A Antártida é 98% coberta por gelo, mas uma pergunta costuma ser frequente entre as pessoas: o que há abaixo do gelo nesta região? Apesar de ainda existir uma grande quantidade de gelo além do que já está na superfície, o fundo deste local revela algumas coisas muito interessantes.
Apesar de o solo da Antártida ser extremamente frio, abaixo dele há água líquida
Em 2012, o agora professor emérito da Cátedra de Regentes do Departamento de Recursos Terrestres e Ciências Ambientais da Universidade Estadual de Montana, e ex-cientista sênior do Grupo de Pesquisa dos Oceanos Polares, John Priscu, concedeu uma entrevista ao The Guardian, trazendo informações sobre descobertas científicas relacionadas ao que há abaixo da superfície.
“A superfície da Antártida é bastante inóspita. Vemos muito pouca ou nenhuma vida na superfície – é muito seca, muito fria”, afirmou Priscu, que também ressaltou: “quando se chega ao fundo, é mais quente. Há água líquida, é um ambiente muito mais ameno lá embaixo”.
De fato, existem centenas de lagos abaixo do gelo da Antártida. Muitos deles, inclusive, são muito grandes e rivalizam com enormes lagos da América do Norte.
Lago Vostok, o 16º maior do mundo em área
Como destacado no conteúdo do The Guardian, cientistas russos confirmaram que realizaram uma perfuração que ultrapassou os 3,7 quilômetros de gelo até chegar ao Lago Vastok. Esse corpo d’água possui 16.000 km² e permaneceu isolado por cerca de 15 milhões de anos antes de ser descoberto.
Mas por que existe água abaixo de tanto gelo? Em 1999, o glaciologista e cientista polar, Martin Siegert., atualmente Vice-Reitor Adjunto da Universidade de Exeter, afirmou, em um artigo na revista American Scientist, que o motivo está ligado ao fato de que “a base do gelo, neste local, absorve calor suficiente do interior da Terra para impedir que o lago congele”.
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A presença de vida abaixo do gelo da Antártida
A descoberta de haver lagos abaixo do gelo da Antártida é muito interessante, mas ela traz uma possibilidade ainda mais incrível. Por ter ficado tanto tempo isolado do mundo, existem grandes chances de que haja formas de vida desconhecidas lá embaixo.
Saiba que essa probabilidade não é apenas uma simples especulação, pois os cientistas russos que exploraram Vostok em 2012 conseguiram coletar amostras de água do local e analisaram com o objetivo de encontrar sinais de vida. Dessa forma, constataram que o lago provavelmente é o lar de bactérias extremófilas e, possivelmente, moluscos, fungos e crustáceos.
Em depoimento à revista New Scientist em 2013, Scott Rogers, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Bowling Green State University, em Ohio, exaltou a descoberta feita por ele e sua equipe, dizendo que o achado foi muito maior do que qualquer um imaginava.
O professor também disse que “isso realmente demonstra a tenacidade da vida e como os organismos podem sobreviver em lugares onde, há algumas décadas, pensávamos que nada poderia sobreviver.”
Esse tipo de descoberta é muito importante, pois pode revelar informações relevantes sobre a história do planeta Terra, a existência de seres vivos anteriores aos humanos e até mesmo indícios de vida em outras circunstâncias.
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