A ascensão do aplicativo Sora, desenvolvido pela OpenAI, está gerando discussões intensas sobre os riscos de vídeos hiper-realistas criados por inteligência artificial.
Com cenas que variam de situações absurdas a recriações fotorrealistas de figuras famosas (incluindo celebridades vivas e falecidas), a plataforma alcançou mais de 1 milhão de downloads menos de uma semana após seu lançamento em 30 de setembro.
Segundo informações do TechXplore, o Sora atingiu o topo da App Store nos Estados Unidos e, por enquanto, está disponível apenas para usuários de iOS no país, com acesso exclusivo mediante convite.
Ao navegar pelo Sora, usuários encontram um fluxo contínuo de vídeos que misturam fantasia, realismo extremo e humor surreal. Figuras icônicas como Michael Jackson, Tupac Shakur e até o alienígena do filme “Predador” aparecem em cenas improváveis, como apresentações de stand-up ou trabalhando em restaurantes fast-food.
Todo o conteúdo publicado no Sora é gerado por IA, sem espaço para vídeos reais. Ainda assim, os materiais produzidos já se espalham amplamente pelas redes sociais.

A tecnologia do Sora e seus riscos para a confiança digital
Os vídeos hiper-realistas do Sora levantam alertas sobre o impacto da IA na autenticidade do conteúdo online. Segundo especialistas, a ferramenta pode intensificar crises de confiança digital, tornando mais difícil identificar o que é verdadeiro ou falso.
Sam Gregory, diretor da organização de direitos humanos WITNESS, afirmou que o aplicativo pode criar uma “névoa de dúvida” capaz de corroer a confiança pública em conteúdos visuais.
Para usar o Sora, o usuário deve escanear o rosto e gravar sua voz, lendo três números exibidos na tela. O sistema, então, gera vídeos de até 10 segundos com áudio, falas realistas e cenários complexos. Um recurso chamado “Cameos” permite inserir o próprio rosto (ou o de outra pessoa) em qualquer vídeo existente. Embora o Sora exiba marcas d’água, já existem sites que removem esses sinais de identificação.
Entre as polêmicas, destaca-se o uso indevido de figuras públicas, incluindo artistas, líderes civis e personagens de grandes franquias. Inicialmente, o Sora permitia recriações com direitos autorais por padrão, mas após pressão de estúdios, sindicatos de Hollywood e familiares de celebridades, a OpenAI ajustou a política, passando a exigir permissão explícita (“opt-in”).

Celebridades, direitos autorais e controle de imagem
Casos envolvendo recreações de personalidades como Robin Williams, Martin Luther King Jr., Mister Rogers, Stephen Hawking e Kobe Bryant geraram reações públicas e pedidos formais para barrar uso de imagem no Sora.
A filha de Robin Williams criticou duramente os vídeos, enquanto a família de Mister Rogers solicitou a proibição do rosto e voz do apresentador na plataforma. A OpenAI afirmou estar implementando controles para proteger identidades e permitir que herdeiros bloqueiem uso.
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Paralelamente, a startup Loti AI relatou aumento de 30 vezes nas buscas por ferramentas para rastrear e derrubar falsificações digitais após o lançamento do Sora. A empresa diz ter removido milhares de conteúdos desde janeiro.

Pontos-chave sobre o Sora
- IA gera vídeos hiper-realistas com áudio e diálogos.
- Mais de 1 milhão de downloads na primeira semana.
- Uso exclusivo para iOS nos EUA e acesso por convite.
- Função “Cameos” insere rostos reais em cenas geradas.
- Polêmicas com celebridades, direitos autorais e deepfakes.
Com crescente atenção pública e regulações emergentes, o Sora simboliza o potencial e os riscos da era da criação audiovisual por IA. Especialistas alertam que, além de facilitar fraudes, o excesso de conteúdo falso pode permitir que autoridades e pessoas públicas desacreditem provas reais, alegando serem “coisa da IA”. Enquanto isso, defensores veem na ferramenta o início de uma nova fase criativa, com experiências personalizadas e formatos inéditos de “fanfiction interativa”.