Empresas brasileiras poderão ter prioridade na exportação de chips pela China para evitar desabastecimento na linha de produção de carros flex no Brasil. O embaixador da China no país, Zhu Quingqiao, garantiu ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin que vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro.
Na última terça-feira (28), Alckmin se reuniu com Anfavea, Sindipeças, Abipeças e representantes dos trabalhadores, que pediram o apoio do governo brasileiro, junto ao governo chinês, para que o Brasil não seja prejudicado pelas disputas internacionais em torno da fabricação de semicondutores, envolvendo China e EUA.
“Trata-se de uma excelente notícia”, comemorou Alckmin. “A cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e tem impacto direto em outros setores, como siderúrgico, químico, plástico e borracha. Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que a indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”.

Anfavea comemora
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores agradeceu a intervenção do vice-presidente Alckmin “antes de o pior cenário se concretizar, que é o de paralisação de fábricas no país”.
“Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias e dar suporte às empresas da cadeia de suprimentos para que possam restabelecer as compras dos semicondutores o mais rápido possível e normalizar o envio de peças às fabricantes”, diz a nota enviada ao jornal O Estado de São Paulo.

Leia Mais:
- O plano da China para mudar a corrida tecnológica em 5 anos
- Fungo é alternativa para metal usado em processadores; veja experimento
- Volkswagen: todos os carros terão versão híbrida na América do Sul a partir de 2026
Relembre a crise
A questão da possível escassez de chips veio à tona com a intervenção do governo holandês na Nexperia, subsidiária da fabricante de semicondutores chinesa Wingtech, que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.
Haia invocou a Lei de Disponibilidade de Bens, que permite a intervenção em empresas privadas para garantir a disponibilidade de bens críticos em situações de emergência. O ministério de Assuntos Econômicos holandês alegou ter encontrado “sinais recentes e agudos de graves deficiências e ações de governança” dentro da Nexperia para tomar a medida “altamente excepcional”.
“Esses sinais representavam uma ameaça à continuidade e salvaguarda em solo holandês e europeu de conhecimento e capacidades tecnológicas cruciais. Perder essas capacidades poderia representar um risco para a segurança econômica holandesa e europeia”, diz o comunicado.

Em reação, o governo chinês suspendeu a exportação de semicondutores produzidos na fábrica localizada na China, e as montadoras brasileiras foram informadas de que a produção dos chips poderia ser interrompida em até três semanas.
A Nexperia é a única fornecedora de semicondutores usados pelas fabricantes de automóveis no Brasil. Cada veículo demanda, em média, de 1 mil a 3 mil chips para o processamento de diversos sistemas, como controle de motor, sensores, airbags, freios ABS e injeção eletrônica, por exemplo.