Mais um sinal claro das mudanças climáticas foi identificado na Antártida. Cientistas da Universidade do Colorado Boulder, nos Estados Unidos, afirmam que uma geleira diminuiu consideravelmente de tamanho em apenas dois meses.
Esse processo de degelo teria acontecido em um ritmo quase dez vezes mais rápido do que o já registrado em outras geleiras presas ao solo. A descoberta foi descrita em estudo publicado na revista Nature Geoscience.

Planície de gelo pode explicar o fenômeno
- Segundo os pesquisadores, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a geleira Hektoria, localizada na Península Antártica Oriental, perdeu 8 quilômetros de gelo.
 - A equipe ainda aponta para uma explicação inédita.
 - A presença de uma “planície de gelo”, uma área de base rochosa plana sob a geleira, teria permitido que ela flutuasse de forma repentina, levando a um colapso em cadeia.
 - Eles explicam que essa planície funciona como uma espécie de “piso instável”.
 - Quando o gelo se torna mais fino, ele perde parte do contato com o solo e começa a boiar sobre a água do mar.
 - Todo esse processo reduz o atrito e enfraquece a sua estrutura.
 - Com o bloco de gelo se movendo com mais facilidade, ele acaba se fragmentando em grandes pedaços.
 - O resultado é o colapso da geleira.
 
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Colapso da geleira aumentou o nível do mar
O estudo aponta que o recuo da Hektoria começou após o rompimento do gelo marinho que estabilizava a geleira havia uma década. Com a perda desse suporte, o gelo começou a se fragmentar, acelerando o derretimento e a movimentação do fluxo glacial.
O pico dessa retração ocorreu em novembro e dezembro de 2022, quando o front da geleira recuou 0,8 km por dia, o equivalente a uma perda diária de 40 km² de gelo. Os cientistas ainda registraram uma série de pequenas ondas sísmicas geradas pelo desprendimento de blocos de gelo.

De acordo com os pesquisadores, esse fenômeno confirma que gelo ainda estava preso ao leito rochoso, o que significa que a perda contribuiu diretamente para o aumento do nível do mar. Eles ainda explicam que, em uma geleira maior, esse processo poderia desencadear um evento catastrófico.
O recuo da Hektoria é um choque. Esse tipo de colapso em velocidade relâmpago muda o que acreditávamos ser possível. Se as mesmas condições se repetirem em geleiras maiores, isso pode acelerar dramaticamente a elevação do nível do mar.
Ted Scambos, coautor do estudo