Alphabet busca bilhões na Europa em nova rodada de investimentos em IA

Emissão de títulos faz parte da estratégia da Alphabet de reforçar investimentos em IA após registrar receita recorde no último trimestre
Pedro Spadoni03/11/2025 11h47
Celular com logotipo do Google na tela colocado na frente de uma tela exibindo letreiro escrito Alphabet
Otimismo do mercado com a IA ajudou, assim como o julgamento favorável à big tech (Imagem: IgorGolovniov/Shutterstock)
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A Alphabet vai emitir pelo menos três bilhões de euros (cerca de R$ 18 bilhões) em títulos na Europa para financiar sua expansão em inteligência artificial (IA) e infraestrutura de nuvem. O movimento marca a segunda captação da empresa dona do Google no mercado europeu em 2025, em meio a uma corrida bilionária entre as big techs por investimentos em IA.

A oferta será dividida em seis partes, com prazos que variam de três a 39 anos, voltadas a diferentes perfis de investidores. A operação deve reforçar o caixa da empresa num momento de gastos recordes e crescimento acelerado do Google Cloud. 

O movimento vem poucos dias depois de a Alphabet divulgar sua primeira receita trimestral acima de US$ 100 bilhões (R$ 536 bilhões), resultado impulsionado justamente pela demanda por serviços corporativos de IA.

Alphabet (mais uma vez) busca bilhões de euros na Europa para financiar expansão em IA

A nova emissão de títulos marca a segunda vez em 2025 que a Alphabet recorre ao mercado europeu. Em abril, a controladora do Google já havia levantado 6,75 bilhões de euros (R$ 42 bilhões) para diversificar suas fontes de financiamento. 

Celular com logomarca da Alphabet na tela colocado na frente de monitor exibindo foto do CEO do Google, Sundar Pichai, na frente de letreiro da empresa
Segunda emissão de títulos da Alphabet na Europa sinaliza que a companhia quer reduzir a dependência do mercado norte-americano (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)

Agora, a empresa volta a captar recursos para bancar investimentos recordes em infraestrutura de IA e nuvem, em linha com a estratégia de ampliar sua presença global nesse setor. 

O movimento acompanha uma tendência entre as grandes companhias de tecnologia. A Meta, por exemplo, também lançou uma oferta bilionária de títulos para sustentar seus gastos com IA.

A emissão de títulos na Europa

A segunda emissão de títulos da Alphabet na Europa neste ano é um sinal de que a companhia quer diversificar suas fontes de financiamento e reduzir a dependência do mercado norte-americano.

De acordo com a Bloomberg, a captação será coordenada pelos bancos Goldman Sachs, HSBC e JPMorgan, com a participação de BNP Paribas, Crédit Agricole CIB e Deutsche Bank

A empresa tem nota de crédito Aa2/AA+, o que reforça a confiança dos investidores e tende a manter as taxas de juros em patamares atrativos. 

Logos de Google e Alphabet
Dinheiro arrecadado será destinado a fins corporativos gerais, mas a Alphabet indicou que o foco está nos gastos bilionários com IA (Imagem: Markus Mainka/Shutterstock)

A expectativa é que os papéis de curto prazo sejam vendidos com rendimento em torno de 0,6% acima da taxa básica de juros, enquanto os títulos mais longos fiquem próximos de 1,9%.

O dinheiro arrecadado será destinado a fins corporativos gerais, mas a própria Alphabet indicou que o foco está nos gastos bilionários com IA

A companhia projeta investimentos entre US$ 91 bilhões (R$ 488 bilhões) e US$ 93 bilhões (R$ 498) em 2025 (o maior valor já registrado pela empresa), com prioridade para data centers e infraestrutura voltada a modelos generativos de IA. 

A receita com produtos baseados em IA cresceu mais de 200% em um ano, reflexo direto do avanço do Gemini e de soluções integradas ao Google Cloud.

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Um trimestre histórico para a Alphabet

A nova emissão de títulos acontece logo após um trimestre histórico para a Alphabet. A empresa superou as projeções de mercado ao registrar US$ 102,35 bilhões em receita (R$ 549 bilhões), a primeira vez que ultrapassa a marca dos US$ 100 bilhões num único trimestre. 

O lucro líquido chegou a US$ 34,97 bilhões (R$ 187 bilhões), alta de quase 33% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado principalmente pelo crescimento de 34% do Google Cloud, que faturou US$ 15,15 bilhões (R$ 81 bilhões). E pelo bom desempenho das plataformas de anúncios, incluindo o YouTube, cuja receita atingiu US$ 10,26 bilhões (R$ 55 bilhões).

Ao fundo, gráfico financeiro; à frente, logo da Alphabet em um smartphone
A Alphabet ultrapassou a marca dos US$ 100 bilhões num único trimestre pela primeira vez (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)

O desempenho reflete a força da Alphabet em seus principais negócios, mas também os custos crescentes de sua transformação tecnológica. 

A além dos investimentos bilionários em data centers e IA, a empresa enfrenta pressões regulatórias na Europa – como a multa antitruste de US$ 3,45 bilhões (R$ 18 bilhões) aplicada pela União Europeia por práticas publicitárias. 

Mesmo assim, a empresa continua a ampliar sua vantagem no setor de nuvem. O Google Cloud mantém uma carteira de contratos futuros (backlog) de US$ 155 bilhões (R$ 831 bilhões), segundo o CEO Sundar Pichai – valor que representa receitas já garantidas por serviços que ainda serão prestados nos próximos anos.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.