Para indústria automotiva não ficar sem chips, Brasil pode ter ajuda da China

Embaixador chinês garantiu “canais de diálogo” com montadoras para evitar desabastecimento de semicondutores no país
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 03/11/2025 05h39
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Possível escassez de chips veio à tona com a intervenção do governo holandês na Nexperia (Imagem: Andrew Angelov/Shutterstock)
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Empresas brasileiras poderão ter prioridade na exportação de chips pela China para evitar desabastecimento na linha de produção de carros flex no Brasil. O embaixador da China no país, Zhu Quingqiao, garantiu ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin que vai abrir canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro.

Na última terça-feira (28), Alckmin se reuniu com Anfavea, Sindipeças, Abipeças e representantes dos trabalhadores, que pediram o apoio do governo brasileiro, junto ao governo chinês, para que o Brasil não seja prejudicado pelas disputas internacionais em torno da fabricação de semicondutores, envolvendo China e EUA.

“Trata-se de uma excelente notícia”, comemorou Alckmin. “A cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e tem impacto direto em outros setores, como siderúrgico, químico, plástico e borracha. Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que a indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”.

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Alckmin se reuniu com embaixador chinês após alerta de entidades automotivas (Imagem: MDIC/Divulgação)

Anfavea comemora

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores agradeceu a intervenção do vice-presidente Alckmin “antes de o pior cenário se concretizar, que é o de paralisação de fábricas no país”.

“Vamos acompanhar os desdobramentos nos próximos dias e dar suporte às empresas da cadeia de suprimentos para que possam restabelecer as compras dos semicondutores o mais rápido possível e normalizar o envio de peças às fabricantes”, diz a nota enviada ao jornal O Estado de São Paulo.

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Presidente da Anfavea, Igor Calvet, agradeceu a intervenção do governo brasileiro (Imagem: MDIC/Divulgação)

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Relembre a crise

A questão da possível escassez de chips veio à tona com a intervenção do governo holandês na Nexperia, subsidiária da fabricante de semicondutores chinesa Wingtech, que opera na Holanda e detém 40% do mercado mundial de chips essenciais para carros flex.

Haia invocou a Lei de Disponibilidade de Bens, que permite a intervenção em empresas privadas para garantir a disponibilidade de bens críticos em situações de emergência. O ministério de Assuntos Econômicos holandês alegou ter encontrado “sinais recentes e agudos de graves deficiências e ações de governança” dentro da Nexperia para tomar a medida “altamente excepcional”.

“Esses sinais representavam uma ameaça à continuidade e salvaguarda em solo holandês e europeu de conhecimento e capacidades tecnológicas cruciais. Perder essas capacidades poderia representar um risco para a segurança econômica holandesa e europeia”, diz o comunicado.

Nexperia é a única fornecedora de semicondutores usados pelas fabricantes de automóveis no Brasil (Imagem: T. Schneider/Shutterstock)

Em reação, o governo chinês suspendeu a exportação de semicondutores produzidos na fábrica localizada na China, e as montadoras brasileiras foram informadas de que a produção dos chips poderia ser interrompida em até três semanas.

A Nexperia é a única fornecedora de semicondutores usados pelas fabricantes de automóveis no Brasil. Cada veículo demanda, em média, de 1 mil a 3 mil chips para o processamento de diversos sistemas, como controle de motor, sensores, airbags, freios ABS e injeção eletrônica, por exemplo.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.