A Alphabet vai emitir pelo menos três bilhões de euros (cerca de R$ 18 bilhões) em títulos na Europa para financiar sua expansão em inteligência artificial (IA) e infraestrutura de nuvem. O movimento marca a segunda captação da empresa dona do Google no mercado europeu em 2025, em meio a uma corrida bilionária entre as big techs por investimentos em IA.
A oferta será dividida em seis partes, com prazos que variam de três a 39 anos, voltadas a diferentes perfis de investidores. A operação deve reforçar o caixa da empresa num momento de gastos recordes e crescimento acelerado do Google Cloud.
O movimento vem poucos dias depois de a Alphabet divulgar sua primeira receita trimestral acima de US$ 100 bilhões (R$ 536 bilhões), resultado impulsionado justamente pela demanda por serviços corporativos de IA.
Alphabet (mais uma vez) busca bilhões de euros na Europa para financiar expansão em IA
A nova emissão de títulos marca a segunda vez em 2025 que a Alphabet recorre ao mercado europeu. Em abril, a controladora do Google já havia levantado 6,75 bilhões de euros (R$ 42 bilhões) para diversificar suas fontes de financiamento.

Agora, a empresa volta a captar recursos para bancar investimentos recordes em infraestrutura de IA e nuvem, em linha com a estratégia de ampliar sua presença global nesse setor.
O movimento acompanha uma tendência entre as grandes companhias de tecnologia. A Meta, por exemplo, também lançou uma oferta bilionária de títulos para sustentar seus gastos com IA.
A emissão de títulos na Europa
A segunda emissão de títulos da Alphabet na Europa neste ano é um sinal de que a companhia quer diversificar suas fontes de financiamento e reduzir a dependência do mercado norte-americano.
De acordo com a Bloomberg, a captação será coordenada pelos bancos Goldman Sachs, HSBC e JPMorgan, com a participação de BNP Paribas, Crédit Agricole CIB e Deutsche Bank.
A empresa tem nota de crédito Aa2/AA+, o que reforça a confiança dos investidores e tende a manter as taxas de juros em patamares atrativos.

A expectativa é que os papéis de curto prazo sejam vendidos com rendimento em torno de 0,6% acima da taxa básica de juros, enquanto os títulos mais longos fiquem próximos de 1,9%.
O dinheiro arrecadado será destinado a fins corporativos gerais, mas a própria Alphabet indicou que o foco está nos gastos bilionários com IA.
A companhia projeta investimentos entre US$ 91 bilhões (R$ 488 bilhões) e US$ 93 bilhões (R$ 498) em 2025 (o maior valor já registrado pela empresa), com prioridade para data centers e infraestrutura voltada a modelos generativos de IA.
A receita com produtos baseados em IA cresceu mais de 200% em um ano, reflexo direto do avanço do Gemini e de soluções integradas ao Google Cloud.
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Um trimestre histórico para a Alphabet
A nova emissão de títulos acontece logo após um trimestre histórico para a Alphabet. A empresa superou as projeções de mercado ao registrar US$ 102,35 bilhões em receita (R$ 549 bilhões), a primeira vez que ultrapassa a marca dos US$ 100 bilhões num único trimestre.
O lucro líquido chegou a US$ 34,97 bilhões (R$ 187 bilhões), alta de quase 33% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado principalmente pelo crescimento de 34% do Google Cloud, que faturou US$ 15,15 bilhões (R$ 81 bilhões). E pelo bom desempenho das plataformas de anúncios, incluindo o YouTube, cuja receita atingiu US$ 10,26 bilhões (R$ 55 bilhões).

O desempenho reflete a força da Alphabet em seus principais negócios, mas também os custos crescentes de sua transformação tecnológica.
A além dos investimentos bilionários em data centers e IA, a empresa enfrenta pressões regulatórias na Europa – como a multa antitruste de US$ 3,45 bilhões (R$ 18 bilhões) aplicada pela União Europeia por práticas publicitárias.
Mesmo assim, a empresa continua a ampliar sua vantagem no setor de nuvem. O Google Cloud mantém uma carteira de contratos futuros (backlog) de US$ 155 bilhões (R$ 831 bilhões), segundo o CEO Sundar Pichai – valor que representa receitas já garantidas por serviços que ainda serão prestados nos próximos anos.