Buraco negro supermassivo a 10 bilhões de anos-luz produz maior erupção já registrada

Evento em que buraco negro desfez estrela com massa 30 vezes maior que a do Sol, liberou energia equivalente a 10 trilhões de estrelas como a nossa
Lucas Soares04/11/2025 10h59, atualizada em 05/11/2025 21h31
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Um buraco negro supermassivo no centro da galáxia J2245+3743, localizada a 10 bilhões de anos-luz da Terra, produziu uma erupção de dimensões colossais. O fenômeno detectado pelo Zwicky Transient Facility (ZTF) representa a maior emissão desse tipo já documentada (e também a mais distante).

O evento ocorreu quando uma estrela com massa equivalente a 30 vezes a do Sol se aproximou do buraco negro, que possui massa 500 milhões de vezes maior que a solar. A força gravitacional desintegrou a estrela em um processo classificado como evento de ruptura de maré.

“Este objeto é diferente de qualquer AGN que já vimos”, disse Matthew Graham, líder da equipe no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e cientista do ZTF, em um comunicado. “A energética mostra que este objeto está muito distante e é muito brilhante.”

buraco negro supermassivo
(Imagem: ClaudioVentrella/iStock)

Tempo passa de forma diferente por lá

A observação foi possibilitada pela dilatação temporal causada pela gravidade do buraco negro. “Sete anos na Terra correspondem a dois anos nessa região do espaço”, explicou Graham. “O evento se desenrola a um quarto da velocidade normal.”

A erupção foi registrada em 2018, mas sua magnitude foi determinada em 2023 com dados do Observatório WM Keck. Os pesquisadores descartaram outras origens, como supernovas, confirmando tratar-se de um evento de ruptura de maré.

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“Supernovas não têm brilho suficiente para explicar este fenômeno”, disse KE Saavik Ford, pesquisadora da Universidade da Cidade de Nova York. “Estrelas nestes ambientes podem acumular massa adicional do disco de acreção ao redor do buraco negro.”

Representação artística de um buraco negro gigante no centro de uma galáxia anã. Crédito: Imagem gerada por IA/Gemini

A descoberta sugere que eventos similares podem ser mais comuns no universo do que se imaginava, embora sua detecção seja particularmente desafiadora em núcleos galácticos ativos. A equipe continuará buscando fenômenos comparáveis nos dados do ZTF, enquanto aguarda com expectativa as observações do futuro Observatório Vera C. Rubin, que promete revolucionar o estudo de eventos transitórios no cosmos.

A pesquisa, publicada na revista Nature Astronomy, representa um marco na compreensão da dinâmica entre buracos negros supermassivos e suas estrelas vizinhas, abrindo novas perspectivas para o estudo dos ambientes mais extremos do universo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.