O Internet Archive conquistou um marco histórico em outubro: a organização atingiu a marca de 1 trilhão de páginas da web arquivadas, consolidando seu papel como uma das iniciativas mais relevantes para a preservação digital no mundo. O feito foi celebrado pelo fundador Brewster Kahle com a frase “Sobrevivemos”, em referência às batalhas judiciais que quase comprometeram o futuro do projeto.
A importância do trabalho também recebeu reconhecimento oficial. A Câmara Municipal de São Francisco declarou 22 de outubro de 2025 como o Dia do Internet Archive, e o senador americano Alex Padilla designou a organização como uma biblioteca depositária federal, destacando o papel fundamental da plataforma na democratização do acesso à informação pública.
Três décadas preservando a história da internet
Fundado em 1996, o Internet Archive atua como uma organização sem fins lucrativos dedicada a criar uma biblioteca digital permanente. Sua missão é garantir acesso gratuito a conteúdos históricos, acadêmicos e culturais, servindo pesquisadores, jornalistas, estudantes e o público geral.
A iniciativa ganhou projeção global graças à ferramenta Wayback Machine, que permite acessar versões antigas de sites e acompanhar a evolução de páginas ao longo dos anos.

Além das páginas arquivadas, o acervo atual da plataforma impressiona pelo volume de mídia digital disponível:
- 49 milhões de livros e textos
- 13 milhões de gravações de áudio
- 10 milhões de vídeos
- 5 milhões de imagens
- 1 milhão de programas de software
O projeto, que hoje é um dos pilares da memória digital mundial, continua com planos de expansão mesmo após enfrentar um período de instabilidade jurídica.
Disputas com editoras e gravadoras ameaçaram o projeto
Apesar do impacto cultural e educacional positivo, o Internet Archive passou por disputas judiciais que quase levaram seu trabalho à interrupção. A mais significativa delas começou em 2020, quando grandes editoras internacionais — Hachette, HarperCollins, Penguin Random House e Wiley — moveram uma ação contra a plataforma.
O processo teve como alvo o projeto Open Library, responsável por empréstimos digitais de livros. Durante a pandemia, o limite de empréstimos simultâneos foi suspenso para ampliar o acesso a obras, mas a decisão levou as editoras a contestarem o modelo.
Em 2024, o Internet Archive teve seu último recurso negado, resultando na remoção de mais de 500 mil livros da plataforma e em um acordo financeiro confidencial.
Outra disputa relevante ocorreu com gravadoras como UMG, Capitol Records e Sony Music, que contestaram o Great 78 Project, dedicado à digitalização de gravações antigas em discos de goma-laca. As indenizações pedidas chegavam a US$ 700 milhões, mas um acordo pôs fim ao processo, evitando colapso financeiro da organização.

Próximos passos
Além de manter e ampliar seu banco digital, o Internet Archive trabalha no projeto Biblioteca da Democracia, que reunirá publicações governamentais de diferentes países em uma plataforma gratuita e aberta. A iniciativa contará com integração direta a artigos da Wikipédia, facilitando o acesso a documentos públicos.
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Também há esforços para preservar materiais físicos, reforçando a missão original da entidade: garantir acesso universal ao conhecimento humano e preservar a memória digital para as próximas gerações.