (IA);
  • Muitos desses contratos envolvem grandes companhias de tecnologia e acabam redistribuindo os mesmos recursos entre os parceiros;
  • De 2019 a 2023, a Microsoft foi a principal investidora da OpenAI, aportando mais de US$ 13 bilhões (R$ 69,8 bilhões, na conversão direta);
  • A maior parte desses recursos retornou à própria Microsoft, usada para pagar por serviços de computação em nuvem essenciais ao desenvolvimento das tecnologias de IA da startup;
  • No verão passado, quando já não conseguia obter toda a capacidade computacional desejada da Microsoft, a OpenAI começou a firmar contratos com outras companhias, como a Oracle, e startups pouco conhecidas, incluindo a CoreWeave;
  • Em três acordos assinados neste ano, a OpenAI se comprometeu a pagar mais de US$ 22 bilhões (R$ 118,2 bilhões) à CoreWeave por poder computacional. Em troca, recebeu US$ 350 milhões (R$ 1,8 bilhão) em ações da empresa, o que poderá futuramente ajudar a custear parte desses serviços.

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Logo do app do ChatGPT em um smartphone
Dona do ChatGPT vem trabalhando em acordos incomuns e circulares nos últimos anos (Imagem: Teacher Photo/Shutterstock)

Novos ares

Com dificuldades em obter novos aportes da Microsoft, a OpenAI buscou outros investidores. No início de 2025, o conglomerado japonês SoftBank liderou um investimento de US$ 40 bilhões (R$ 215 bilhões) na empresa.

Paralelamente, a OpenAI trabalha com várias companhias para construir seus próprios centros de dados, reduzindo a dependência de provedores externos. O SoftBank está captando US$ 100 bilhões (R$ 537,6 bilhões) para ajudar na construção dessas instalações no Texas e em Ohio.

A Oracle também concordou em investir US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhões) na construção de novos centros de dados da OpenAI em estados, como Texas, Novo México, Michigan e Wisconsin. A empresa de Altman, por sua vez, pagará à Oracle quantia semelhante para utilizar essas instalações nos próximos anos.

Nos Emirados Árabes, a companhia G42, ligada ao governo local e participante de uma rodada de captação da OpenAI em outubro de 2024, está construindo um complexo de centros de dados de aproximadamente US$ 20 bilhões (R$ 107,5 bilhões) para a empresa.

Em setembro, a Nvidia anunciou intenção de investir US$ 100 bilhões (R$ 537,6 bilhões) na OpenAI ao longo dos próximos anos. O investimento poderia ajudar a custear a expansão dos novos centros de dados. Como parte do acordo, a OpenAI compra ou aluga chips especializados da Nvidia, que, por sua vez, reinveste bilhões na startup.

Fachada de prédio da Microsoft
Microsoft é a principal investidora da empresa de Sam Altman (Imagem: nitpicker/Shutterstock)

Duas semanas depois, a OpenAI firmou um acordo com a AMD, garantindo o direito de comprar até 160 milhões de ações da fabricante de chips a um centavo por ação — o equivalente a cerca de 10% de participação na companhia. Esse estoque de ações pode servir como fonte adicional de capital para o avanço dos projetos de infraestrutura.

Apesar de gerar bilhões em receitas anuais com produtos, como o ChatGPT, ferramentas de programação e outras tecnologias, a OpenAI ainda registra prejuízos, segundo fontes próximas às finanças da empresa informaram ao The New York Times.

O futuro financeiro da companhia depende do sucesso de seus novos centros de dados e da capacidade de avançar em IA nos próximos anos. Caso a evolução tecnológica desacelere, tanto a OpenAI quanto suas parceiras poderão sofrer perdas significativas.

Companhias menores, como a CoreWeave, que estão assumindo dívidas enormes para erguer centros de dados, correm risco de falência. Algumas empresas, como Nvidia e AMD, previram salvaguardas que lhes permitem reduzir investimentos caso o mercado de IA não cresça no ritmo esperado. Outras, entretanto, poderão ser deixadas com dívidas vultosas, com potencial de gerar impactos na economia mais ampla.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.