Dá para ver o cometa interestelar 3I/ATLAS a olho nu?

Estima-se que o cometa será avistado da Terra de novembro a dezembro; entenda como, quando e onde flagrá-lo no céu
Wagner Edwards01/11/2025 15h18
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Uma imagem profunda do cometa interestelar 3I/ATLAS capturada pelo Espectrógrafo Multiobjeto Gemini (GMOS) no Telescópio Gemini Sul. Crédito: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA. Processamento de imagens Shadow the Scientist: J. Miller e M. Rodriguez (Observatório Internacional Gemini/NSF NOIRLab), TA Rector (Universidade do Alasca Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)
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Recentemente, o cometa interestelar 3I/ATLAS tem chamado a atenção da comunidade científica por diferentes razões, sendo a principal delas a sua origem alheia ao Sistema Solar. Após atingir o periélio — ponto de maior proximidade com o Sol — na quarta-feira (29), foi confirmado que ele ficará visível a partir da Terra em breve. Mas será possível vê-lo a olho nu?

Enquanto o 3I/ATLAS se encontrava perto do Sol, avistá-lo não era possível pelos estudiosos da Astronomia. Contudo, desde ontem (31), o objeto passou a se afastar da estrela e essa distância é crucial para que mais imagens dele sejam capturadas pelos estudiosos.

Infelizmente, o cometa não estará visível a olho nu: é necessária a utilização de equipamentos específicos para observação astronômica para flagrá-lo no céu.

Quando avistar o 3I/ATLAS?

Segundo o guia de observação TheSkyLive, o cometa 3I/ATLAS começará a reaparecer no céu nas primeiras semanas de novembro.

Animação simula trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar. Crédito: TheSkyLive.com

A partir do dia 3, ele poderá ser visto pouco antes do amanhecer, na direção leste, a cerca de 9º acima do horizonte. Entre os dias 3 e 17 de novembro, o cometa cruzará a Constelação de Virgem, ganhando alguns graus de altura a cada madrugada. Em seguida, ele passará pela Constelação de Leão.

No Brasil, as condições para observação devem melhorar no início de dezembro, quando o cometa estará mais afastado do Sol e com elongação suficiente — ou seja, uma distância angular maior em relação à estrela.

Mesmo assim, o fenômeno continuará desafiador, já que o brilho do objeto permanecerá fraco e o tempo disponível para observá-lo será curto, cerca de uma hora antes do nascer do Sol.

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Brilho e visibilidade do 3I/ATLAS

O cometa terá uma magnitude estimada em 11,5, o que o torna invisível a olho nu e difícil de identificar até mesmo com binóculos astronômicos. Para vê-lo, será necessário o uso de telescópios de médio porte, com abertura de pelo menos 20 centímetros, em locais de céu escuro e horizonte livre de obstáculos.

Sequência de imagens do cometa 3I/ATLAS capturadas pelo satélite ExoMars TGO, da ESA, a partir da órbita de Marte. Crédito: ESA/TGO/CaSSIS

Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e colunista do Olhar Digital, talvez já seja possível observá-lo com telescópios por volta do dia 10 de novembro.

Mesmo sendo um objeto, provavelmente, com alguns quilômetros, o 3I/ATLAS ainda estará a 270 milhões de quilômetros da Terra no momento de máxima aproximação, em 19 de dezembro.

— Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA).

Ele explica que, embora o cometa possa estar acima do horizonte antes disso, sua visibilidade depende muito das condições do céu, já que o brilho pode ser ofuscado pelo crepúsculo. O astrônomo considera que o 3I/ATLAS só ficará realmente perceptível quando atingir mais de 20° de elongação em relação ao Sol. “Por ele ser tênue, acho muito difícil ser visto antes disso”, afirma.

Zurita destaca ainda que, por passar longe do Sol, o cometa não será tão ativo quanto outros corpos semelhantes. “Tudo isso contribui para uma passagem muito discreta no céu, apesar de toda a repercussão que o terceiro objeto interestelar detectado provoca”, afirma Zurita.

Por que o 3I/ATLAS é um cometa tão curioso?

Como supracitado, há diferentes razões para o cometa 3I/ATLAS ter chamado tanta atenção da comunidade científica. Dentre elas, podemos citar:

  • Origem fora do Sistema Solar: o cometa é apenas o terceiro objeto interestelar avistado, ou seja, que passou por nosso Sistema Solar, mas que não se originou aqui. Por ser um ‘estrangeiro’, pode auxiliar os estudiosos a entender questões como a formação de planetas de outras regiões da galáxia;
  • Encontra-se em alta velocidade: sua velocidade estimada é de 61 mil quilômetros por segundo, a mais rápida já registrada em um cometa até agora;
  • Um senhor de idade: com idade estimada entre 5 e 7 bilhões de anos, ele é mais velho que todo o Sistema Solar.
Wagner Edwards
Editor(a) SEO

Wagner Edwards é Bacharel em Jornalismo e atua como Analista de SEO e de Conteúdo no Olhar Digital. Possui experiência, também, na redação, edição e produção de textos para notícias e reportagens.