Estação Espacial Internacional vai parar em “cemitério” no Pacífico 

Quando for desativada pela NASA e as agências parceiras, em 2030, a Estação Espacial Internacional será "sepultada" pela SpaceX no oceano
Flavia Correia03/11/2025 11h02
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Representação artística elaborada com Inteligência Artificial mostra a Estação Espacial Internacional (ISS) caindo no Oceano Pacífico. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital
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No último domingo (2), a Estação Espacial Internacional (ISS) completou 25 anos de ocupação humana contínua. E esse capítulo emocionante da história da exploração do espaço está chegando ao fim – a NASA já definiu o destino da estrutura: o “cemitério das espaçonaves”, uma área remota do oceano Pacífico chamada Ponto Nemo, onde equipamentos orbitais desativados são derrubados de forma controlada.

Em resumo:

  • A ISS acaba de completar 25 anos de ocupação humana contínua no espaço;
  • A NASA estabeleceu que o destino da estação será o remoto Ponto Nemo, área remota no Oceano Pacífico;
  • Em 2030, uma cápsula Dragon, da SpaceX, conduzirá a reentrada controlada da ISS na atmosfera;
  • Fragmentos da estação cairão no oceano, encerrando três décadas de operação em órbita.
Representação artística elaborada com Inteligência Artificial mostra a Estação Espacial Internacional (ISS) caindo no oceano. Imagem meramente ilustrativa, já que a estrutura não chegará inteira na água, com a maior parte desintegrando durante a reentrada. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Construída entre 1998 e 2011, a ISS é considerada uma das maiores realizações tecnológicas da humanidade. O projeto reúne cinco agências espaciais – dos Estados Unidos, Rússia, Japão, Canadá e Europa – e se tornou o maior laboratório científico já colocado em órbita. Desde então, segundo a NASA, 290 pessoas de 26 países já viveram e trabalharam ali, conduzindo experimentos nas mais variadas áreas, como medicina, física e biologia.

O tempo de uso e a quantidade de astronautas enviados por cada país são definidos conforme a contribuição de recursos e equipamentos. Os Estados Unidos, por exemplo, já enviaram 170 astronautas, enquanto a Rússia lançou 64. Essa divisão reflete a parceria internacional que permitiu montar, peça por peça, a gigantesca estrutura em órbita.

Estação Espacial Internacional fotografada em novembro de 2021 por uma espaçonave da SpaceX
Estação Espacial Internacional fotografada em novembro de 2021 de dentro de uma espaçonave da SpaceX. Crédito: NASA/SpaceX

Como a NASA pretende derrubar a Estação Espacial Internacional

Para encerrar a missão, a NASA pretende usar uma versão adaptada da cápsula Dragon, da SpaceX, capaz de conduzir a ISS a uma reentrada controlada na atmosfera. O objetivo é garantir que a maior parte da estrutura queime antes de atingir o mar. O Ponto Nemo, local escolhido, fica a cerca de 2.700 km da terra habitada mais próxima, o que o torna o lugar ideal para operações desse tipo.

A região é tão remota que praticamente não há risco de detritos atingirem pessoas ou embarcações. Por isso, o Ponto Nemo ganhou o apelido de “cemitério das espaçonaves” – último lar de satélites, sondas e antigas estações que encerraram suas missões. Ao longo das últimas décadas, centenas de estruturas já foram “sepultadas” ali.

De acordo com o plano de transição traçado, durante a reentrada, prevista para 2030, a ISS deve se desintegrar em etapas. Primeiro, painéis solares e radiadores vão se soltar. Depois, os módulos principais se fragmentam em pedaços menores. A maioria dos componentes deve queimar completamente devido ao calor intenso, mas partes mais densas, como seções metálicas da estação, podem resistir e cair no oceano.

Uma espaçonave Dragon, da SpaceX, acoplada à ISS – veículo semelhante adaptado será usado para desorbitar a estação em 2030. Crédito: NASA/Reprodução

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ISS será o maior objeto “sepultado” no Pacífico

Segundo o site Space.com, essas previsões seguem o que já aconteceu com outras estações espaciais. Em 2001, a Rússia direcionou a estação Mir ao mesmo ponto no Pacífico. Já em 1979, a NASA tentou fazer o mesmo com a Skylab, mas parte dos destroços acabou caindo na Austrália, rendendo à agência uma multa simbólica de US$400 (o que seria hoje pouco mais de R$2.400) por descarte indevido de lixo espacial.

Com cerca de 460 toneladas e o tamanho de um campo de futebol, a ISS será o maior objeto já conduzido até o cemitério das espaçonaves. A queda da estrutura marcará o fim de uma era de cooperação científica em órbita – e abrirá caminho para o início de uma nova geração de estações espaciais comerciais nos próximos anos.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.