A Alphabet vem adotando uma nova estratégia para levar seus projetos mais ambiciosos ao mercado. Em vez de manter iniciativas inovadoras dentro da empresa, a divisão X – conhecida como “fábrica de moonshots” – está ampliando o modelo de transformar essas ideias em companhias independentes.
A mudança foi detalhada por Astro Teller, líder do laboratório X, durante o TechCrunch Disrupt. As informações são do portal TechCrunch.
A proposta reforça a aposta da Alphabet em inovação radical, ao mesmo tempo que busca acelerar o ritmo de desenvolvimento e reduzir limitações estruturais. Para isso, a empresa conta com um fundo dedicado, o Series X Capital, criado exclusivamente para investir em spinouts originadas no X – ou seja, projetos que deixam de ser internos e se tornam empresas independentes.
Ou seja: a Alphabet quer dar mais autonomia a seus projetos futuristas. Em vez de mantê-los dentro da empresa por anos, a ideia agora é transformá-los em negócios independentes, com investimento próprio e liberdade para crescer como startups.
Alphabet e mudança no modelo de inovação
Segundo Teller, a Alphabet é apenas uma investidora minoritária no fundo, o que evita o retorno de projetos para dentro da corporação. O Series X Capital já levantou mais de US$ 500 milhões e é comandado por Gideon Yu, ex-executivo do YouTube e ex-CFO do Facebook.
Diferentemente de outros braços de investimento do grupo (como GV, CapitalG e Gradient Ventures), o Series X Capital investe apenas em empresas que saem do X. Isso formaliza uma nova etapa na evolução da estratégia da Alphabet, que já havia transformado iniciativas como Waymo e Wing em subsidiárias independentes.

A visão do X afirma que alguns projetos se beneficiam da estrutura da Alphabet, mas outros “podem ir mais rápido e não ganham tanto por estarem dentro da empresa, porque são muito diferentes”. Dessa forma, o modelo visa manter proximidade estratégica sem controle direto.
Como funciona o processo dentro do X
O laboratório X adota o conceito de “honestidade intelectual”, incentivando até mesmo a eliminação rápida de ideias promissoras. Para ser considerado um moonshot, o projeto precisa:
- atacar um grande problema global;
 - apresentar uma solução que possa eliminá-lo;
 - usar tecnologia disruptiva com real potencial de execução.
 
Durante a fase inicial, o X busca conscientemente motivos para encerrar projetos, priorizando testes rápidos e de baixo custo. A taxa de sucesso é pequena (cerca de 2%) e essa baixa taxa é vista como parte essencial do processo, permitindo concentrar recursos no que realmente pode crescer.
Teller também destacou que o laboratório evita associar ideias a seus criadores para garantir decisões objetivas. A falta de vínculo emocional facilita encerrar projetos que não “puxam a média para cima”.
Incentivos e spinouts recentes
O novo modelo resolve um desafio recorrente: encontrar investidores dispostos a assumir mais de 51% de novos negócios para que eles pudessem sair da Alphabet. Agora, com o fundo dedicado, o processo é mais ágil, mantendo a empresa-mãe próxima sem a carregar com estruturas adicionais.

Para os funcionários, a proposta combina segurança e oportunidade: eles seguem remunerados como empregados da Google, sem risco financeiro no início, mas recebem participação quando o projeto vira empresa – similar ao que teriam se tivessem começado na garagem, segundo Teller.
Entre os spinouts recentes estão Taara (comunicação óptica sem fio) e Heritable Agriculture (biotecnologia aplicada à agricultura). Outras iniciativas que receberam investimentos no passado incluem Malta (armazenamento de energia renovável), Dandelion (aquecimento geotérmico) e iyO (fones de ouvido com IA).
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O mais recente anúncio foi a Anori, plataforma de IA para apoiar construtoras, arquitetos e cidades na gestão de projetos urbanos. Teller destacou que o ambiente construído representa cerca de 25% dos resíduos sólidos globais e das emissões de CO₂, além de ser um elemento essencial do cotidiano humano e da economia mundial.